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Dia a dia

Dúvidas e certezas sobre a nova cepa vinda do Amazonas

A confirmação de casos de infectados com a mutação em outros estados acendeu o alerta do governo do Estado

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Ethel Maciel. Foto: Divulgação

Epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Foto: Divulgação

Era questão de tempo para a nova variante do coronavírus encontrada em Manaus, no Amazonas, possivelmente mais perigosa, se espalhar para o Brasil. A cepa é mais transmissível que a versão anterior do vírus, o que faz aumentar o número de casos e internações pela doença. E também pode ser mais letal. Há ao menos uma boa notícia: estudos apontam que ela não afeta a eficácia das vacinas já aprovadas.

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A confirmação de casos de infectados com a mutação em outros estados, acendeu o alerta do governo do Estado. Os profissionais da saúde que trabalharam no processo de remoção dos pacientes transferidos do Amazonas para o Hospital Estadual Jayme Santos Neves, na Serra, estão sendo testados para identificação de possível contaminação pela variante do novo coronavírus localizada no estado amazonense.

A epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), comenta que a maior preocupação gira em torno das pessoas que circulam livremente pelo país e podem ser transmissores dessa mutação. “Essas que vieram e sabemos que são de Manaus têm um controle de biossegurança maior ali. Os trabalhadores que atenderam essas pessoas devem ser testados, como o governo está fazendo. O pior são pessoas que chegaram de lá desde dezembro e nem sabemos quem são e não temos como rastrear”, explica.

Para a epidemiologista, a falta de um cerco sanitário efetivo após a identificação da mutação foi um agravante para permitir a transmissão mais rápida da variante. Nessa situação, a recomendação é formar um cerco sanitário com controle de entrada e saída da região onde foi descoberta a variante. Até o momento, a circulação entre os estados, até mesmo Manaus, não sofreu restrições, e isso permitiu que a nova cepa se espalhasse. Casos já foram identificados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

A preocupação dos especialistas é com o fato de a mutação ser mais transmissível que a versão anterior do vírus, o que faz com que mais pessoas sejam contaminadas, elevando a possibilidade de aumento nos casos graves e internações ao mesmo tempo. A variante é associada à alta de casos da covid-19 em Manaus, que levou ao colapso do sistema de saúde e do fornecimento de oxigênio hospitalar na cidade.

Segundo Ethel, as vacinas CoronaVac e da Oxford-AstraZeneca, que foram distribuídas para imunizar os brasileiros contra a covid-19, serão eficazes contra a variante do novo coronavírus encontrada no Amazonas. A dúvida sobre a eficácia das vacinas surgiu porque a nova linhagem apresentou duas importantes mutações simultâneas na proteína Spike, responsável por ligar o vírus às células humanas.

“As vacinas existentes ainda funcionam contra essa mutação. A modificação aconteceu na proteína ‘spike’. A variante de Manaus foi a que mais sofreu mutação, por isso preocupa mais, mas ainda não teve uma mudança na estrutura do vírus”, detalhou a epidemiologista.