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Como as cidades do ES podem enfrentar alagamentos e calor intenso?

Especialistas apontam soluções sustentáveis para reduzir impactos das chuvas e do calor, como áreas verdes, drenagem natural e urbanismo inteligente

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Chuva forte provoca alagamento em Marechal Floriano. Foto: Internauta

Chuva forte provoca alagamento em Marechal Floriano. Foto: Internauta

As cidades brasileiras enfrentam desafios crescentes com o aumento das temperaturas e das chuvas intensas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), o verão de 2025 deve registrar temperaturas acima da média e um volume de chuvas maior que o habitual, elevando os riscos de alagamentos e deslizamentos.

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Para especialistas, esses fenômenos climáticos estão cada vez mais frequentes e intensos, reflexo do crescimento desordenado das cidades e da falta de planejamento urbano adequado. O arquiteto e urbanista Tito Carvalho, ex-presidente e conselheiro vitalício do Instituto de Arquitetos do Brasil no Espírito Santo (IAB-ES), destaca que é necessário abandonar a ideia de que esses eventos climáticos são inesperados.

“Sabemos que essas intercorrências são inevitáveis e tendem a se intensificar. O que precisamos é mudar nossa postura e buscar soluções para mitigar os impactos. A transformação começa na forma como nos relacionamos com o ambiente urbano”, afirma.

Soluções baseadas na natureza

Uma das alternativas para reduzir os impactos do aquecimento urbano é integrar soluções ecológicas ao planejamento das cidades. De acordo com Carvalho, é fundamental resgatar a relação entre o meio urbano e a natureza.

“Diversas cidades ao redor do mundo adotam medidas como parques lineares e ‘áreas esponja’, que absorvem a água da chuva e liberam gradualmente para o sistema de drenagem. Essas soluções ajudam a mitigar enchentes e melhoram a qualidade de vida da população”, explica.

No Brasil, onde 87% da população vive em áreas urbanas, a falta de infraestrutura adequada agrava os impactos dos eventos climáticos. O crescimento acelerado das cidades, sem planejamento eficiente, resultou em regiões vulneráveis a alagamentos e ilhas de calor.

Infraestrutura e planejamento urbano

Para Carvalho, a construção de cidades sem considerar a sustentabilidade tem gerado problemas ambientais e sociais. Ele cita como exemplo a implantação de rodovias e vias expressas sem arborização adequada, o que intensifica o calor nas metópoles.

“O foco tem sido a expansão urbana, sem um olhar atento para o impacto ambiental. Ainda vemos soluções pontuais, como sistemas de bombeamento para drenagem de águas pluviais, que são ineficazes diante da magnitude dos desafios”, pontua.

Uma alternativa discutida no setor é a utilização de resíduos sólidos para geração de energia, o que pode ajudar a reduzir a emissão de poluentes e a formação de ilhas de calor. No entanto, Carvalho ressalta que o Brasil ainda utiliza apenas 0,1% desse potencial.

Mudanças necessárias

O arquiteto defende uma abordagem integrada entre setor público e privado para transformar as cidades. Entre as soluções apontadas estão:

  • Criação de parques e espaços verdes;
  • Implementação de ‘áreas esponja’ para drenagem de chuvas;
  • Recuperação de rios e áreas de várzea, evitando canalizações e ocupações desordenadas.

“O aquecimento urbano é resultado das escolhas feitas nas últimas décadas. Mas já existem soluções viáveis, que precisam ser aplicadas com responsabilidade e planejamento”, conclui Carvalho.

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