Dia a dia
Ciência: mulheres buscam igualdade no meio científico
Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência celebra a presença feminina nas pesquisas e luta pelos direitos igualitários

Mulheres trabalham mais e não são reconhecidas o suficiente. Foto: pressfoto/Freepik
O dia 11 de fevereiro é marcado pela comemoração do Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi instituída pela Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, com objetivo de chamar atenção para a desigualdade entre homens e mulheres no meio científico. A questão de gênero é um tema tão importante que está na agenda da Organização até 2030 para redução das desigualdades.
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Por mais conhecido que alguns nomes como Marie Curie sejam, a participação feminina na ciência é de apenas 30%, segundo dados apresentados pela UNESCO. O estabelecimento dessa data é uma forma de dar oportunidade de divulgação das pesquisas femininas além de ser uma maneira de chamar atenção pela falta mulheres na área.
A professora de química Sthefany Sena conta que as pessoas ainda carecem de uma alfabetização científica e que isso é importante para a sociedade no geral. “Embora haja muito menos reconhecimento, o prazer de fazer descobertas e comprovar teorias que você mesmo cria é muito legal. Saber que pequenos trabalhos podem ser importantes pro avanço de uma área é motivação pra continuar tentando”, comenta a química.
Em relação ao machismo, Sthefany conta que é algo que acontece de forma corriqueira no meio e que as mulheres lutam para que isso deixe de acontecer. “As pessoas, principalmente os homens, costumam invalidar as explicações que eu e outras mulheres damos, mesmo sabendo muito bem do que estamos falando. Tentam explicar pra gente o que a gente é especialista e muitas vezes eles não são”, pontua ela.
A doutoranda em físico-química Layla Uliana Pinheiro, diz que escolheu a ciência porque percebeu como é uma área importante para a sociedade e como ela muda a vida das pessoas. “Essa falta de representatividade, na minha área, se dá porque durante muito tempo se acreditou que carreiras relacionadas para ciência, tecnologia, engenharia e matemática não eram carreiras para mulheres”, conta a doutoranda.
Para Layla, ainda há muito o que ser feito para melhorar a situação dos baixos investimentos na área da ciência. “Ainda hoje temos menos mulheres nessas áreas de exatas, porém aos poucos esse cenário vem mudando, sendo extremamente importante, para que cada vez mais meninas e mulheres enxerguem que podem estar nessas áreas como em qualquer outra”, conclui ela.
Em destaque
Algumas brasileiras são destaque mundialmente na área científica e se destacam em suas profissões. Todas contribuíram de certa forma para que mulheres pudessem participar do meio científico, mesmo que em menor número.
Elisa Frota Pessoa (1921-2018)
Pioneira da ciência no Brasil, Elisa foi uma das primeiras mulheres a se formar em um curso de física no Brasil. A cientista desenvolveu uma grande carreira na área de física experimental e teve uma luta ativa para que mais mulheres pudessem entrar no meio científico. Ela é responsável pela fundação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.
Jaqueline Goes de Jesus (1989)
A biomédica e doutora em patologia humana foi quem coordenou a primeira equipe responsável pelo sequenciamento do genoma do vírus SARS-CoV-2, a covid, no Brasil. Em apenas 48h após a confirmação do primeiro caso no país, o mapeamento já havia sido feito graças a seus trabalhos.
Nise da Silveira (1905-1999)
A cientista brasileira foi uma psiquiatra considerada a pioneira em tratamentos humanizados. Ela trabalhava com pacientes com transtornos mentais, colocando-os em contato com expressões artísticas e animais domésticos ao invés de submete-los a tratamentos violentos, como os eletrochoques.
Simone Maia Evaristo (1942)
A bióloga de formação é a presidente da Associação Nacional de Citotecnologia (Anacito) e é supervisora na área técnica do Instituto Nacional do Câncer (INCA). As pesquisas de Simone são relacionadas ao câncer e as maneiras de prevenir e combater a doença.
