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Dia a dia

Capixaba com tumor no rosto luta na Justiça por cirurgia eletiva

Elizeu Eugenio de Lima aguarda na fila de regulação pela cirurgia pelo menos desde maio de 2022

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Um homem de 40 anos com um grande tumor no rosto luta para realizar uma cirurgia eletiva na rede pública de saúde do Espírito Santo. Elizeu Eugenio de Lima aguarda na fila de regulação pelo procedimento pelo menos desde maio de 2022. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) garante que está providenciando a realização do tratamento na modalidade TFD (Tratamento Fora do Domicílio).

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Elizeu Eugenio foi diagnosticado em 2009 com ameloblastoma, um tumor odontogênico benigno de origem epitelial, com crescimento lento, frequentemente encontrado na mandíbula ou maxila. No mesmo ano, ele passou pela primeira cirurgia para remover parte da mandíbula, que foi substituída por uma placa de titânio.

“Fiz acompanhamento por três anos. Em 2011, meu filho foi diagnosticado com doença de Behçet – autoimune -. Como eu já não tinha mais nada, parei meu acompanhamento para cuidar dele. E fiquei sem sentir nada até 2020”, lembra.

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Em março de 2020, durante o jantar, Elizeu Eugênio sentiu uma dor intensa na mandíbula, acendendo o alerta. Foi atendido por um bucomaxilo que solicitou uma ressonância. No exame, foi identificado que o tumor havia comprometido o restante do osso da mandíbula e causado novas lesões..

PROCESSO NA JUSTIÇA

“Eu precisei entrar na Justiça para pedir uma prótese para a mandíbula, porque como o osso desmanchou, a placa de titânio ficou flutuante, já não servia mais. Em março de 2021 eu passei por uma cirurgia para a retirada da placa de titânio. E como fui atendido por dois bucomaxilos, eles não removeram o tumor. Quando eles abriram, viram que a lesão já estava nos tecidos moles da cabeça e do pescoço. Para a remoção, seria necessário um especialista. A prótese solicitada pelo SUS só ficou pronta em outubro, quando fiz uma nova cirurgia”, lembra.

Desde então, Elizeu Eugênio já passou por especialistas em cabeça e pescoço na Santa Casa de Vitória, no Hospital Santa Rita de Vitória e também no Hospital Estadual de Urgência e Emergência. No entanto, todos encaminharam o paciente de volta para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), alegando não ter recursos para a cirurgia necessária.

Segundo Elizeu Eugênio, a primeira consulta foi em 2022 na Santa Casa de Vitória. “Todos os especialistas que eu fui disseram que não é possível realizar a cirurgia pelo SUS. Com isso, eu sigo sem uma solução. E meu processo está parado na Sesa”, desabafa.

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Em maio de 2023, a Justiça emitiu uma liminar emergencial a favor de Elizeu Eugenio. Na qual, a Justiça determinava o Estado tinha um prazo de 10 dias para arcar com as despesas do tratamento do paciente. Essa foi a primeira decisão expedida, que estipulava uma multa diária de R$ 500 no não cumprimento.

Desde então, Elizeu Eugênio tem buscado assegurar seus direitos como cidadão. O paciente foi encaminhado a vários especialistas, mas a cirurgia ainda não foi realizada. Tanto que em outubro do ano passado, a Justiça majorou a multa prevista anteriormente de R$ 500 por dia para R$ 5 mil.

O QUE DIZ A SESA?

A Secretaria da Saúde (Sesa) informa que devido a complexidade do caso o paciente será encaminhado para realização do tratamento na modalidade TFD (Tratamento Fora do Domicílio), em uma unidade apta e com a capacidade técnica necessária que o caso requer. Para isso, a Sesa está em contato com o hospital que o acompanha, providenciando a documentação necessária para viabilizar sua transferência e atendimento.

SINTOMAS

Enquanto não consegue realizar a cirurgia para a remoção do tumor, Elizeu Eugênio continua enfrentando intensas dores de cabeça e limitações na abertura da boca, afetando até mesmo sua capacidade de mastigação. Apesar das dificuldades, ele persiste em seu trabalho como empilhadeirista em um armazém de café. “Não dei entrada no INSS porque a perícia demora até quatro meses. Eu tenho dois filhos, pago aluguel, não posso esperar. E também com toda essa espera, a cabeça da gente não aguenta ficar parada”, explica.

CIRURGIA PARTICULAR

Elizeu Eugênio optou por não iniciar uma campanha de arrecadação on-line para buscar atendimento particular, pois acredita que o SUS irá assegurar a realização da cirurgia. Ele solicita apenas que a Secretaria do Estado de Saúde (Sesa) cumpra a decisão da Justiça e garanta o seu direito como cidadão de receber o devido atendimento.

Um dos médicos especialistas em cabeça e pescoço que atendeu Elizeu Eugênio pelo SUS afirmou que poderia realizar a cirurgia. “Ele me disse que, se o Estado pagasse, teria capacidade de realizar essa cirurgia aqui no Espírito Santo. No entanto, seria necessário contar com a sua equipe, composta por um microcirurgião de Santa Catarina e um bucomaxilo do Rio de Janeiro”, relatou.