Dia a dia
Bolsa Atleta é o principal apoio dos atletas olímpicos do Espírito Santo
Dos oito capixabas que representaram o Brasil nas Olimpíadas, sete foram contemplados por alguma faixa do programa do governo federal
As Olimpíadas de Tóquio chegaram ao fim no último domingo (8) e o Brasil conquistou um feito inédito. O país somou 21 medalhas (sete ouros, seis pratas e oito bronzes) e ficou em 12° lugar, sua melhor posição na história do torneio. Apesar do resultado, um outro assunto ganhou destaque nas redes sociais. A falta de patrocínio de grande parte dos atletas.
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Segundo levantamento do Globo Esporte, dos 309 brasileiros que participaram dos Jogos Olímpicos em Tóquio, 131 não têm patrocínio algum, 36 realizam permutas, 41 fazem vaquinhas e 33 conciliam o esporte com outros empregos. A renda é fundamental para custear gastos relacionadas ao transporte, principalmente em períodos de competição, alimentação, treinadores e até mesmo materiais esportivos, que são utilizados no dia a dia.
No Espírito Santo, o patrocínio está presente na vida de quase todos os seus atletas de ponta. Dos oito capixabas que representaram o Brasil nas Olimpíadas, sete foram contemplados por alguma faixa do programa. A única exceção foi o camisa 10 da seleção olímpica de futebol, Richarlison, uma das estrelas do Everton Football Club, da Inglaterra.
Com baixo interesse da iniciativa privada, restam aos atletas recorrer aos programas públicos de incentivo ao esporte, como o Bolsa Atleta, por exemplo. O projeto do governo Federal paga, mensalmente, de R$ 370 até R$ 15 mil, dependendo da categoria do atleta.
Alison Cerutti do vôlei de praia, é um destaque no que diz respeito a patrocínios. Segundo o Governo Federal, ele está inserido na faixa mais alta do programa, que paga um valor mensal que varia de R$ 5 mil até R$ 15 mil. Além deste, ele também foi contemplado pelo Bolsa Atleta da prefeitura de Vitória; e possui apoio de grandes nomes da iniciativa privada, como o Banco do Brasil, a Red Bull, a Petrobras, a Oakley e a Visa.
O cenário, no entanto, não é a realidade de todos os atletas capixabas. Richarlison, que está no topo do futebol internacional, reconhece a falta de investimento que existe no esporte brasileiro. Por esse motivo, publicou no último domingo (8) um manifesto cobrando melhor condições para os atletas.
“Peço desculpas por falar a respeito sem lugar de fala. O futebol realmente é o esporte com maior investimento no país, com boas estruturas nos grandes clubes e transmissão em todas as plataformas. Mas não podemos viver eternamente em uma bolha, onde apenas alguns poucos se destacam, pois, dentro do nosso próprio esporte, mais de 90% dos jogadores no nosso país ralam todo dia por um salário-mínimo ou menos. E ainda há a disparidade para o futebol feminino, que é ainda maior, apesar de toda a trajetória de lutas e conquistas das meninas nos últimos anos”, disse (leia o manifesto completo ao final do texto).
Marta, a maior jogadora da história do futebol, fez uma dura crítica em torno do assunto, o que levanta uma pergunta no ar: não há investimento pela falta de medalhas ou não há medalhas pela falta de investimento? “O peso de quem não trouxe a medalha não é das jogadores. É de quem não investe no futebol feminino brasileiro”, frisou a jogadora.
Prefeituras também apoiam os atletas capixabas
Além do governo federal, os municípios da Grande Vitória também possuem seus próprios programas de incentivo ao esporte. Na capital, o principal deles é o Bolsa Atleta de Vitória, que em 2021 contempla 50 esportistas em três categorias, entre eles Alison Cerutti, do Vôlei de Praia; e Mariana Gesteira, da Natação Paralímpica, que representará o Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio.
De acordo com a prefeitura, 33 atletas foram contemplados pela categoria Estadual, que oferece bolsa no valor de R$ 6 mil em 12 parcelas mensais de R$ 500; 11 atletas da categoria Nacional, com bolsa no valor de R$ 12 mil, pagas em parcelas mensais de R$ 1 mil; e seis atletas da categoria Internacional, com bolsa no valor de R$ 18 mil, pagas em 12 parcelas de R$ 1,5 mil.
Em Vila Velha, também há um programa do tipo. Ele, inclusive, contempla três atletas olímpicos, Geovanna Santos, da Ginástica Rítmica; Bruno Schmidt, do Vôlei de Praia; e Paulo André, do Atletismo. Segundo a prefeitura, o projeto foi recentemente alterado e em breve será aberto um edital para seleção de novos interessados. No total, serão oferecidas 62 bolsas de R$ 500 a R$ 2 mil mensais, por doze meses. Antes, eram apenas 8 parcelas de R$ 300 a R$ 1 mil.
Já em Cariacica, 49 atletas participam do programa de auxílio com pagamentos que variam de R$ 1.800 a R$ 3.600, dividido em seis parcelas. Além da bolsa, o município também oferece o Compete Cariacica, uma ajuda de custo exclusiva para a compra de passagens para o transporte em períodos de competições. Ele é voltado para atletas de alto rendimento não profissionais que participam de eventos oficiais do Calendário das Federações, Confederações ou Entidades Máximas das suas modalidades.
Serra é o único município da Grande Vitória que não possui um projeto ativo. De acordo com a prefeitura, a lei de Incentivo Roberto Siqueira, que trata sobre o assunto, está desatualizada. Por esse motivo, a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer está estudando uma legislação mais moderna em benefício dos atletas. A previsão é que ainda este mês um novo projeto seja formato e apresentado na Câmara de Vereadores.
Leia o manifesto completo do jogador Richarlison sobre a falta de incentivo para os atletas
O resultado desse esforço quase sobre-humano de realizar os seus sonhos serão novas Rebecas, Rayssas, Alisons, Ana Marcelas, Heberts, Isaquias, Darlans, Thiagos, enfim… meninas e meninos que surgirão adiante só porque foram inspirados por cada um de vocês. Contudo, acho que o momento é de começarmos a pensar em deixar para as futuras gerações um maior investimento em esporte, desde a escola até o profissional; e de melhorar as condições para que nossos atletas possam desempenhar o melhor possível e viver daquilo que amam fazer.
Passou da hora de nosso país entender que esporte não é só um cara chutando no gol ou enterrando a bola numa cesta: é bem-estar, saúde, disciplina e segurança. Nós levamos o nome do nosso país ao mais alto nível com muito orgulho, geramos exposição e rendimentos, além de representar nossa gente e nossa bandeira. Então, nada mais justo do que haver um retorno mais significativo.
Peço desculpas por falar a respeito sem lugar de fala. O futebol realmente é o esporte com maior investimento no país, com boas estruturas nos grandes clubes e transmissão em todas as plataformas. Mas não podemos viver eternamente em uma bolha, onde apenas alguns poucos se destacam, pois, dentro do nosso próprio esporte, mais de 90% dos jogadores no nosso país ralam todo dia por um salário-mínimo ou menos. E ainda há a disparidade para o futebol feminino, que é ainda maior, apesar de toda a trajetória de lutas e conquistas das meninas nos últimos anos.
A partir de agora, gostaria de pedir licença a todos vocês para ser mais uma voz gritando bem alto para ajudar a mudar essa situação. Para que possamos dar a oportunidade às crianças, que hoje se inspiram nas nossas trajetórias, para que cheguem ao Olimpo do esporte.
Tenho muito orgulho de fazer parte disso e de ser conterrâneo de todos vocês! Obrigado por tudo e parabéns a todos atletas do Time Brasil! Vocês são verdadeiros heróis e campeões!
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