Dia a dia
Anistia e crítica a Moraes: veja a declaração de Bolsonaro após se tornar réu
Ex-presidente virou réu no STF por trama golpista e afirmou que não há provas contra ele

Ex-presidente Jair Bolsonaro durante declaração a imprensa após virar Réu no STF. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, nesta quarta-feira (26), qualquer envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Ele também classificou as acusações contra ele como “graves e infundadas”.
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A declaração foi dada logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, por unanimidade, aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Com isso, Bolsonaro e mais sete aliados se tornaram réus no processo sobre uma suposta trama golpista.
Em entrevista à imprensa, Bolsonaro afirmou que, durante seu governo, solicitou a desmobilização de grupos que defendiam intervenção militar e garantiu ter colaborado com a transição para a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Se eu tivesse devendo qualquer coisa, eu não estaria aqui. Fui para os Estados Unidos graças a Deus, porque se eu estivesse aqui no dia 8 de janeiro, estaria preso até hoje, ou morto, que eu sei que é sonho de alguns aí. Eu preso vou dar trabalho”, disse Jair Bolsonaro.
Bolsonaro também comentou sobre a presença surpresa no Supremo na terça-feira (25). “Ontem [terça], eu fui ao Supremo. A decisão foi na última hora, vocês se surpreenderam. Hoje [quarta], resolvi não ir. Motivo: obviamente, eu sabia o que ia acontecer”, disse.
O ex-presidente voltou a levantar suspeitas sobre as urnas eletrônicas, mesmo sem apresentar provas. “Não sou obrigado a confiar, a acreditar no programador [das urnas]. Confio na máquina, não sou obrigado a confiar no programador”, disse.
Transição governamental
Durante o pronunciamento de quase 50 minutos, Bolsonaro afirmou que sempre colaborou com a transição de governo. Ele citou o apoio dado a José Múcio Monteiro, então indicado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Ministério da Defesa.
“Ele [Múcio] foi pedir um apoio para mim, para que tivesse mais acesso aos respectivos ministérios. No dia seguinte, foi atendido em tudo. Voltou, depois, a entrar em contato conosco e pediu que eu nomeasse os comandantes militares indicados pelo presidente eleito, Lula da Silva.
Além disso, Bolsonaro lembrou que nomeou dois comandantes militares indicados pelo presidente eleito. “Se tivesse qualquer ideia de força, não deixaria os comandantes do Lula assumirem”, afirmou.
Denúncia
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que Bolsonaro não agiu para desmobilizar acampamentos golpistas instalados em frente a quartéis do Exército em diversas cidades. Além disso, aponta que, durante a transição para o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-presidente teria participado de reuniões com assessores e militares para planejar um golpe de Estado.
Em sua fala à imprensa, Bolsonaro também mencionou a chamada “minuta do golpe”, documento encontrado durante as investigações que previa a intervenção das Forças Armadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, a proposta nunca foi assinada e só poderia ter seguimento com a convocação dos Conselhos da República e da Defesa.
“Não adianta botar um decreto na frente do presidente, de estado de Defesa e assinar que está resolvido. Não convoquei os conselhos da República e da Defesa. Nem atos preparatórios houve pra isso. Se é que você trabalhar com um dispositivo constitucional é sinal de golpe. Golpe não tem lei, não tem norma”, afirmou.
Crítica a Moraes
Bolsonaro criticou a condução do processo pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmou que imagens relevantes não foram anexadas aos autos. “Ele bota o que ele quer lá, por isso que os inquéritos dele são secretos”, declarou.
Ex-presidente alegou que Moraes busca condená-lo à pena máxima de 30 anos de prisão. “Por que essas prisões absurdas? Dezessete anos. Como catorze para a Débora (a mulher que escreveu ‘perdeu, mané’ com batom na estátua da Justiça), agora. A Débora é uma golpista, terrorista?”, questionou Bolsonaro em pronunciamento no Senado. “Quer botar trinta em mim”, falou.
Anistia
Seguindo o tom da manifestação realizada na Praia de Copacabana, no último dia 16, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender a aprovação de uma anistia para os condenados pelos atos de 8 de Janeiro. Para ele, a medida representa uma forma de “passar a borracha” e permitir que o país retome a normalidade.
“Anistia é perdão, é passar a borracha. É fazer o Brasil voltar a sua normalidade. Eu não quero confronto, eu quero o bem-estar do meu povo. Não tenho obsessão pelo poder, tenho paixão pelo Brasil”, disse.
