Abin aponta participação de empresa capixaba em atos golpistas

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A empresa capixaba Squad Viagens figura entre os financiadores de 103 ônibus utilizados em caravanas para os atos golpistas do início deste ano, conforme identificado em relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. No total, 83 indivíduos e 13 empresas foram reconhecidos como partes envolvidas nas contratações.

De acordo com matéria publicada pelo Estadão, os registros, compostos por 390 páginas e obtidos pelo Estadão, se concentram em quem financiou os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. Pedro Luis Kurunczi é um dos nomes indicados pela Abin. Kurunczi, que está associado a pelo menos dez empresas dos setores imobiliário e de construção civil, foi o responsável pelo aluguel de quatro ônibus que transportaram 153 pessoas a Brasília.

Marcelo Panho e Marcos Oliveira Queiroz, outros dois empresários, financiaram mais de um veículo utilizado no evento do dia 8 de janeiro, com cada um custeando dois ônibus. O Estadão tentou entrar em contato com Kurunczi e Queiroz, porém ainda não recebeu uma resposta, e Marcelo Panho não foi encontrado.

Nos relatórios, a Abin ressalta “a grande pulverização dos contraapoitantes de fretados” e sugere a possibilidade de essas pessoas terem sido usadas como laranjas para esconder os reais financiadores das caravanas e dos manifestantes.

Segundo a Abin, as pessoas envolvidas na preparação do evento de 8 de janeiro referiam-se a ele como uma “tomada pelo povo”, e o objetivo original dos manifestantes era invadir o Congresso.

Além da Squad Viagens, outras empresas foram citadas pela Abin, incluindo a Associação Direita Cornelio Procópio, Odilon Araujo Junior Transportes, Alves Transportes LTDA, Bernardes Bernardes Transportes LTDA, Sindicato Rural de Castro, Gran Brasil Viagens Turismo LTDA, R O Morais Locadora Eireli, Ibus Transportes LTDA, Primavera Tur Transportes LTDA, Transportes Executivo LTDA, e Adailton Gomes Vidal.

A Abin também rastreou um movimento massivo de caminhões para Brasília a partir do dia 4 de novembro de 2022, identificando 272 veículos. Metade desses caminhões estava registrada em nome de empresas do setor agrícola nos estados de Goiás, Mato Grosso, Bahia e Paraná.

Os relatórios da Abin também revelaram que o Sindicato Rural da cidade de Castro (PR) financiou dois ônibus. A organização já havia sido mencionada na lista da Advocacia Geral da União (AGU) de suspeitos de financiar os atos golpistas do dia 8 de janeiro.

Os documentos também destacam os membros do Movimento Brasil Verde Amarelo, uma organização de produtores rurais do Centro-Oeste, como “articuladores dos atos intervencionistas”. A Abin aponta a participação do grupo no financiamento de outros eventos extremistas anteriores ao dia 8 de janeiro. Até o momento, o Estadão não conseguiu entrar em contato com os líderes do Movimento Brasil Verde e Amarelo.