Dia a dia
10 mulheres no ES têm contas fakes criadas com conteúdo adulto no Instagram
As contas se baseiam em criar um usuário parecido com o da vítima, bloquear a conta original e seguir pessoas do sexo masculino

Mulheres capixabas são vítimas de perfis falsos. Foto: Freepik
Mulheres capixabas estão sendo vítimas de contas fakes no Instagram. Os golpistas criam um perfil falso utilizando as imagens das vítimas e na bio identificam a conta como “Produtora de conteúdo adulto”, com direcionamento de link para uma página supostamente “privada”, onde possivelmente é vendido um plano de assinatura para ter acesso a imagens e vídeos com conteúdo sexual.
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O modus operandi dessas contas se baseia em criar um usuário parecido com o da vítima, bloquear a conta original e seguir pessoas do público alvo, sendo essas do sexo masculino.

Conta fake criada em nome da advogada. Foto: Arquivo Pessoal/Júlia Marques
A advogada Julia Marques foi uma das vítimas. Ela conta que vários seguidores, principalmente do sexo masculino, começaram a enviar mensagens avisando sobre a conta. “Minha primeira reação foi ficar assustada e tentar ver o conteúdo, porém estava bloqueada”, explica.
Após o alerta, a advogada procurou pedir aos seus seguidores para denunciar o perfil e realizou o boletim unificado na internet. Ela ainda relata que já havia visto essa mesma situação acontecer com várias pessoas próximas, sendo as mulheres a maioria das vítimas.
A conta fake está fora do ar, mas o Instagram, mesmo com as diversas denúncias, levou tempo para analisar. “Como eu estava bloqueada não tinha como fazer a denúncia dizendo que estavam se passando por mim. Somente os seguidores podiam denunciar”, diz.
Outra vítima da situação foi a servidora pública Suzana Machado. Sua conta nas redes sociais já foi clonada duas vezes. Os seus seguidores encaminharam mensagens perguntando se aquele Instagram era dela e outros já sabiam que era fake. “Eles me avisaram que estavam usando fotos minha. Até porque, quem criou o fake bloqueou a minha conta original, então eu não tinha acesso aos conteúdos que publicavam”, relata.

Suzana Machado teve duas contas fakes criadas em seu nome. Foto: Arquivo Pessoal/Suzana Machado
Assim como aconteceu com Júlia, a servidora pública também foi bloqueada, para dificultar a denúncia. Suzana contou com a ajuda de seus seguidores para denunciar o fake e registrou um BO.
Hoje, as contas não estão no ar, mas a exposição causada a prejudicou, principalmente por ela exercer a função pública. “Muitas pessoas começaram a seguir essas contas, o que causou constrangimento”, diz.
Após esses acontecimentos, a servidora pública passou a deixar seu perfil no formato privado e se tornou bem mais restritiva para aceitar novos seguidores.
De acordo com o delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos, Brenno Andrade, a atitude de Suzana foi a adequada. “Para se proteger, o recomendado é manter a conta privada e aceitar apenas pessoas conhecidas”, recomenda.
Ainda segundo o delegado, nos últimos dias foram registrados 10 boletins de ocorrências sobre casos de contas falsas. Ao receber as denúncias dessas situações, a ação da polícia é abrir uma investigação e começar a procurar os responsáveis pela criação da página.
Denúncia
A internet ainda é muito vista como um terreno sem lei, onde as pessoas podem se portar como bem quiserem, mas novas leis estão sendo feitas para evitar essa visão. O delegado Brenno Andrade explica a atuação da polícia e ressalta a importância de realizar o boletim na delegacia diante dessas situações. Pois com a investigação aberta, a polícia pode abrir um processo contra o responsável pelo golpe. O golpista pode responder por crimes como: honra, calúnia, injúria e difamação, falsa identidade ou falsa identidade ideológica e até crime de estelionato.
Pessoas com perfis abertos são mais suscetíveis a esses golpes. Nesses perfis falsos, os links adicionados as páginas podem servir para roubar dinheiro, roubar dados pessoais e até mesmo invadir contas de redes socais.
Caso essa situação aconteça, a polícia recomenda seguir os seguintes passos: denunciar o perfil na rede social Instagram e comunicar aos seguidores para ajudar na denúncia, pois quanto mais pessoas delatando, mais rápido a plataforma digital irá agir. “A denúncia será redirecionada para a delegacia mais próxima da casa da vítima”, conta o delegado titular Brenno Andrade.
Boletim Unificado
O boletim unificado feito por Júlia Marques é um modelo de boletim de ocorrência online. Ele gera um número de protocolo e uma chave de acesso, esses serão enviados para o e-mail cadastrado pela pessoa. E em seguida, o registro do BO será analisado e validado pelos policiais civis que atuam na Delegacia responsável por investigar os crimes daquela região.
É crime quando uma pessoa cria um perfil fake de uma pessoa real, viva ou morta, o responsável pela criação com animus de prejudicar a imagem de outrem está cometendo o crime de falsa identidade, pois se faz passar por ela.
