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“Falta lei de incentivo à Cultura no Estado”, diz gerente de Cultura do Sesi-ES

Marcelo Lages, que deixou o Exército para dedicar-se à arte, fala sobre sua trajetória e projetos para movimentar o setor no ES

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Marcelo Lages, gerente de Cultura do Sesi-ES

Marcelo Lages, gerente de Cultura do Sesi-ES, deixou o Exército para se dedicar à arte. Alexandre Mendonça/Comunicação Findes

A disciplina é característica marcante na carreira do gerente de Cultura do Sesi-ES, Marcelo Lages, que durante 10 anos se dividiu entre o Exército e o balé, mas acabou escolhendo a carreira artística. O gaúcho de 45 anos largou as forças armadas para ser bailarino do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde ficou por outra década, dividiu o palco com Ana Botafogo e se aprimorou como coreógrafo e diretor de espetáculos. Na capital carioca também montou comissões de frente de escolas de samba. No Estado há dois anos, ele conta os desafios e suas ideias para o setor.

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Desde quando a dança está na sua vida?
Eu venho do Rio Grande do Sul e lá a gente tem o costume das danças tradicionalistas serem aprendidas na escola. Depois vieram os clipes musicais, e entrei num grupo de street dance. Desde essa época, já pesquisava coreografias. Recebi convites de escolas de dança para estudar, mas sempre tive a vontade, em paralelo, de ser militar, pois venho de família de militar. Passei nas provas e acabei virando oficial do Exército, onde fiquei por quase 10 anos. Também fiz faculdade de Educação Física. Levava as duas carreiras ao mesmo tempo.

E a carreira de bailarino começou quando?
Numa das apresentações do grupo de street dance, uma professora me convidou para fazer aula. Tinha uns 17 anos. Eu fazia ginástica olímpica e tinha bastante flexibilidade e força, e ela começou a explorar isso na dança e comecei a participar de festivais.

Como foi a saída do exército para se dedicar à dança?
Em um festival recebi a proposta de ser bailarino do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Nessa época, já estava tendendo mais para o lado artístico e decidi deixar o exército, apesar de gostar muito e ter conquistado até título de destaque do ano, pois era atleta de pentatlo e tiro.

Você levou de alguma forma a rigidez das forças armadas para o balé?
Acho que o balé é até um pouco mais rígido. A disciplina do Exército é imposta. Já no balé é a autodisciplina que impera, porque se a pessoa não fizer ela mesma, a técnica não vem, e ela não evolui. O balé tem um prazo de validade. A gente dança até onde o joelho deixa. Eu tinha um planejamento de parar minha carreira como bailarino quando completasse 40 anos, porque já estava fazendo trabalhos como coreógrafo. Parei no meu aniversário de 40.

Quando veio para o Estado?
Montei e dirigi um espetáculo em 2017, o “Quebra Nozes”, aqui no Espírito Santo. Depois disso, o Léo de Castro, presidente da Findes, me convidou para a assumir a cultura da Federação.

Qual o trabalho que realiza?
Gerencio a orquestra Camerata Sesi e estamos mudando os formatos de espetáculos. Uma primeira leitura que fiz ao chegar no Estado foi que tem público para grandes obras e balés, mas temos dificuldade de espaço. Para apresentar o “O Lago dos Cisnes” (na semana passada) para 1.500 pessoas, montamos a estrutura dentro do ginásio do Sesi. O maior desafio era a acústica. Fez tanto sucesso que os ingressos esgotaram em três dias. Como o pertencimento capixaba também é um dos focos, vamos fazer mais concertos em prédios históricos, usando a fachada e suas paredes para contar a história daquele lugar. Também estamos formando músicos para futuramente compor a orquestra. Já são 300 crianças do Sesi estudando música clássica, além de projetos de teatro, dança e fotografia.

O que acha que falta movimentar na cultura do Espírito Santo?
Ainda falta uma lei de incentivo estadual à cultura para fomentar trabalhos artísticos. Já conversei com o secretário de Cultura (Fabrício Noronha) e estamos com um grupo trabalhando. Fomentar a cultura é um ciclo, fortalece o turismo, que por sua vez, favorece o comércio e a indústria.