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Coluna Vitor Vogas

Cordel do Golpe de Estado

Meta: “Lula não sobe a rampa”. / Bem, subir a rampa ele subiu. / O que despencou foi o telhado / da casa do Mito, que caiu. / Da panela de pressão, a tampa / retiraram, revelando a trama / do golpe de Estado ensaiado / por ele, que não soube perder, / para permanecer no poder / contra a decisão do eleitorado.

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Bolsonaro e Mauro Cid. Foto: Reprodução

Meta: “Lula não sobe a rampa”.
Bem, subir a rampa ele subiu.
O que despencou foi o telhado
da casa do Mito, que caiu.
Da panela de pressão, a tampa
retiraram, revelando a trama
do golpe de Estado ensaiado
por ele, que não soube perder,
para permanecer no poder
contra a decisão do eleitorado.

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“Todo mundo sabe e sempre soube:
o jogo só vale se eu levo!
Se eu perco, não valeu pois houve
‘fraude’; neste caso, o jogo eu melo.
Se o resultado não coincide
com o que eu queria… Mauro Cid!!!
Chame lá pra mim os meus ministros,
o Heleno, o Braga Netto, o Torres…
Sabem nada esses eleitores!
Vamo dar uma ajeitada nisto!”

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Para a PF, não tem engano:
Bolsonaro foi centro da trama
que por pouco não jogou na lama
vontade do povo, soberano.
Generais da ativa e de pijama
ajudaram a armar a cama
de gato, incitaram a baderna.
E um “quase golpe” planejado,
pelo presidente desejado,
mobilizou parte da caserna.

Alguns graduados militares,
de alta patente e comando,
jogaram o “livrinho” pelos ares,
a sessenta e quatro remontando;
apoiaram o golpe fracassado,
com direito a papel passado:
a minuta do decreto torpe
“estado de sítio”, de “defesa”,
“GLO”, mais opções na mesa…
Todas eufemismos para “golpe”.

Foi a “Operação 142”:
distorção da Constituição.
O povo falou; tudo depois
não tem qualquer fundamentação.
Mesmo assim, a organização,
criminosa associação,
esboçou o plano em benefício
do Jair, que tinha consciência
e deu sua inteira aquiescência,
total anuência, desde o início.

Para a Federal, ele atuou,
planejou e teve efetivo
e direto domínio dos atos
não concretizados por motivos
à vontade dele mesmo alheios:
dois oficiais lhe deram um freio.
Embarcou o chefe da Marinha
na golpista trama, na conjura;
os outros dois, a entrar na aventura,
preferiram se manter na linha.

No Alvorada, em reunião soturna,
com os chefes das Forças Armadas,
Bolsonaro leu-lhes a minuta,
e dois deles honraram a farda:
o Baptista Júnior e o Freire Gomes
barraram o que não tem outro nome.
Negando endosso àquela loucura,
seguiram a jogar nas quatro linhas,
mantendo-se leais à democracia,
Pra qual aquele plano era cicuta.

(Gomes não apenas lhe deu freio
como também, grave, interveio,
ameaçando prender o Jair
se naquilo quisesse insistir)

Bolsonaro assinaria o tal decreto,
alegando “fraude na eleição”,
prolongando seu mandato, é certo,
e convocando nova votação.
Moraes seria posto na prisão,
e o TSE, sob intervenção.
Enquanto isso, tanques pelas ruas
(o chefe da Marinha, Garnier
os da Armada chegou a oferecer),
A meta: impedir posse de Lula.

O esquema muito bem estruturado,
com divisão de tarefas e tal,
incluindo milícia digital
com um objetivo bem traçado:
espalhar a fraudulenta versão
de fraude no processo de votação
para desacreditar o sistema eleitoral.
Assim o caminho seria aberto
para a edição do tal “decreto”,
pois o povo acharia até “normal”.

Enquanto isso, um plano paralelo,
que deixou o país estupefato:
o dito “Punhal Verde e Amarelo”,
que previa até assassinatos.
Os alvos dos chamados “Kids Pretos”:
Moraes, o presidente e o vice eleitos.
Chegaram mesmo a sondar o terreno.
Moraes teve os passos controlados.
E, para Lula ser eliminado,
consideraram o uso de veneno.

Nas conversas juntadas como provas,
pela conduta, Gomes e Baptista
foram tidos por “traidores”, “comunistas”,
enquanto Garnier, por “patriota”.
Por não darem ao golpe sua adesão,
sofreram forte intimidação
orquestrada pelo Braga Netto,
o qual ao Gomes chamou de “cagão”.
“Ofereça sua cabeça ao leão!”,
ordenou o “quase vice”, insurrecto.

“Fomos covardes”, desabafou Cid,
quando a janela já estava fechada.
“Sessenta e quatro não precisou”,
lembrou, “de ninguém assinar nada…”
Coincide minha visão com a de Cid,
o braço direito do Mito:
covardes, foram sim, é bem verdade…

Mas não pelos mesmos motivos.


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