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Sofrência Organizada: se organizar, todo mundo sofre
O sertanejo foi o gênero musical mais ouvido durante a pandemia da covid-19 em 2020. Afinal, ficar de quarentena por centenas de dias pede uma sofrência. De acordo com o Spotify Brasil, no top 10 dos artistas mais escutados de 2020, oito são cantores sertanejos. A presença do estilo permanece na lista de músicas mais ouvidas ao longo do ano. Das 10 mais escutadas, oito foram interpretadas por cantores do gênero.
E é exatamente sobre isso que vamos tratar nesta coluna: sertanejo. Afinal, o mercado é gigante, gera emprego e renda para milhares de pessoas e proporciona momentos inesquecíveis para os milhares de fãs pelo Brasil.
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E para começar com o pé direito, vamos falar sobre um dos mais novos lançamentos da rainha da sofrência, Marília Mendonça, “Foi Por Conveniência“.
A letra conta a narrativa de um casal que se aturou o tempo que deu. Exatamente, os dois não se amavam. Só tinham medo de permanecerem sozinhos o resto da vida e decidiram ficar juntos por conveniência, não por amor. No começo da música, a cantora cita a seguinte situação:
“Não foi por querer, foi por convencer
De tanto forçar, ele se acostumou, não soltou
Água mole na pedra bateu
De tão dura, a pedra cedeu
Ela achou que era amor
Ele achou confortável, ficou”
Marília Mendonça começa a descrever a narrativa das personagens na história. De um lado, “um conto de fadas que a moça sonhou” e de outro um cara que foi ganho pela insistência, mas que em certo momento, decide ficar por achar confortável ter alguém (já começou errado).
Em seguida, a cantora nos leva ao motivo que fizeram os dois ficarem juntos. O refrão da letra diz que não foi por amor, na verdade foi aquele domingo de cama vazia. Foi a saudade dos filhos e a falta de um beijo de bom dia. Foi o medo de morrer sozinho em conjunto com a pressão da família em cima dos dois. Foi tudo. Menos isso que eles chamavam de amor.
E no final, eu, você e a Marília Mendonça sabemos o que essa história vai dar. Não é mesmo? Um amor conquistado na marra e na pressão não frutifica. Não é amor. Na última estrofe, nossa rainha termina a letra com o resultado de tudo isso.
“Não teve pedido, nem data marcada
Nem quer casar comigo, nem beijo na escada
Em nome da solidão e da carência
Não foi por amor, foi por conveniência”
E no fim eles casaram e foram felizes para sempre (será mesmo?).
Essa situação pode ser mais comum do que se imagina. As pessoas, na maioria das vezes, preferem aturar certas situações do que dizer o que realmente querem. A história narrada por Marília nos convida a uma reflexão para identificar o que precisa ser mudado antes de uma tomada de decisão. E a pergunta fundamental a se fazer é a seguinte: eu tenho recebido o amor que eu tenho dado?
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Se organizar, todo mundo sofre.
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