O boom dos galpões logísticos no Brasil: desenvolvimento imobiliário e eficiência no e-commerce

O boom dos galpões logísticos. Foto: Freepik

Nos últimos anos, o mercado de galpões logísticos tem ganhado destaque no setor imobiliário brasileiro, impulsionado principalmente pelo crescimento do e-commerce, pela busca por operações logísticas mais eficientes e pela evolução das exigências dos consumidores. Mas o que está por trás desse crescimento e como o desenvolvimento imobiliário se adapta a essa nova realidade?

O desenvolvimento imobiliário é um processo complexo e multidisciplinar, que começa muito antes da construção propriamente dita. Tudo parte da escolha estratégica do terreno, da localização, do acesso à infraestrutura e considera a viabilidade jurídica e econômica. Em seguida, ocorre o planejamento do projeto, captação de recursos, execução da obra e, finalmente, a entrega e acompanhamento pós-obra. Cada etapa envolve riscos (desde disputas legais até falhas construtivas) que precisam ser gerenciados com expertise.

Nesse cenário, os galpões logísticos surgem como protagonistas de um mercado em transformação. Projetados para armazenagem, distribuição e movimentação de mercadorias, esses imóveis têm se tornado vitais para a operação de grandes empresas de varejo, indústria e agronegócio. Dados recentes da consultoria EREA revelam que o Brasil já alcançou um estoque de 40 milhões de m² em galpões, com a menor taxa de vacância da história: apenas 8%. O preço médio de locação também bateu recorde, com destaque para a região Sudeste, que concentra mais de 28 milhões de m².

A evolução, no entanto, não é apenas quantitativa. Galpões de alto padrão (na faixa entre as classes A a AAA) representam mais de 75% da área bruta locável do país. Eles se destacam por altura elevada, piso resistente à carga, docas eficientes, sistemas de combate a incêndio, infraestrutura moderna e até certificações ambientais, refletindo uma preocupação crescente com sustentabilidade e eficiência operacional.

Existem diversos modelos de negócio para galpões no mercado, como os monousuários, estruturas compartilhadas, condomínios logísticos, BTS (build to suit) e os urbanos (conhecidos como last mile), cada um voltado para necessidades específicas. A tendência é clara: além de armazenar, esses espaços agora integram soluções logísticas completas, com automação, inteligência artificial e localização estratégica próxima a rodovias e centros urbanos.

Um exemplo prático dessa transformação é o projeto Raizz Uberlândia, em Minas Gerais. Desenvolvido sob medida para a empresa Supporte Logística, o galpão será do tipo AAA, com estrutura para operações de alta rotatividade e foco em eficiência. Com pé direito de 12 metros e piso que suporta 6 toneladas por metro quadrado, o empreendimento reflete o novo padrão de excelência do setor, ajudando a consolidar as operações logísticas no país em um segmento promissor.

O setor de galpões logísticos não apenas reflete a evolução do consumo e da logística no Brasil, mas também revela como o desenvolvimento imobiliário pode ser estratégico, inovador e sustentável, pronto para atender às exigências de um mercado cada vez mais dinâmico.

* Marcel Lima é sócio e assessor de investimentos da VALOR Investimentos.