O atual momento da bolsa de valores e como se comportar

O Ibovespa, em outubro de 2024, reflete intensa volatilidade em meio a fatores internos e externos. A incerteza fiscal no Brasil preocupa os investidores, que observam os rumos das políticas governamentais e os desafios de alcançar um déficit zero. Externamente, a situação no Oriente Médio eleva os preços do petróleo, enquanto as eleições nos EUA, marcadas para 5 de novembro, adicionam imprevisibilidade ao cenário global.

Internamente, um dos maiores desafios é o alto juro real. Esse fator, enquanto inibe consumo e investimento, cria oportunidades para quem busca investimentos em renda fixa, que oferecem bons retornos reais. Porém, para quem busca renda variável, essa fase pode ser estratégica: ativos em baixa podem se valorizar com o alívio das tensões globais e possíveis cortes de juros futuros. A cautela torna-se fundamental para evitar oscilações adversas, mas também para aproveitar oportunidades de crescimento em momentos de incerteza.

As projeções para o Ibovespa até o final do ano indicam uma alvo de 135 a 140 mil pontos, sugerindo espaço para valorização caso o cenário econômico seja favorável. Além disso, ativos de renda variável, como ações de empresas bem posicionadas e fundos imobiliários, estão negociados abaixo de seu valor justo, tornando-se atrativos para investidores de longo prazo. Essa janela de oportunidade favorece a aquisição de ativos a preços descontados, especialmente para aqueles que desejam se beneficiar de um potencial de crescimento em um horizonte mais extenso.

Uma análise detalhada dos setores mostra que segmentos como energia e commodities têm registrado oscilações significativas, particularmente devido ao aumento dos preços do petróleo e à volatilidade cambial. Esses setores, fortemente ligados ao cenário internacional, mantêm potencial de crescimento a médio e longo prazo, especialmente diante da expectativa de alta demanda global. Já o setor de tecnologia, tradicionalmente mais sensível ao cenário interno, enfrenta desafios, mas pode se valorizar em um ambiente de juros mais baixos, caso o cenário internacional se estabilize.

O risco cambial e o fluxo de capital estrangeiro são também fatores cruciais para o momento atual da Bolsa. A alta do dólar, reflexo da incerteza global e das tensões geopolíticas, torna o Brasil atrativo para investidores que buscam ativos descontados, mas também impõe cautela. O fluxo de capital estrangeiro, geralmente forte em períodos de recuperação econômica, encontra barreiras devido ao cenário de risco, mas ainda representa uma oportunidade para valorização futura da Bolsa.

O panorama também inclui a expectativa para o mercado brasileiro pós-eleições nos EUA, com data marcada para 5 de novembro. As políticas econômicas do novo governo americano poderão influenciar diretamente o mercado global e, por extensão, o Brasil. Se a nova administração americana adotar uma postura mais expansionista, é possível que haja um impacto positivo sobre os mercados emergentes, favorecendo a entrada de capital estrangeiro no Brasil.

Finalmente, uma breve comparação com períodos históricos de alta volatilidade mostra que o Ibovespa tem uma forte capacidade de recuperação em momentos de incerteza. Em anos anteriores, a combinação de uma política fiscal cautelosa e de juros mais baixos resultou em valorização para ativos de risco. A trajetória histórica pode, portanto, servir de referência para investidores dispostos a aproveitar as oportunidades atuais e se beneficiarem num horizonte de médio a longo prazo.

Ian Lopes é economista formado pela Universidade Católica de Brasília e estudante de Administração de Empresas na Universidade de Brasília ( UnB). Desde 2022 atua como assessor de investimentos na Valor Investimentos , atendendo clientes Private e Alta Renda.

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