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Finanças do futuro: do tradicional foco em atividades transacionais para o papel de guardiã da estratégia e geradora de valor ao negócio

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Desde o século 18, marcado pelo início da primeira revolução industrial, até o surgimento da indústria 4.0 em 2011, tem-se debatido sobre os métodos produtivos das empresas e seu inegável papel enquanto processo central. As mudanças de uma indústria têxtil mecanizada atingiram seu ápice na transformação da informação em conhecimento e impactaram não somente as manufaturas, mas todo o propósito das organizações e a forma como estas se relacionam com uma sociedade cada vez mais participativa.

Nesse contexto, onde as informações fluem sem barreiras, fez-se imperativo repensar o propósito de departamentos até então tratados como áreas suportes. Para isso, porém, o foco precisou ser reorientado para a geração de valor ao negócio em detrimento da manutenção de processos tradicionais e continuidade do status quo. Um grande exemplo dessa mudança estrutural, evidenciado nas últimas duas décadas, é percebido na inovação ocorrida na área de Finanças. Os Chief Financial Officers (CFOs), originalmente focados em prover dados precisos, com olhar para o passado, lideraram uma transformação no início do século 21 com o desafio de se tornarem parceiros do negócio, fornecendo à alta administração um olhar para o futuro e suportando o processo decisório.

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O sucesso dessa migração pavimentou o caminho para a utilização de ferramentas digitais capazes de processar e disponibilizar um número inimaginável de dados que, combinados com o finance point of view, criaram um ambiente para a área de Finanças se tornar a guardiã do processo estratégico das grandes organizações. Mas
como perpetuar esta migração do foco no passado para um olhar voltado ao futuro, gerando insights, reduzindo erros e tornando as decisões cada vez mais ágeis?

Segundo a Mckinsey, os CFOs do futuro, responsáveis por guiar as empresas neste ambiente cada vez mais não linear, devem ter quatro pilares básicos para sustentar sua jornada:

i) Olhar através das atividades transacionais: reduzir a dedicação das equipes em atividades repetitivas, que devem ser otimizadas com uso de ferramentas digitais, enquanto incorporam atividades mais estratégicas como planejamento e análise financeira, otimização da estrutura produtiva, planejamento tributário, controladoria e gestão de riscos;

ii) Suportar a liderança financeira a partir de dados: tendo à sua disposição uma série de recursos tecnológicos de big data, robotics e analytics, os CFOs devem priorizar qualidade e consistência dos dados; liderar a padronização da informação através de diferentes departamentos; estabelecer um modelo ágil de fluxo de dados através da organização; alocar recursos para o tratamento de dados antes do processo decisório; e
fazer usos de algoritmos e soluções digitais para otimizar validação da informação e redução de erros;

iii) Aprimorar o processo decisório: a responsabilidade dos CFOs vai além dos insights, engloba também a coragem para desafiar os processos correntes e fomentar debates acerca da performance operacional. Para isto, o uso de recursos analíticos permite tornar a base do processo decisório mais completa e interativa;

iv) Repensar o modelo operacional de finanças com novas capacidades: repensar a organização financeira de qualquer empresa é prerrogativa para um novo modelo operacional. O cenário atual, instável e volátil, requer distribuição das equipes através de estruturas mais horizontais, que estimulem processos ágeis; profissionais com perfis e habilidades digitais; membros que tenham formação financeira, mas com vivência nas áreas de
negócio; além de estabelecimento de uma política de reconhecimento ao desenvolvimento individual.

Essa expectativa em relação aos CFOs, potencializada pelos recursos digitais, extrapola a formação básica esperada para a área. Vai muito além de conhecimentos em macroeconomia, tributos ou contabilidade. O gestor de um departamento de finanças precisa expandir seu domínio, respeitando as especificidades dos processos organizacionais, desde a entrada de matérias-primas, passando pelo processo produtivo, pela gestão de pessoas, pela tecnologia da informação, desenvolvimento e melhoria contínua, pela negociação comercial e pelo escoamento de produtos. O finance point of view se consolida na capacidade de entender todo o negócio através dos números financeiros apurados.

O desafio está posto. O papel de Finanças está cada vez mais central nas organizações e, para atender a tamanha responsabilidade, é preciso que os líderes da área tenham um olhar mais ágil, amplificado e seguro do negócio. O uso de ferramentas digitais se tornou prerrogativa para o desempenho da função, enquanto a formação de uma equipe multidisciplinar permitirá o autodesenvolvimento e a segurança necessária para desafiar o negócio e criar um planejamento estratégico com olhar acurado.

Sobre o autor


Mateus Bastos é apaixonado pela família, natureza e esportes, além de grande admirador da inovação. Membro do IBEF ES, possui experiência de 13 anos em Finanças e Estratégia e atualmente é Gerente de Controladoria Industrial da ArcelorMittal.


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Os Comitês Qualificados de Conteúdos ou CQC’s são grupos qualificados e técnicos do IBEF-ES para geração de conteúdo mensal e tem como objetivo promover o debate sobre o desenvolvimento econômico e social no ecossistema de economia, finanças e gestão empresarial capixaba.

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