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Coluna Vitor Vogas

Da Vitória sobre disputar o Senado: “Só topo se o cavalo passar arreado”

Diante da forte concorrência dentro e fora do bloco de aliados de Casagrande, deputado indica que só arriscará a reeleição na Câmara se candidatura ao Senado for abraçada por governador e sua tropa

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Josias da Vitória é deputado federal. Foto: Reprodução/Facebook

O deputado federal Josias da Vitória (PP) só será candidato ao Senado se o cavalo passar arreado para ele. Foi o que o próprio deputado admitiu em conversa com a coluna, na manhã desta quinta-feira (26). No jargão político, a expressão é usada para caracterizar uma situação em que todas as condições políticas são ótimas, convergem em favor de determinada candidatura e oferecem ao candidato a garantia de certa comodidade na disputa.

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“Você nunca me ouviu falando que sou candidato ao Senado. Topo disputar candidatura ao Senado desde que seja um consenso, um cavalo arreado. O meu movimento é de candidatura à reeleição”, afirma o deputado, que exerce o primeiro mandato na Câmara Federal.

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No caso concreto, o “cavalo arreado” citado por Da Vitória tem um significado bem preciso: teria que ser selado por Renato Casagrande (PSB), na cocheira do Palácio Anchieta.

Hoje, o coordenador da bancada capixaba no Congresso Nacional é um dos três pré-candidatos cotados para ocupar o lugar de postulante ao Senado na chapa majoritária pela qual o governador concorrerá à reeleição. Essa vaga é uma só. E a candidatura de Da Vitória ao Senado está condicionada a esse fator.

Se Casagrande o escolher para ocupar a posição ao lado dele na chapa oficial, o cavalo passará encilhado e o deputado poderá assumir a montaria. Mas, se o governador escolher outro parceiro ou parceira na chapa da situação, Da Vitória deve seguir o seu plano original, muito mais seguro, e pleitear a renovação do mandato na Câmara dos Deputados.

Hoje, além de Da Vitória, dois outros notórios aliados do governador têm chances maiores de preencher a vaga de candidato ao Senado na chapa governista: a senadora Rose de Freitas (MDB), pré-candidata à reeleição, e o ex-secretário estadual de Segurança Pública Alexandre Ramalho (Podemos).

Mas, ao contrário do deputado do PP, que evita se atirar nessa disputa, tanto Rose quanto Ramalho almejam e disputam abertamente essa condição. Com a prudência (ou relutância) de Da Vitória, hoje poderíamos dizer que a disputa está mais entre os dois.

Em entrevista a este espaço, Rose já declarou que acredita em Casagrande e espera que ele também acredite nela (isto é, abrace sua candidatura à reeleição).

Quanto a Ramalho, no dia 2 de abril – data fatídica para a filiação partidária de todos os pré-candidatos a todos os cargos em disputa –, o coronel da PMES chegou a estar com um coturno fora do Podemos, partido da base de Casagrande. Foi convencido a ficar, segundo ele próprio, mediante a garantia recebida do presidente estadual do partido, Gilson Daniel, de que será mesmo candidato ao Senado. Ramalho também apresentou esse pleito a Casagrande. O coronel só trabalha com essa hipótese e, em vídeos divulgados por ele em suas redes sociais, apresenta-se como pré-candidato a senador.

Correndo por fora, com chances bem mais tímidas de ser candidato a senador pela chapa de Casagrande, há ainda um quarto nome: o do professor, palestrante e escritor Nelson Junior, fundador do movimento Eu Escolhi Esperar. Ele quer concorrer ao cargo pelo Avante, pequena sigla que também compõe o arco de alianças do governador.

Concorrência externa

Não bastasse a “disputa entre amigos” em torno de Renato Casagrande, há dificuldades adicionais a considerar que podem afugentar Da Vitória da briga pelo Senado e que ajudam a entender a extrema cautela com que ele trata o tema. É que essa será uma briga de cachorros grandes, que vai muito além do raio de aliados do governador.

Com apenas uma cadeira em jogo (a de Rose), a briga inclui pré-candidatos como o ex-senador Magno Malta (PL) e o ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli (Republicanos) – respectivamente, nas chapas que têm Carlos Manato (PL) e Erick Musso (Republicanos) como pré-candidatos ao governo estadual. São nomes com densidade eleitoral, especialmente no campo da direita pró-Bolsonaro.

O ex-vice-governador César Colnago também já disse que quer viabilizar candidatura ao Senado, pelo PSD. Como se não bastasse, PT e PSDB também podem lançar candidatos próprios.

A corrida está altamente embolada, a concorrência é dura, a relação “candidatos/vaga” desanima… Tudo isso somado pode levar Da Vitória a preferir a alternativa muito mais ao seu alcance: uma reeleição que, se não é certa, é no mínimo bastante palpável. Em 2018, ele foi o 3º mais votado para deputado federal no Estado, com 74,7 mil votos.

O certo é que, para uma candidatura de risco, ele não vai de jeito nenhum.

“Vai profetizando”

É verdade, como disse Da Vitória, que este colunista nunca ouviu o deputado afirmar que quer se candidatar ao Senado. Mas, no dia 10 de março, na antessala do gabinete do governador no Palácio Anchieta, encontrei-o por acaso e brinquei, para testar sua reação: “Senador!”

Ele sorriu e retrucou: “Vai profetizando…”

O cumprimento da “profecia” depende da estribaria de Casagrande.

“O Sombra”…

Candidato ao Senado ou não, Da Vitória tem sido visto dia sim, dia também, com o governador em reuniões e eventos públicos. Nesta quinta-feira (26), reuniu-se com Casagrande e com o prefeito de Águia Branca, Jailson Quiuqui, para tratar de interesses do município do Noroeste do Estado (região do deputado, que é de Colatina).

… e “A Sombra”

Curiosamente, em várias solenidades do governo (ou de terceiros, com o governador), Da Vitória e Rose têm aparecido ao lado de Casagrande (ao mesmo tempo, mas não necessariamente “juntos”).

No último dia 18, ambos foram homenageados pelo Sindicato do Comércio de Exportação e  Importação do Espírito Santo (Sindiex), por seu empenho pessoal em prol da aprovação, no Congresso, do projeto de lei de autoria do deputado Efraim Filho  (União Brasil-PB), que virou a Lei 186/2021.

A lei prorrogou até 2032 a vigência de incentivos fiscais considerados essenciais para as empresas de comércio exterior no Espírito Santo, por incrementarem as atividades portuárias e movimentarem a economia capixaba.

Da Vitória e Rose foram relatores do projeto, respectivamente, na Câmara e no Senado. Os dois foram agraciados com o prêmio Personalidade do Comércio Exterior Capixaba 2022. Em seu discurso, Casagrande agradeceu aos dois pelo empenho e pediu salvas de palmas para ambos.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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