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Coluna Inovação | Não estou mais aqui

Entenda como o cenário global se transformou após a pandemia, as tensões entre potências e os impactos da geopolítica contemporânea

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Crises, tensões e novos termos definem a geopolítica contemporânea. Um cenário de incertezas. Foto: Freepik

Crises, tensões e novos termos definem a geopolítica contemporânea. Um cenário de incertezas. Foto: Freepik

O mundo que conhecíamos parece que não está mais aqui, foi levado. Durante os últimos anos, depois da pandemia, das guerras mais recentes e do aumento de tensão entre EUA e China, imaginamos uma transformação que inclusive criou novos termos. Friendshoring significava que as cadeias produtivas seriam remanejadas para países amigos. O discurso de Trump muda esse conceito. Não existem mais países amigos. Todo mundo merece uma tarifa. MAGA significa que tudo que for possível vai voltar e ficar lá mesmo. Nós já recebemos o recado: não temos importância. Alguém, de lá mesmo, já disse, há muitos anos, que países não têm amigos, têm interesses. De alguma forma, sempre foi assim, mas a linguagem era mais suave. Outra expressão, nearshoring, onde as cadeias de produção iriam para países próximos, não existe mais, o golfo do México mudou de nome e o Canadá foi incorporado, no discurso. Eu compro, e se não quiser vender eu tomo, ouviu com outras palavras a Dinamarca com sua Groenlândia. O Panamá subdesenvolvido não mereceu nem preço. Outras palavras também perderam, powershoring, países com disponibilidade de energia renovável seriam atraentes para indústrias. Drill, baby, drill. Esquece esse negócio de eólica offshore. Vamos furar tudo atrás de petróleo mesmo. Acordo de Paris, o escambau. ESG quem? Meninos vestem azul e meninas vestem rosa. Alguém já disse isso na goiabeira. DEI(Diversidade, Equidade e Inclusão, da sigla em inglês) fim, diria ele. Claro que vai virar licença para agressões de rua. OMS? Cloroquina neles. BRICS querem sair fora do dólar? Sanções de castigo.

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O famoso Complexo Industrial Militar que presidiu políticas durante os anos de guerra fria foi substituído pelo Complexo Industrial Tecnológico, com suas bigtechs trilionárias, e vai além do militar explícito para as guerras digitais subterrâneas das redes sociais que matam reputações e soltam bombas de pós-verdades sem controle.

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O ex-Presidente Nixon usava a Teoria do Louco(Madman Theory) para passar a impressão para a antiga União Soviética que poderia apertar o botão da guerra nuclear se não tivesse êxito nas negociações políticas. Maquiavel escreveu muito antes que ”às vezes , é muito sábio simular loucura”. Não se sabe se funcionou nesse caso. Analistas acreditam que é essa a estratégia de Trump, meter medo para negociar bem. Países da OTAN que coloquem mais dinheiro no orçamento de defesa, senão ele cai fora, Ucrânia que aceite paz de qualquer jeito ou fica sem ajuda, Putin que pare com a guerra ridícula senão as sanções serão insuportáveis. Mas esse não foi da KGB à toa e já usou a estratégia na própria Ucrânia ameaçando com armas nucleares.

Não há papas na língua, nem limite para expressar um personalismo histriônico e nem preocupação com os que pensam diferente no seu próprio país. De Gaulle, autoritário mais discreto, ensinava “Quando quero saber o que a França pensa, pergunto a mim mesmo”. É desse jeito, ninguém sabe mais distinguir o que é verdade e o que é mentira, nem nas redes e seus deepfakes e nem no discurso de Trump.
Não é só o foguete do Musk que dá marcha a ré.


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Evandro Milet

Evandro Milet é consultor, palestrante e articulista sobre tendências e estratégias para negócios inovadores. Possui Mestrado em Informática(PUC/RJ) e MBA em Administração(FGV/RJ). É Conselheiro de Administração certificado pelo IBGC e Conselheiro do CQC Inovação do Ibef/ES. Tem extensa experiência profissional, no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Brasília, como empresário, executivo de empresas públicas e privadas, conselheiro de administração e consultor nas áreas de TI, inovação, qualidade, gestão, estratégia, empreendedorismo e meio ambiente, além de ser mentor e investidor em startups. Participa do programa EStúdio 360 Inovação na TV Capixaba e no programa Inovação na Band News FM. Co-autor do livro Vencedores pela editora Qualitymark. É atualmente Presidente do Cdmec- Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico.

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