Coluna Valor em Foco
Acordo comercial entre EUA e Brasil no radar: o que esperar
Se de fato houver um acordo comercial, o Brasil pode conseguir vantagens estratégicas importantes

Brasil pode conseguir vantagens estratégicas importantes. Foto: Freepik
Um possível acordo comercial entre Estados Unidos e Brasil, depois de toda a turbulência causada pelo chamado “tarifaço” sobre nossas exportações, seria uma oportunidade histórica para retomar as relações entre os países. O movimento inicial dos EUA, com aumento de tarifas, trouxe preocupação para setores-chave da nossa economia, especialmente o agronegócio e a indústria de base. Isso afetou confiança, projeções de receita e até mesmo a taxa de câmbio, já que investidores ficam mais cautelosos quando enxergam riscos externos. Porém, ao mesmo tempo, crises assim sempre abrem espaço para negociações que podem trazer benefícios no médio e longo prazo.
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Se de fato houver um acordo comercial, o Brasil pode conseguir vantagens estratégicas importantes. Em primeiro lugar, acesso a condições diferenciadas para exportação de commodities agrícolas e minerais, que são a base do nosso superávit comercial. Além disso, setores industriais poderiam ser inseridos em cadeias globais de valor com mais competitividade, reduzindo custos de importação de insumos e abrindo mercado para produtos de maior valor agregado, além dos minerais de terras raras, que são fundamentais para a nova onda de Inteligência Artificial e desenvolvimento de tecnologias militares. Isso gera um ciclo positivo: mais empregos, maior arrecadação e atração de investimentos diretos.
Outro ponto é a sinalização política. Um acerto com os EUA mostra ao mundo que o Brasil é capaz de negociar com grandes potências, mesmo depois de um episódio de tensão. Essa percepção reforça nossa imagem como parceiro confiável, o que pode facilitar outros acordos multilaterais, inclusive dentro do Mercosul e junto à União Europeia. Sem contar que uma aproximação nesse nível pode trazer benefícios colaterais em áreas como tecnologia, defesa e infraestrutura, que normalmente acompanham parcerias comerciais de peso.
Em resumo, o “tarifaço” foi um choque, mas também pode ter sido o gatilho para um diálogo mais amplo. Se o governo brasileiro souber explorar bem esse momento, o país pode sair fortalecido, ampliando seu protagonismo global e garantindo melhores condições para produtores, empresários e, no fim das contas, para a população. É aquele cenário em que a crise vira oportunidade, desde que haja visão estratégica , capacidade de articulação e visão de longo prazo.
*Ian Lopes é economista formado pela Universidade Católica de Brasília e estudante de Administração de Empresas na Universidade de Brasília ( UnB). Desde 2022 atua como assessor de investimentos na Valor Investimentos , atendendo clientes Private e Alta Renda.
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