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Coluna Inovação

Dados e mais dados. Para o bem e para o mal

Obter dados para negócios sempre foi muito necessário, mas era muito caro

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Sistemas internos das empresas eram estanques, não compartilhavam dados. Foto: Reprodução

Sistemas internos das empresas eram estanques, não compartilhavam dados. Foto: Reprodução

Obter dados para negócios sempre foi muito necessário, mas era muito caro. Computadores eram caros, armazenar dados em memórias era caro, processar dados era caro, captar dados de clientes era caro e difícil, cruzar dados e apresentá-los de forma visual simples e gráfica era caro e complicado, transmiti-los pelos meios de comunicação, quando não era impossível, era muito irritante. 

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Os sistemas internos das empresas eram estanques, não compartilhavam dados. Negócios eram tocados no escuro, na adivinhação, na intuição, baseados em dados que apareciam só no final do mês ou no balanço anual, mesmo assim sem detalhes. 

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A infraestrutura digital mudou tudo. O processamento e o armazenamento de dados foram para a nuvem e o que era produto – computadores – virou serviço, não foi mais necessário comprá-los e nem tomar conta deles. O custo para armazenar, processar e transmitir dados caiu exponencialmente. 

Alguém poderia dizer “mas agora eu gasto muito com isso tudo”. Claro, a queda de preços permitiu o aparecimento das facilidades de sistemas e aplicativos sofisticadíssimos, como Internet das Coisas (IoT), visão computacional e Inteligência Artificial, que entregam dados detalhados e consolidados, até sobre o futuro, para as empresas trabalharem. Os ERP integram os dados dos sistemas internos, e os dados de clientes e mercado estão disponíveis em sistemas desenvolvidos para isso ou nas redes sociais. Vale o preço. 

Uma empresa comercial pode monitorar o padrão de compras de todos os clientes em todas as suas filiais ao redor do mundo e reagir quase imediatamente com descontos, alterações no estoque, mudanças no layout das lojas e fazer isso 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano. Robôs vasculham o preço dos concorrentes e modulam o preço dinâmico em vários segmentos. 

Com os mecanismos práticos do marketing digital, se consegue acessar e se comunicar individualmente com cada cliente, atraindo-o para uma verdadeira máquina de vendas, que faz com que ele seja alimentado com informações do seu interesse até uma conversão de compra efetiva. 

E os clientes entregam suas informações inocentemente nas suas redes sociais todos os dias, acreditando que usufruem de um mundo grátis e prazeroso, sem perceberem – ou sem se importarem -, que eles são o produto e suas informações sustentam o negócio das grandes empresas digitais altamente lucrativas. 

O Google pode ver o que as pessoas pesquisam, o Facebook o que elas compartilham, o Instagram o ambiente em que vivem, a Amazon o que elas compram e falam dentro de casa, o Tik Tok traz para o jogo a geração mais nova e a rapidez da comunicação, a Apple registra por onde elas andam e com quem se comunicam. Agora o ChatGPT e os seus

sucedâneos em IA que querem engolir todos esses e fazer o papel dos humanos como seus agentes que não só informam como também os substituem. E por trás delas, a Nvidia, a maior empresa do mundo em valor de mercado, com seu hardware incomparável – por enquanto. 

As empresas tinham que ir onde os clientes estavam, para se comunicar com eles e conseguir dados. Antigamente, estavam lendo jornais impressos no café da manhã, desligados dentro de um escritório durante o dia ou sentados no sofá da sala, à noite, vendo TV unidirecional passivamente. Hoje, ao contrário, elas fazem as pessoas irem atrás delas, nas redes o dia inteiro, em qualquer lugar, nos smartphones, não mais passivamente. Estão reagindo, reclamando, dando opinião, consultando, postando, compartilhando, engajando e produzindo conteúdo para o bem ou para o mal. E os algoritmos dirigindo, influenciando, provocando, induzindo – e se esquivando das responsabilidades -, como se estivessem inocentemente só transmitindo os que as pessoas dizem e fazem. 

Para os negócios, que assim seja: que se aproveite para conhecer profundamente os clientes, captar dados e usar toda essa maravilha de tecnologia. Para os clientes, que as empresas coloquem no mercado exatamente aquilo que eles precisam, ou que nem sabem que precisam ou que seria possível. E que se consiga controlar as distorções e manipulações dos algoritmos e a criatividade maligna de alguns internautas. 

Obs: os travessões são meus mesmo.

Evandro Milet

Evandro Milet é consultor, palestrante e articulista sobre tendências e estratégias para negócios inovadores. Possui Mestrado em Informática(PUC/RJ) e MBA em Administração(FGV/RJ). É Conselheiro de Administração pelo IBGC, Membro da Academia Brasileira da Qualidade-ABQ, Membro do Conselho de Curadores do Ibef/ES e membro do Conselho de Política Industrial e Inovação da Findes. Foi Presidente da Dataprev, Diretor da Finep e do Sebrae/ES, Conselheiro do Serpro e Banestes. Tem extensa atuação como empresário, executivo e consultor em inovação, estratégia, gestão e qualidade, além de investidor e mentor de startups, principalmente deeptechs. Tem participação em programas de rádio e TV sobre inovação. É atualmente Presidente do Cdmec-Centro Capixaba de Desenvolvimento Metal-Mecânico.

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