Coluna Inovação
Por onde anda a bancada do Brasil?
Economistas apontam que o crescimento sustentável depende da redução dos juros, controle de gastos públicos e estímulo ao investimento produtivo

Brasil tem um compromisso histórico com as galinhas e inveja o seu voo curto. Foto: Reprodução
A melhor coisa que poderia acontecer para o Brasil seriam 10 anos de crescimento de 5% ao ano, o que daria acima de 50% a mais de PIB, ou 20 anos de crescimento de 5%, o que mais que dobraria o PIB. Esse valor não é alto, comparado com China e Índia, e provavelmente não seria difícil de conseguir. Com um crescimento desse porte, provavelmente ninguém mais receberia salário mínimo dada a procura por trabalhadores. Claro que isso só aconteceria se os juros caíssem para a faixa de 2%, como aliás aconteceu em 2018, com o teto de gastos, provocando uma grande movimentação dos dinheiros saindo de renda fixa e procurando investimento produtivo. Com juros baixos e salários maiores todos poderiam comprar casas próprias, fazer reformas, comprar o gás, pagar a conta do celular, pagar transportes sem precisar de programas governamentais, ou pelo menos só programas pequenos, sem a grandiosidade de hoje.
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É sonho ter um crescimento desses? Deng Xiaoping entendeu a fórmula e fez. É glorioso ficar rico, dizia ele. A China, que era um país com baixos salários, não é mais. Quem procura baixos salários foi para outros lugares. A China, que era um país que copiava tudo, agora inova. Até parece exagerado ter 120 fábricas de automóveis, num capitalismo predatório que só quem tem competência sobrevive e a produtividade explode. Sobra dinheiro para mil trens bala, as pontes fantásticas da internet, portos de matar de inveja e, principalmente, uma educação que olhamos de binóculo no teste Pisa e faz o país dar saltos gigantes em inovação e tecnologia.
Porém o Brasil tem um compromisso histórico com as galinhas e inveja o seu voo curto. Cresce um pouquinho, começa a gastar o que não pode, volta a inflação, sobem os juros e o país se esborracha logo adiante. Dadas as circunstâncias, os programas sociais se justificam e falta dinheiro para investimento. Crescimentos medíocres, sem investimento em infraestrutura, com educação precária, comemorados como grandes vitórias sobre as previsões negativas. Pleno emprego comemorado sem engenheiros, sem técnicos e com exército de pretensos nanoempresários entregando sanduíche de bicicleta.
Os juros têm que baixar para recuperar o grau de investimento, atrair capitais de fora e os da renda fixa. Hoje, empresários não têm motivação para investir. Como ter um retorno maior que a renda fixa? Quase impossível.
Não tem jeito. Para baixar os juros tem que reduzir subsídios, tem que controlar os exageros de cargos e remunerações na administração pública de todos os níveis, e infelizmente, tem que corrigir as aposentadorias só pela inflação, além de atingir quem não entrou na última reforma. A conta das aposentadorias é tão maior que todas as outras que não pode ficar de fora.
Mas está difícil fazer o que tem que ser feito. O executivo não gosta de controlar gastos, com a falácia que gasto é vida, desconfia de empresários e pensa que o governo deve comandar a economia. O Congresso, gordo em emendas e fundo eleitoral, se divide mais em bancadas de lobby que em partidos. Tem as bancadas da Bíblia, do Boi, da Bala, da Bola, do Banco, dos Burocratas, dos Bilionários e das Bets. Muitas delas pagando pouco imposto. Nessas letras B fica faltando a bancada do Brasil.
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