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Coluna Vitor Vogas

Vila Velha: federação liderada pelo PT terá candidato a prefeito

Partido já não considera haver nenhuma chance de apoiar a reeleição de Arnaldinho. Ex-deputado Vereza lança “Carta à Militância” na cidade

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Edinho Wilson e Babá. Crédito: PT

O Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu: em Vila Velha, a federação formada pelo partido com o PV e o PCdoB terá candidato a prefeito. O nome ainda não está definido. O PT trabalha com dois: o dentista e ex-vereador João Batista Gagno Intra (Babá) ou o economista Edinho Wilson, representantes de correntes internas diferentes. Os dois estão à disposição. A Executiva Municipal do PT já comunicou as suas pretensões a seus “sócios partidários” e, se assim quiserem, PV e PCdoB também podem apresentar seus nomes para o debate interno no âmbito da federação.

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Fato é que a Federação Brasil da Esperança (Febrasil) terá candidato próprio a prefeito de Vila Velha, para fazer frente ao atual prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) – inclinado à centro-direita – e ao projeto da direita bolsonarista representado agora pela candidatura do coronel Alexandre Ramalho (PL). Eventual apoio à reeleição de Arnaldinho, que chegou a ser cogitado em dado momento, agora está fora de questão. Quem o garante é ninguém menos que o presidente do PT em Vila Velha, Fabricio de Santana.

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Na noite da última terça-feira (9), a Executiva Municipal do PT reforçou essas decisões, em sua reunião semanal. No mesmo encontro, integrantes da direção da agremiação de esquerda aprovaram uma carta redigida de próprio punho pelo ex-deputado estadual Cláudio Vereza, defendendo com veemência a tese da pré-candidatura do PT em seu município.

Morador da Barra do Jucu, Vereza segue sendo a personalidade política mais influente do PT de Vila Velha e a principal referência do partido no município, mesmo fora da vida pública há quase uma década, desde que encerrou o seu último mandato na Assembleia Legislativa e decidiu se aposentar de disputas eleitorais. Mesmo paraplégico, Vereza exerceu seis mandatos no Legislativo Estadual (1987-1991 e 1995-2015) e chegou a presidir a Assembleia por um biênio de 2003 a 2005, logo após a “Era Gratz”, num momento crucial para a “virada de página” do Parlamento capixaba.

Agora, aos 74 anos, embora não dispute mais mandatos, Vereza segue exercitando suas duas maiores paixões: a escrita (ele foi jornalista comunitário em seus tempos de bairro Aribiri e é formado em Jornalismo pela Ufes) e a militância política nas fileiras do partido do presidente Lula. Nos últimos meses, tem mostrado um entusiasmo que não se via há muitos anos, nem nele nem no partido, com a oportunidade de lançamento de um candidato próprio do PT à Prefeitura de Vila Velha, o que não ocorre desde 2012, enxergando nessa eleição municipal – com os “ventos favoráveis” soprados de Brasília graças ao retorno do partido à Presidência – uma chance única de fazer o PT ressurgir, ou começar a ressurgir, no meio político canela-verde e na sociedade do município.

Em Vila Velha, o PT se encontra adormecido, para não dizer vegetativo, há praticamente uma década.

Na verdade, o último lampejo de vigor político mostrado pelo partido se deu em 2008, exatamente quando o próprio Vereza foi candidato a prefeito. Foi a última candidatura realmente competitiva do PT na cidade. No auge político, o então deputado estadual tinha chances de passar ao 2º turno, se tivesse fechado uma aliança de esquerda com o PDT, partido do então prefeito Max Filho. Max, porém, preferiu lançar um candidato próprio, Dyonizio Ruy Junior. Vereza ficou em 3º lugar, e Neucimar Fraga foi eleito, derrotando Hércules Silveira no 2º turno.

Depois disso, em 2012, o PT lançou nova candidatura a prefeito, a última na cidade. Foi à disputa com o então vereador Babá, que ficou muito longe de ir para o 2º turno: só teve 2,33% dos votos válidos. O partido só elegeu um vereador nesse pleito (Zé Nilton). Depois disso, nunca mais elegeu ninguém em Vila Velha, passando em branco em 2016 e 2020, e sua militância não vinha dando sinais de vida numa cidade que, nas últimas eleições gerais, viu crescerem a onda Bolsonaro e o eleitorado de direita.

Na carta de Vereza à militância petista e ao Diretório Municipal, na qual esta coluna inclusive é citada, o ex-deputado avalia que a reeleição do prefeito Arnaldinho passa a estar em perigo – o que ele chama de “crise da reeleição” – a partir da entrada em campo não só do futuro candidato da Febrasil, mas de outras três pré-candidaturas que se colocaram no jogo nas últimas semanas (não especificadas por ele na carta): a do Coronel Ramalho (PL), a do ex-prefeito Neucimar Fraga (PP) e a do ex-vereador Maurício Gorza (PSDB), apoiado pelo ex-prefeito Max Filho (PSDB).

Segundo a leitura de Vereza, essa pulverização de candidaturas levará ao 2º turno a disputa pela Prefeitura de Vila Velha. Nisso estamos de acordo, conforme chegamos a defender na análise citada por Vereza em sua carta. Discordamos porém, neste momento, da conclusão do ex-deputado de que tal conjuntura amplia as chances de o PT chegar ao 2º turno na cidade.

Reunião do Diretório do PT em Vila Velha, realizada no início de março. Da esquerda para a direita: Babá, Fabricio de Santa, Edinho Wilson, Jack Rocha e Cláudio Vereza

Vereza destaca que o PT está voltando a se organizar pela base no município, “com o objetivo de ‘dar uma virada’ nas próximas eleições presidenciais, com uma vitória contundente das forças democráticas e populares em Vila Velha”. O ex-deputado, portanto, mantém o entendimento de que lançar candidato próprio a prefeito agora também é importante para o partido melhorar seu desempenho na disputa presidencial de 2026.

Em 2022, no 2º turno entre Bolsonaro e Lula, o primeiro teve pouco mais de 60% dos votos válidos em Vila Velha. Vale dizer que, para cada dois votos de Lula na cidade, o então presidente teve três.

Abaixo, reproduzimos a carta de Vereza na íntegra, mantendo as palavras que ele grafou com letras maiúsculas:

CARTA À MILITÂNCIA DO PT DE VILA VELHA E AO DIRETÓRIO MUNICIPAL

Caros amigos,

A militância do PT de Vila Velha tem dado um exemplo de firmeza política e ideológica diante das dificuldades que o presidente Lula teve na cidade sob ataque das forças de direita com a pregação armamentista e golpista e dos valores antidemocráticos do ódio e da discriminação e elitismo social.

Já demos os primeiros passos importantes para levantar a poeira e dar a volta por cima. A [coluna Vitor Vogas], ao fazer o balanço do peso eleitoral das forças políticas de Vila Velha, já atribui uma votação de 10% a 15% (num cenário pessimista) à candidatura a prefeito do PT, fator que também impulsionará fortemente a eleição de uma chapa de vereadores.

Além disto, pesquisa nacional recente atribui uma preferência ao PT de 34% da população, o dobro da soma dos demais partidos.

Estamos nos organizando pela base, como nos melhores momentos da heroica história do PT no Brasil, com o objetivo de “DAR UMA VIRADA” nas próximas eleições presidenciais com uma vitória contundente das forças democráticas e populares em VILA VELHA, A CIDADE DA PARTICIPAÇÃO POPULAR. Isso é possível!

Para isso precisamos nos organizar ainda mais e de forma crescente, tanto presencial como virtualmente, para obtermos uma bela vitória política na eleição para prefeito e vereadores de outubro próximo.

CONSIDERANDO:

1 – A análise de conjuntura CORRETA do PT-VV na reunião do Diretório Municipal Ampliado, antevendo a CRISE POLÍTICA com o esfacelamento da MEGA COLIGAÇÃO PARTIDÁRIA que “abrangeria da direita até a esquerda”, segundo o Prefeito (que já pensava em ser governador). A análise também acertou ao prever a CRISE DA REELEIÇÃO comprovada com o surgimento de várias novas candidaturas e uma conjuntura completamente diferente nas eleições municipais.

2 – A decisão corajosa e assertiva do PT-VV, por decisão unânime da Reunião do Diretório Municipal Ampliado, de não apoiar a candidatura “de direita” de Arnaldinho e lançar candidatura majoritária e proporcional, teve grande impacto na redefinição da conjuntura político-eleitoral do município em função da CRISE DA REELEIÇÃO. O surgimento de novas candidaturas facilita a chegada do PT-VV no 2º turno, e até a vitória.

3 – Há necessidade de atualizar o discurso e o programa do partido em função da nova conjuntura política criada pela CRISE DA REELEIÇÃO e a emergência dos novos concorrentes.

Por isso, propomos a realização de nova reunião do diretório deliberativa e ampliada para aprofundar a mobilização da militância e discutir a atualização do discurso e do programa do partido em função da nova conjuntura política, e um calendário de reuniões itinerantes nas regiões administrativas da cidade.

Vila Velha, em 09 de abril de 2024.

Cláudio Vereza

Assinam:
Inês Simon
Izanildo Sabino
Luana Moreira de Oliveira
Otniel Barcelos de Aquino
Rogério Ramos

Edinho Wilson


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