Vereador de Vitória pede ao STF que apreenda o passaporte de Do Val

André Moreira é vereador de Vitória. Foto: Reprodução Facebook

Recém-empossado, o vereador de Vitória André Moreira (PSol) apresentou notícia-crime contra Marcos do Val (Podemos) ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a apreensão do passaporte diplomático do senador, a fim de evitar que ele saia do país.

O vereador quer que o STF investigue a participação de Do Val no episódio que o próprio senador tornou público: a trama em que ele se envolveu (ou foi envolvido), com o então presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Daniel Silveira, visando à aplicação de um golpe de Estado no país para evitar a posse do presidente eleito Lula (PT).

O frustrado complô, revelado por Do Val à revista Veja, ainda objetivava a prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Na madrugada desta quinta-feira (2), em uma live nas suas redes sociais, Do Val afirmou que Bolsonaro tentou coagi-lo a colaborar em um plano sigiloso com o objetivo de dar um golpe de Estado. Segundo o parlamentar, a investida foi recusada e prontamente denunciada por ele.

“Eu ficava puto quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei”, afirmou o senador na live.

Logo depois, em um post no Instagram, Do Val anunciou que estava saindo definitivamente da política e que pretendia voltar a trabalhar nos Estados Unidos.

A Veja publicou as informações em seu site nesta quinta-feira.

A proposta golpista foi transmitida a Do Val por Daniel Silveira, na presença de Bolsonaro. O plano era que o senador fosse ao encontro do ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e, durante a audiência, gravasse o ministro admitindo estar extrapolando os limites legais em decisões relacionadas a Bolsonaro.

Em entrevista coletiva, o senador mudou sua versão quanto a ter sido “coagido por Bolsonaro” (como ele mesmo afirmara horas antes, na live). Disse que a ideia do golpe partiu de Daniel Silveira, que o deputado foi quem expôs os planos num encontro entre os três e que, durante essa reunião, Bolsonaro limitou-se a escutar.

Do Val também mudou o discurso quanto à intenção, anunciada por ele mesmo, de renunciar ao mandato e abandonar a política. Na entrevista, afirmou que há “zero possibilidade” de a sua suplente, Rosana Foerste, assumir seu mandato no Senado.

Além de vereador, André Moreira é advogado. Na eleição municipal de 2020, ele ficou como 1º suplente do PSol. Com a chegada de Camila Valadão à Assembleia Legislativa, André assumiu o mandato do partido na Câmara de Vitória. Tomou posse nesta quarta-feira (1º).

Justificativa

Em vídeo publicado em suas redes sociais, André justificou assim a sua decisão de protocolar a representação no STF:

“O Marcos do Val disse que vai sair da política e vai voltar para os Estados Unidos. Por conta disso, nós entramos com uma representação junto ao Supremo, junto ao ministro Alexandre de Moraes no inquérito que ele preside, para que a gente retire o passaporte de Marcos do Val. Ele não pode fazer uma denúncia dessa gravidade e ir para os Estados Unidos, porque lá ele fica fora da jurisdição brasileira. Então ele tem que se explicar, inclusive para que a gente saiba se ele efetivamente participou da tentativa de golpe que iria tirar a possibilidade de posse do presidente Lula.” 

Na legenda, o vereador chamou o senador de “Cavalo de Troia”  (o popular “presente de grego”):

“No capítulo de hoje da novela golpista, Do Val revela a trama, urdida por Bolsonaro e Daniel Silveira: usar Do Val como ‘Cavalo de Troia’ para grampear o ministro do STF Alexandre de Moraes.”

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