Coluna Vitor Vogas
Entrevista: “Mantenho minha palavra: reeleição está fora dos meus planos”, diz Vidigal
Em bate-papo com a coluna, prefeito da Serra se posiciona sobre Philipe Lemos, Xambinho, Audifax Barcelos, Vandinho Leite, Amaro Neto e Pablo Muribeca. Para o último, reserva as críticas mais ácidas
No mundo político, é comum candidatos dizerem que não concorrerão à reeleição, durante a campanha ou logo depois de serem eleitos. Em 2020, logo após ganhar a disputa na Serra e carimbar seu retorno à prefeitura para o quarto governo, Sérgio Vidigal (PDT) afirmou justamente isso. Na conversa abaixo com a coluna, ele mantém a palavra dada: “Disputar a reeleição não está nos meus planos”.
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Se quiser mesmo manter a palavra, o prefeito necessita preparar um candidato a sucessor. Hoje, dentro de seu grupo político, três aliados são cotados: o deputado estadual Alexandre Xambinho (PSC), o novo presidente da Câmara da Serra, Saulinho da Academia (Patriota), e o jornalista Philipe Lemos (PDT). O último foi nomeado por Vidigal nesta semana para chefiar a Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer da Serra.
Mas há também quem duvide que Vidigal não será candidato. Nesse caso, suas negativas seriam um blefe, e a projeção conferida a aliados como Philipe Lemos não passaria de uma estratégia do prefeito para despistar adversários e tirar as atenções de cima dele enquanto governa.
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Enquanto isso, fora do raio de influência de Vidigal, potenciais adversários se movimentam, como o deputado estadual Pablo Muribeca (Patriota), o ex-prefeito Audifax Barcelos (sem partido) e o deputado estadual Vandinho Leite (PSDB) – considerado mais próximo de Audifax pelo grupo do prefeito.
Jogando parado, há ainda o sempre lembrado deputado federal Amaro Neto (Republicanos), cujo domicílio eleitoral está na Serra desde março de 2020.
Na entrevista abaixo, além de expor os seus planos (ou não planos) eleitorais, Vidigal comenta o potencial eleitoral de Philipe Lemos e avalia individualmente os seus principais adversários. Um por um, o prefeito se posiciona sobre todos, reservando as críticas mais agudas a Muribeca: “Faz a figura de um personagem. O modelo dele não me agrada”.
A entrevista foi dada na segunda-feira (27) à noite, antes, portanto, do episódio na quarta-feira (1º) em que Muribeca foi expulso por Saulinho da Academia do plenário na Câmara da Serra.
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Confira as declarações do prefeito:
O senhor será candidato à reeleição em 2024?
Eu em nenhum momento trabalhei com essa possibilidade de candidatura à reeleição. O que eu trabalho é por um mandato de resultados. Esse debate vai depender muito dos resultados e do desenvolvimento da gestão, até se o PDT tiver que sugerir outro nome. Então vou repetir o que falei lá no início: não está nos meus planos ser candidato à reeleição. Em nenhum momento cheguei a colocar isso como prioridade para mim. Eu não sendo candidato, é lógico que desejo que quem for candidato dê sequência às conquistas da cidade.
De fato, logo após vencer a eleição em 2020, o senhor declarou que não disputaria a reeleição. Mas é comum políticos recém-eleitos dizerem isso e depois voltarem atrás. O senhor não pode voltar atrás?
O meu caminho é exatamente manter a minha palavra: disputar a reeleição não está nos meus planos.
Alguns falam em Philipe Lemos como aposta do senhor para ser seu candidato à sucessão. O senhor confirma essa possibilidade?
Não foi com essa motivação que eu o trouxe para a minha equipe. Mas nada na vida é descartado. Por exemplo, eu trouxe o Audifax para ser meu secretário de Administração e ele foi candidato a prefeito pelo PDT em 2004. Tudo depende de desempenho. Se eu te disser que o PDT não tem outros nomes, não é verdade. O PDT tem outros nomes. Mas não estou trabalhando isso agora. Se eu começar a falar de eleição agora, a gente acaba perdendo o rumo do mandato. O pessoal da política já está conectado na eleição do ano que vem, começando a discutir essa eleição, mas os cidadãos não estão conectados. E, quando a gente começa a citar nomes, as pessoas na política desqualificam esses nomes. Entendo que o momento não é de mostrar capacidade eleitoral, mas capacidade de gestão e resultados. E estamos vivendo um momento eleitoral muito diferente.
Em que sentido?
Agora, não só bons resultados elegem alguém. O resultado de uma gestão ajuda, é lógico, mas hoje só isso não resolve. O quadro político no país está muito polarizado, como vimos em 2022. Não sei se isso vai se reproduzir no ano que vem. Nossa expectativa é que, dependendo do desempenho do presidente Lula, isso possa se reduzir. Mas com certeza não vai acabar, porque esse negócio de direita e esquerda ficou solidificado e hoje até se sobrepõe a outros fatores.
Mas o senhor trabalha com essa hipótese? Philipe pode mesmo ser candidato a prefeito?
Ele nunca me disse isso. Nunca conversamos sobre essa pauta. Só dá para discutir esse processo eleitoral no ano que vem, até pelo grau de satisfação da população com a gestão e pelo tipo de eleição que vai se dar: se vai ser de narrativas ou de resultados. De qualquer forma, se Philipe for candidato aqui ou em outro local, ele sem dúvida vai contribuir muito.
Quem são seus principais aliados políticos hoje na Serra?
O governador Renato Casagrande. O Xambinho é um deputado aliado. Tenho uma boa relação com ele.
E com o deputado Pablo Muribeca? Como o senhor define sua relação com ele?
Muribeca busca explorar um tema, que é o atendimento nas UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] da Serra, e ele faz a figura de um personagem. Vou ser muito honesto com você: tenho até dificuldade em entender. Sou um político mais antigo, mas sou um político que tem critérios. Então tenho muita dificuldade com esse novo modo de fazer política, de interpretar um personagem em plenário e nas redes sociais. Em qualquer circunstância, não seria tão fácil manter uma relação política com ele, de afinidade política, pois não me identifico com o modelo dele. Mas respeito. Ele faz o papel dele e deu certo para ele: o objetivo que ele tem ele acaba conquistando, mas não sei por quanto tempo… Na Câmara, ele fazia oposição a mim. Na Assembleia, agora, também. Ele levantou uma bandeira e está lá naquela bandeira dele. Mas é uma pessoa também que, com todo o respeito, não vi nenhum tipo de conteúdo propositivo no mandato. É uma forma agressiva que ele tem, inclusive com as pessoas. Acho que é um modelo meio bolsonarista, de falar forte e tal… O modelo dele não me agrada.
E quanto ao deputado federal Amaro Neto?
Amaro é um cara decente. Tenho boa relação com ele. Amaro tem aquele personagem dele no programa de TV, mas na vida real ele é muito diferente e, na política, deixa o personagem pra trás.
Com base no que o senhor está dizendo, Amaro para o senhor seria o contrário do Muribeca nesse aspecto?
É, o Amaro não faz o personagem dele na política. Inclusive, se ele fizesse mais na política o personagem dele na TV, talvez até se beneficiasse mais politicamente.
Amaro foi cotado em 2020 para concorrer a prefeito da Serra. Acha que ele pode vir em 2024?
Em 2020, ele inclusive foi convidado pelo ex-prefeito [Audifax] para concorrer. Mas não sei. Acho que essa eleição vai fazer todos nós refletirmos sobre o processo. De qualquer forma, ele tem os adeptos dele aqui na Serra. Mas essa eleição é majoritária e de dois turnos. Cada um tem que avaliar isso.
E o próprio Audifax? O senhor acredita que ele tentará voltar em 2024?
Acho que ele pode ser candidato. Ele está se movimentando para isso. A informação que tenho é que ele está. É direito dele, é legítimo e é da democracia. Ele está habilitado para isso. Não é um desconhecido da cidade. Pode ser candidato, sem nenhum problema. Mas, como o cenário da última eleição mudou, não sei como cada um se comportará nesse processo. O que percebo é que estão trabalhando para que haja muitas candidaturas. O próprio Audifax trabalha por isso. Então creio que é possível, sim. Não vi publicamente, mas algumas pessoas têm me dito que ele tem feito contatos e manifestado interesse em disputar.
Quem hoje está próximo a Audifax na Serra?
Há alguns vereadores eleitos pelo grupo dele. Na eleição passada para governador, ele apoiou o Manato no 2º turno… Não sei o que o Manato vai fazer…
E o deputado Vandinho Leite, um dos seus adversários em 2020? O senhor acha que também será candidato de novo?
Também é da Serra e também está apto a concorrer a prefeito, se for a vontade dele.
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