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Coluna Vitor Vogas

O que dizem as últimas pesquisas sobre a eleição da Serra

Para onde estão migrando os “órfãos de Audifax”? E quantos votos realmente estão em disputa entre Weverson e Muribeca neste 2º turno?

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Muribeca e Weverson se encaram, durante debate A Gazeta/CBN

Muribeca e Weverson se encaram, durante debate A Gazeta/CBN (21/10/2024)

O 2º turno da eleição para a Prefeitura da Serra está em aberto. Será decidido, é claro, pelos eleitores do município, no próximo domingo (27). Mas é irrefutável que as últimas pesquisas eleitorais, publicadas pela Rede Vitória e pela Rede Gazeta, indicam favoritismo de Weverson Meireles (PDT) sobre Pablo Muribeca (Republicanos). As sondagens da Futura Inteligência e do Ipec reúnem um conjunto de notícias mais auspiciosas para o candidato do prefeito Sergio Vidigal (PDT) e mais preocupantes para Muribeca.

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Antes de passarmos aos números dos levantamentos publicados ao longo do 2º turno, vale lembrar que, no dia 6 de outubro, Weverson passou de fase em primeiro lugar, com 39,66% dos votos válidos, e Muribeca avançou em segundo, com 25,21%.

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Desde o início do 2º turno, a campanha de Muribeca usa o mote da “virada”, presente tanto no jingle (“Vira, vira, virou!”) como no nome dado a eventos como o encontro da última terça-feira (22) no Centro Comunitário de Laranjeiras (“Virada 10”). Isso se justifica não só por ele ter chegado atrás de Weverson no 1º turno, mas porque permanece em desvantagem em todas as medições de intenção de voto publicadas até a manhã deste sábado (26).

Pesquisas da Futura Inteligência: a boa vantagem de Weverson e a migração dos eleitores de Audifax

Na última quarta-feira (23), a Rede Vitória divulgou pesquisa da Futura Inteligência sobre a Serra. Weverson sobressaiu com 57,3% dos votos válidos, ante 42,7% de Muribeca. A vantagem de 14,6 pontos é relativamente confortável.

Mas essa não foi a única notícia ruim para Muribeca. A rejeição dos serranos ao “filho da Serra” (como sua campanha o intitula) é bem maior que a sofrida pelo “cidadão de Vitória” (como Muribeca chama Weverson). O candidato do Republicanos não teria o voto, de jeito nenhum, de 41,2% dos entrevistados. Só 27,2% não votariam, sob nenhuma hipótese, no candidato do PDT.

A outra boa notícia para Weverson é a variação dos números do cenário espontâneo para o estimulado. Na primeira pergunta do questionário, quando os nomes dos candidatos não são apresentados aos entrevistados, 40,4% declaram a intenção de votar em Weverson, enquanto 34,9% dizem que pretendem votar em Muribeca. Pode-se considerar que esses são os eleitores com o voto mais consolidado. A diferença de 5,5 pontos percentuais é relativamente pequena.

Então passamos para a estimulada, na qual os nomes dos dois são submetidos aos entrevistados. Aí, Weverson sobe 12,3 pontos, de 40,4% para 52,7%. Muribeca, por sua vez, sobe só 4,4 pontos, de 34,9% para 39,3%.

Matematicamente, a conclusão é a seguinte: de cada quatro eleitores que só fazem sua opção ao serem estimulados a escolher entre Weverson e Muribeca, três preferem o pedetista, enquanto só um prefere o republicano.

Politicamente, a conclusão que se pode extrair disso é ainda mais interessante. Estamos falando aqui, basicamente, dos “órfãos de Audifax”: eleitores que muito possivelmente votaram no ex-prefeito no 1º turno. Na pesquisa de 2º turno, espontaneamente, eles não citam nem Weverson nem Muribeca. Mas, na pergunta seguinte, quando estimulados a escolher um dos dois, 75% deles (¾) vão de Weverson.

Tal constatação me parece uma prova matemática eloquente de algo que muito se comentava nos bastidores durante o 1º turno, inclusive dentro do comitê de campanha de Weverson: grande parte dos eleitores de Audifax, no fundo, também tem simpatia por Sergio Vidigal. Por isso, em eventual 2º turno entre Weverson e Muribeca, boa parte desses eleitores tenderia a migrar para “o candidato de Vidigal”, sobretudo os de mais alta escolaridade, não apenas por simpatia por Vidigal, mas também por rejeição a Muribeca e a seu estilo mais populista.

Os números provam o acerto da aposta feita por estrategistas da campanha do PDT. Os mesmos estrategistas tinham convicção, desde o início, de que o verdadeiro adversário de Weverson no 1º turno era Audifax (efetivamente batido e tirado do caminho precocemente por ele, no dia 6 de outubro). Pelos mesmos motivos, o confronto ideal para Weverson no 2º turno era exatamente contra Muribeca. Um 2º turno contra Audifax tinha tudo para ser mais renhido – até porque o Republicanos, se não o próprio Muribeca, poderia marchar com o ex-prefeito.

Também por essa razão, o próprio Vidigal chegou a declarar a esta coluna, com notável sinceridade, em meados de julho: “Nosso grande desafio é levar Weverson ao 2º turno. Se ele chegar ao 2º turno, será o próximo prefeito da Serra”.

A mesa do 2º turno ficou posta da maneira mais conveniente possível para Weverson. O tabuleiro ficou armado do jeito ideal para o pedetista, com ele abrindo uma boa dianteira (maior do que poderia esperar o mais otimista aliado ou colaborador) e tendo por oponente Muribeca.

Somente a abertura das urnas no domingo poderá confirmar isso, mas talvez, apenas talvez, a eleição na Serra tenha sido pré-definida pelo resultado do 1º turno, no dia 6 de outubro.

Pesquisa da Futura Inteligência: a estabilidade do quadro

A outra excelente notícia portada pela sondagem da Futura ao time Weverson é a absoluta “imutabilidade” do quadro eleitoral na Serra. A consulta citada, publicada na última quarta, foi a segunda da série do instituto sobre a Serra no 1º turno. A primeira foi publicada no dia 14 de outubro.

A diferença dos números de um levantamento para o outro? Basicamente, nenhuma. No dia 14, Weverson tinha 57,1% dos votos válidos; na última quarta-feira (23), passou para 57,3%. Muribeca tinha 42,9%; passou para 42,7%. Num intervalo de nove dias, a oscilação de um para o outro foi de 0,2 ponto percentual. Tirando alguém que piscou no fundo do retrato, a fotografia é rigorosamente a mesma.

Entre uma pesquisa e outra, houve muitas entrevistas, ações judiciais e polêmicas na Serra, de fundo ideológico, religioso e moral. Houve muita troca de acusações relacionadas a fake news e violência nas redes sociais e nas ruas. Mas, indiferentemente a tudo isso, as intenções de voto seguiram inalteradas, praticamente congeladas.

O congelamento do quadro, obviamente, beneficia quem está na liderança.

Pesquisa do Ipec para a Rede Gazeta: Weverson bem à frente e migração de votos de Lula e de Audifax

A Rede Gazeta publicou, no último dia 18, consulta realizada pelo instituto Ipec. Esse levantamento foi realizado e divulgado entre os dois da Futura.

Nos votos válidos, Weverson também apresentou boa vantagem na ponta (aliás, maior que a informada pela Futura): 61% dos votos válidos, ante 39% de Muribeca.

Na pesquisa do Ipec, a rejeição a Muribeca também mostrou-se bem maior que a sofrida por Weverson (precisamente, o dobro), mas os números dos dois são bem menores (a metodologia é diferente): 26% dos entrevistados disseram que não votariam em hipótese alguma no candidato do Republicanos, ao passo que 13% não votariam no do PDT.

O levantamento trouxe outro número desfavorável a Muribeca: de acordo com o Ipec, na semana passada, três em cada quatro entrevistados (75%) já haviam definido o candidato. Essa “consolidação do voto” logicamente favorece quem lidera a corrida, pois diminui, em teoria, a probabilidade de “reviravolta” ou reversão do quadro.

A mesma pesquisa informou que 75% dos eleitores do presidente Lula (PT) preferem Weverson a Muribeca na Serra. O deputado do “chapelão” é a opção de 25% dos que votaram em Lula em 2022. Entre os eleitores declarados de Jair Bolsonaro (PL), a divisão é meio a meio: 50% para cada um.

Isso justifica, em parte, a decisão de Weverson e do PDT de rejeitarem formalmente a manifestação oficial de apoio por parte da Executiva Municipal do PT. A maior parte dos eleitores de Lula já prefere o pedetista, naturalmente, sem que o PT precise estar formalmente no palanque do candidato pedetista. Ao mesmo tempo, ter o PT formalmente em seu palanque poderia afugentar votos de eleitores antipetistas.

Por fim, a pesquisa do Ipec para a Rede Gazeta publicada no último dia 18 confirma, de maneira direta e objetiva, o dado matemático que inferimos da pesquisa da Futura para a Rede Vitória: a migração muito maior de votos de Audifax para Weverson do que para Muribeca. Segundo o Ipec, 64% dos que votaram no ex-prefeito no 1º turno manifestaram a intenção de votar em Weverson. Só 36% dos “órfãos de Audifax” disseram-se propensos a votar em Muribeca.

Esse cálculo do Ipec excluiu as menções de “órfãos de Audifax” a votos brancos, nulos e indecisos, considerando somente os votos atribuídos a Weverson ou a Muribeca, para a base do cálculo desses percentuais.

Quantos votos realmente estão em disputa entre Weverson e Muribeca neste 2º turno?

Maior colégio eleitoral do Espírito Santo, a Serra tem, segundo dados oficiais do TSE, 362.524 eleitores registrados e aptos a votar neste ano. A abstenção no 1º turno foi alta no município: ficou em 27,13%, acima do índice nacional (21,68%) e do estadual (23,47%).

No dia 6 de outubro, quase 100 mil eleitores faltaram ao encontro com as urnas na Serra. Dos 362.524 habilitados, só 264.180 compareceram para votar. Esse foi o total de votos dados para prefeito da Serra. .

Excluídos brancos e nulos, os votos válidos (todos aqueles atribuídos a candidatos) foram 244.778.

Desse total, Weverson obteve 97.087 (39,66% dos válidos). Muribeca teve 61.690 (25,20% dos válidos).

Entretanto, quando se toma por base os 362.524 eleitores aptos a votar na Serra, os quase 100 mil votos de Weverson no 1º turno correspondem a somente 26,7% de todos os votos possíveis no colégio eleitoral. Muribeca, por sua vez, só chegou a 17,0% do total de votos possíveis.

Somando os votos de Weverson e Muribeca, os dois tiveram, no 1º turno, um total de 158.777 dos 244.778 votos válidos. Foram 64,86% dos válidos.

Mas os dois finalistas tiveram, juntos, só 43,7% dos 362.524 votos possíveis na Serra. Vale dizer que, no 1º turno 56,3% dos eleitores registrados na Serra não votaram nem em Weverson nem em Muribeca.

Isso significa que, em tese, neste 2º turno – considerando os que não foram votar no 1º turno na Serra, mais os que votaram em branco, nulo ou nos outros cinco candidatos –, há um universo de 203.747 votos em jogo, inteiramente “sem dono”, os quais não foram dados nem a Weverson nem a Muribeca no primeiro escrutínio.

Essa é a quantidade real de votos realmente em jogo – sem considerar, é claro, possíveis (mas improváveis) “viradas de voto” entre os dois candidatos de um turno para o outro, e levando em conta que todos os eleitores de Weverson e Muribeca no 1º turno repitam o voto agora, no 2º turno.

Muribeca não foi azarão no 1º turno

Em debates e discursos, Muribeca tem dito que chegou ao 2º turno contra todas as expectativas, quando ninguém acreditava… Não é bem assim. Na verdade, ele passou toda a campanha do 1º turno, de ponta a ponta, exatamente em segundo lugar em todas as pesquisas eleitorais.

A diferença é que ele vinha sempre atrás do ex-prefeito Audifax Barcelos (PP), que liderou as pesquisas até a véspera da votação, enquanto Weverson partiu lá de baixo e aparecia sempre em terceiro lugar ou, no máximo, tecnicamente empatado com Muribeca.

Portanto, Weverson surpreendeu chegando com folga em primeiro; Audifax surpreendeu, e muito, despencando para terceiro; mas Muribeca só fez se manter em segundo lugar. Está longe de poder ser considerado um azarão nesse processo.

Sua passagem para o 2º turno não foi nenhuma surpresa, e sua votação ficou próxima ao que indicam as pesquisas. A surpresa foi a inversão de posições dos seus dois principais concorrentes.


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