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Coluna Vitor Vogas

Giro 360 – “Fanfarrão”: Denninho parte para cima de Vidigal na Assembleia

E mais: A encruzilhada de Denninho e do União Brasil na Serra; O que diz o vice Thiago Carreiro sobre a eleição na cidade; Todas as CPIs com presidente e relator definidos na Assembleia; Câmeras em uniformes em debate na Comissão de Direitos Humanos; Mudanças nas comissões e novo diretor-geral na Casa; Por onde anda Hudson Leal?

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Em uma treta intermunicipal, o deputado estadual Denninho Silva (União Brasil), de Vitória, atravessou a divisa e respondeu pelo discurso mais explosivo contra um prefeito do Espírito Santo até agora na Assembleia Legislativa, desde o início dos trabalhos este ano. Foi na sessão da última terça-feira (7). E o alvo, para perplexidade de quem o ouviu, foi o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT), chamado da tribuna de “fanfarrão” pelo ex-vereador de Vitória.

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Dono de estilo sanguíneo e passional, Denninho relatou que, por duas vezes, tentou ser recebido por Vidigal no gabinete do prefeito, mas, após tomar um chá de cadeira, não foi atendido por ele. Praticamente declarando que vai para a oposição a Vidigal, o deputado afirmou que, a partir de agora, vai se juntar ao colega Pablo Muribeca (Patriota) na fiscalização ao prefeito. “Vou passar a fiscalizar da unha ao cabelo dele. Ele não sabe com quem mexeu!”, ameaçou Denninho.

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Adversário de Vidigal e cotado para concorrer à Prefeitura da Serra em 2024, Muribeca tem usado a tribuna, desde o início do mandato em fevereiro, para criticar a gestão de Vidigal, sobretudo na área da saúde e, de modo mais específico, a lotação das unidades de pronto atendimento (UPAs) da cidade.

“Agora eu entendo por que Pablo Muribeca faz pronunciamentos contra o prefeito Sérgio ‘Fanfarrão’ Vidigal, da Serra!”, atacou Denninho. “Um prefeito que não respeita um parlamentar, faço ideia o que ele faz com o povo da Serra! A saúde da Serra está abandonada! Um homem que se diz médico. Talvez deve ter sido médico na época da minha tataravó…”, debochou.

Subindo ainda mais o tom, Denninho conclamou Vidigal a renunciar – o que o prefeito obviamente nem cogita fazer: “Prefeito Vidigal, já passou o seu tempo de ser prefeito! Renuncie ao seu mandato e deixe as pessoas que de fato amam a Serra administrarem a cidade.”

Aliado de Lorenzo Pazolini (Republicanos), Denninho ainda trouxe o prefeito de Vitória para seu discurso, dirigindo-se ao próprio Vidigal: “Você tem que lavar a sua boca e escovar os seus dentes para falar do nosso prefeito Pazolini e comparar a saúde da Serra com a de Vitória!”

Misturando postos de saúde com os de gasolina, Denninho ainda fez uma ameaça grave, dizendo que vai, literalmente, “dar uma incomodada agora nos postos de combustível da Serra, na CPI dos Combustíveis”, por causa da “postura mal-educada” de Vidigal. O deputado é o proponente e o presidente da CPI recém-autorizada para funcionar por 90 dias na Assembleia.

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Ponderação

É claro que, no fundo desse rompante, há de haver muito mais que um ou dois chás de cadeira no gabinete de Vidigal, mas esse foi o motivo externado em público por Denninho.

E convenhamos: um deputado estadual ameaçar “incomodar” determinados estabelecimentos de determinado município só porque o respectivo prefeito não quis ou não pôde atendê-lo indica, no mínimo, instrumentalização política e direcionamento pessoal e muito pouco republicano de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Em que pese o estilo espontâneo e sanguíneo de Denninho, o deputado – ainda mais agora, na Assembleia – precisa tomar cuidado redobrado com as palavras escolhidas. As que ele proferiu, no contexto e na forma em que o fez, podem ser interpretadas até como chantagem política. E em público.

A encruzilhada de Denninho e do União Brasil na Serra

Pensando na próxima eleição a prefeito da Serra, Denninho está, ao menos hoje, numa encruzilhada. Seu partido também.

Vidigal tem reiterado que disputar a reeleição não está em seus planos. Mas, se ele não for mesmo candidato, seu grupo com certeza terá um.

Assim como o prefeito da Serra, Denninho é forte aliado do governador Renato Casagrande (PSB).

O partido do deputado, União Brasil (UB), está na base de Casagrande na Assembleia e também no atual governo, com o presidente estadual do UB, Felipe Rigoni, à frente da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

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No horizonte do UB, nacionalmente, está a formação de uma federação com o Progressistas (PP). Ora, no Espírito Santo, o PP é um aliado muito mais antigo e mais orgânico do governo Casagrande. Essa federação, se confirmada, tende a colocar o UB ainda mais no colo do governador e seus aliados.

Conclusão: se o grupo político do governador decidir dar apoio maciço a Vidigal ou ao candidato do prefeito no ano que vem na Serra (hipótese ainda mais forte caso vingue a federação do PSB com o PDT), e se Denninho realmente quiser partir para a oposição ao pedetista, o deputado terá de subir em um palanque na Serra diferente do palanque de Casagrande e do Palácio Anchieta.

Thiago Carreiro: possível candidato pelo UB

Para aumentar a complexidade desse jogo, é possível que o UB tenha candidato próprio a prefeito da Serra contra o grupo de Vidigal – e eis aí um ingrediente que pode ajudar a explicar o rompante de Denninho na Assembleia.

Rompido com Vidigal, o atual vice-prefeito, Thiago Carreiro, tem se movimentado para isso. Falando à coluna, ele confirma que ser candidato a prefeito “é uma possibilidade”.

Filiado ao UB, Carreiro afirma que está montando um grupo político na cidade pelo partido e que, com a mesma legenda, pretende participar da eleição na Serra em 2024.

Mesmo que se concretize a federação com o PP, responde Carreiro, ele pretende ficar onde está, até por sua “excelente relação com Felipe Rigoni”.

Evitando a palavra “oposição”, o vice-prefeito deixa claro seu antagonismo com Vidigal: “Ou você executa ou você fiscaliza. Tentei contribuir, mas não foi possível. Então agora estou fiscalizando e cobrando, não para fazer oposição, mas com o intuito de ajudar”.

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As cinco CPIs com presidente e relator definidos

Denninho falou da CPI dos combustíveis. Na verdade, cinco já estão autorizadas a iniciar os trabalhos na Assembleias. Todas já têm presidente, vice-presidente e relator definidos:

CPI dos Explosivos e Combustíveis
Proponente e presidente: Denninho Silva (UB)
Vice-presidente: Bispo Alves (Republicanos)
Relator: João Coser (PT)

CPI da Licença Ambiental
Proponente e presidente: Alexandre Xambinho (PSC)
Vice-presidente: Hudson Leal (Republicanos)
Relator: Mazinho dos Anjos (PSDB)

CPI das Rodovias
Proponente e presidente: Tyago Hoffmann (PSB)
Vice-presidente: Callegari (PL)
Relator: Lucas Scaramussa (Podemos)

CPI do Abuso Sexual contra Crianças e Adolescentes
Proponente e presidente: Dary Pagung (PSB)
Vice-presidente: Coronel Weliton (PTB)
Relator: Raquel Lessa (PP)

CPI dos Maus-Tratos contra Animais
Proponente e presidente: Janete de Sá (PSB)
Vice-presidente: Sérgio Meneguelli (Republicanos)
Relator: Alexandre Xambinho (PSC

Para constar

Denninho presidente da “CPI dos Explosivos” é um trocadilho pronto.

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Assembleia tem novo diretor-geral

É um cargo muito poderoso. E agora sabemos quem é seu novo ocupante. Como novo diretor-geral da Assembleia, o presidente Marcelo Santos (Podemos) escolheu um servidor de carreira da Casa: Miguel Amm, ocupante do cargo efetivo de consultor parlamentar.

Formado em Direito e pós-graduado em Direito Civil, Processo Civil e Gestão Pública, Miguel tem 31 anos de serviços na Assembleia.

Câmeras nos uniformes em debate na Comissão de Direitos Humanos

Tem tudo para pegar fogo: a pedido do bolsonarista Lucas Polese (PL), membro efetivo do colegiado, a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, Camila Valadão (PSol), pautou debate sobre o uso de microcâmeras no uniforme de agentes penais e, futuramente, de policiais no Espírito Santo. Deve ocorrer na próxima reunião da comissão, marcada para terça-feira (14), às 11 horas.

Colega de Polese na bancada do PL, o deputado Callegari é autor de projeto de decreto legislativo com o intuito de anular decreto de Casagrande que institui o uso das câmeras no uniforme de agentes penais em determinadas ações, como contenção de rebeliões.

O projeto pode ser votado, em regime de urgência, na sessão da próxima segunda-feira (13), se o plenário chegar a votar um veto que está trancando a pauta.

Gandini segue discordando do Palácio

Firme e forte em sua toada de marcar cada vez mais posição de independência à administração de Casagrande, o deputado Fabrício Gandini (Cidadania) segue discordando do Palácio Anchieta em quase tudo o que tem sido efetivamente votado em plenário.

Nesta semana teve pouca coisa, mas não passou despercebido que, mais uma vez, Gandini votou contra o governo, na análise de um veto de Casagrande a um projeto de lei apresentados pelo próprio deputado no mandato passado.

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O projeto de Gandini alterava uma lei estadual de 2002, obrigando empresas de transporte coletivo intermunicipal a manter pelo menos um balcão de atendimento adequado às normas de acessibilidade da ABNT, para vender passagens às pessoas com deficiência.

O veto total de Casagrande foi mantido pelo plenário por 15 votos a 10. Mas Gandini, assim como a oposição, votou pela rejeição do veto.

Ok, pode-se argumentar que ele era o autor do projeto… Mas, se fosse em outros tempos – isto é, na legislatura passada –, era provável que, mesmo sendo o pai da matéria, Gandini acompanhasse o governo e votasse a favor do veto à própria proposição, em acordo de bastidores com o Palácio Anchieta.

Camila fora do blocão

A deputada Camila Valadão saiu formalmente do bloco parlamentar formado no dia 1º de fevereiro por 18 deputados de partidos mais ligados ao Palácio Anchieta. O “blocão” é liderado pelo também líder do governo, Dary Pagung (PSB).

De perfil mais independente, Camila subiu à tribuna na última terça-feira para criticar o tratamento dispensado pelo governo Casagrande aos servidores públicos estaduais e à pauta de reivindicações da categoria.

Alcântaro e Esmeraldo fora das comissões

O deputado Alcântaro Filho (Republicanos) pediu para sair das comissões de Justiça, de Agricultura e de Educação. Era membro efetivo das três.

Já José Emeraldo (PDT) desligou-se da Comissão de Segurança (onde era membro efetivo) e de outras três comissões nas quais era suplente: Justiça, Agricultura e Infraestrutura.

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Com isso, Alcântaro só ficará como titular de uma comissão: a de Proteção à Criança e ao Adolescente, presidida por ele. Dará dedicação exclusiva. Esmeraldo também só restará como efetivo de uma (como disse desde o início que queria): a de Finanças.

Dr. Bruno quer saneamento de volta à Comissão de Saúde

Pode parecer mera tecnicidade, mas a iniciativa prova que agora, na ausência do longevo Dr. Hércules, o deputado e também médico Bruno Rezende (UB) chega à Assembleia para dominar a pauta da saúde e todos os temas correlatos à área (como, por exemplo, o saneamento básico).

No início de fevereiro, o plenário aprovou projeto de resolução de autoria do presidente Marcelo Santos que, entre outras mudanças, passou o tema “saneamento”, até então sob o guarda-chuva da Comissão de Saúde, para a Comissão de Infraestrutura, presidida por Xambinho (PSC).

Doutor Bruno assumiu a presidência da Comissão de Saúde e, agora, quer de volta o que foi tirado do colegiado. O deputado apresentou um novo projeto de resolução, reinserindo o “saneamento” como atribuição da Comissão de Saúde.

Na última terça, o plenário aprovou requerimento de urgência apresentado por ele e pelo líder do blocão, Dary Pagung, para acelerar a votação desse projeto.

E cadê Hudson?!?

Na reta final do processo de escolha da atual Mesa Diretora, após a chapa dele e de Vandinho Leite (PSDB) tomar uma fechada do Palácio Anchieta, o deputado Hudson Leal (Republicanos) conseguiu se reacomodar como 1º vice-presidente da Mesa Diretora, na chapa encabeçada por Marcelo Santos. Pareceu uma vitória. Mas pode ter sido de Pirro.

Com poderes na vice-presidência tolhidos de cara por Marcelo, Hudson até agora tem sido pouquíssimo visto em plenário e, na ausência de Marcelo, quem realmente tem presidido as sessões ordinárias é o 2º vice-presidente, Danilo Bahiense (PL). Hudson parece não ter voltado do carnaval.

Coronel Weliton como líder de fato

A propósito, Hudson também é, oficialmente, o líder do chamado “bloquinho”, o bloco parlamentar que reúne dez deputados de três siglas (Republicanos, PL e PTB). Na prática, porém, quem tem orientado o bloquinho nas votações, no lugar de Hudson, é o deputado Coronel Weliton (PTB), erigido em vice-líder desse bloco.

Atualização

Quando publicado, o texto desta coluna informava que só três das cinco CPIs já tinham os respectivos cargos definidos. Na verdade, todas já estão fechadas, conforme informado acima. O texto foi atualizado após a publicação.


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