Coluna Vitor Vogas
E Pazolini na Serra? Perdeu! Ganhou! Perdeu!… Ganhoooooou!
E mais: coadjuvantes na Serra – um inconteste perdedor, um inquestionável vencedor e o Highlander do Mestre Álvaro; o favorito à Mesa Diretora
E quanto a Lorenzo Pazolini? Perdeu politicamente por tabela, com a derrota de Pablo Muribeca, ao hipotecar seu apoio de forma tão ostensiva ao correligionário no 2º turno na Serra? Não, de forma alguma. A meu ver, assim como o próprio Muribeca, também “perdeu ganhando”. Até porque não tinha nada a perder nesse caso.
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O prefeito de Vitória, ao que tudo indica, tem projeto estadual para 2026, assim como tem o Republicanos. Aliás, os dois projetos são o mesmo: hoje, Pazolini é o nome mais cotado para ser lançado pelo Republicanos ao Governo do Estado daqui a menos de dois anos.
Para isso, ele precisa começar a “fazer seu nome” para além das divisas de Vitória – cidade politicamente mais importante, mas somente a quarta mais populosa do Estado. Já reeleito e com a vida resolvida no 1º turno, Pazolini aproveitou a oportunidade para começar a fincar os dois pés no maior colégio eleitoral do Espírito Santo. Era mesmo o momento mais propício que ele tinha para isso, sob o pretexto de ajudar um companheiro de partido em sua própria disputa eleitoral.
A presença ostensiva de Pazolini em território político serrano – com direito a uma mal explicada ligação ao secretário-chefe da Casa Civil Juninho Abreu com uma suposta “ameaça” e à presença do prefeito de Vitória no “não atentado” contra a comitiva de Muribeca em Central Carapina – já gerou um relativo estranhamento, devidamente verbalizado pelo prefeito Sérgio Vidigal (PDT).
Mas era a janela de oportunidade que ele tinha para isso sem que parecesse absurdo: ele estava a apoiar seu candidato, Muribeca, na cidade vizinha. De agora em diante, sim, encerrado o período eleitoral, não fará sentido algum qualquer eventual envolvimento do prefeito de Vitória em atividade política na Serra – como seria igualmente despropositada eventual participação do prefeito da Serra em atividade política em Vitória.
Se bem trabalhados, os 90 mil votos de Muribeca poderão ser absorvidos por Pazolini numa disputa estadual.
Thiago Carreiro: perdeu perdendo
Quem sai bem derrotado dessa eleição na Serra – aí, sim, de maneira incontestável – é o atual vice-prefeito, Thiago Carreiro (União). Rompido com Sérgio Vidigal desde o início do mandato, Carreiro chegou a cogitar lançar candidatura a prefeito. Em meados de março, foi convencido pelo presidente estadual do União, Felipe Rigoni, a se candidatar a vereador.
Desde o 1º turno, o União foi com Weverson (PDT). Carreiro, não. Foi mesmo candidato a vereador, mas passou muito longe de ser eleito, com tímidos 979 votos. Dos 23 parlamentares eleitos na Serra, o que entrou com a mais baixa votação, Wellington Alemão (Rede), teve 2.194. Veio o 2º turno para prefeito e Carreiro não só apoiou Muribeca, contra Weverson, como foi para as ruas em atividades de campanha do republicano… derrotado pelo pedetista.
Vandinho, o Highlander
Do alto do Mestre Álvaro (“high land”), ressurge, mais uma vez, o Highlander da política serrana. Com raro senso de oportunidade, Vandinho Leite, mais uma vez, sobreviveu. Após ter feito a aposta errada, em Audifax, no 1º turno, o deputado estadual foi rápido em levar o PSDB, presidido por ele no Estado, para o palanque de Weverson, bem no início do 2º turno. No fim, ficou do lado vencedor. A ver a participação do PSDB e dele mesmo no governo do candidato de Vidigal.
Xambinho sambou
Já o deputado estadual Alexandre Xambinho (Podemos) é um vencedor inconteste. É outro que também já esteve ao lado de Audifax na Serra. Inclusive, chegou à Assembleia em 2018 para seu primeiro mandato pela Rede, que era a sigla do então prefeito, após fazer parte de sua base na Câmara da Serra. Mas passou para o lado de Vidigal, fazendo a defesa de sua administração na Assembleia – não raro, contra Muribeca.
Xambinho esteve com Vidigal e Weverson desde o início, antes mesmo de o primeiro lançar o segundo, e não soltou a mão em nenhum momento. Durante a campanha, foi um coadjuvante vital, tanto na retaguarda (como um dos coordenadores) como na linha de frente, indo para as ruas sobre um trio elétrico pedir votos para Weverson, com ou sem o candidato ao lado.
A queda da votação de Audifax
Em 2004, quando chegou à Prefeitura da Serra para seu primeiro governo, com o apoio total de Vidigal, Audifax Barcelos obteve, precisamente, 111.887 votos no 1º turno. Desta vez, recebeu 58.643. Quer dizer que, de uma ponta à outra desse intervalo de 20 anos, a densidade eleitoral do prefeito caiu praticamente à metade (e notem que a população da Serra cresceu bastante no período).
Saulinho é favorito para seguir à frente da Câmara
Com a confirmação da vitória de Weverson no último domingo, a porteira fica escancarada para o atual presidente da Câmara da Serra, Saulinho da Academia, reeleger-se para o cargo e seguir comandando a Casa no biênio 2025-2026, primeira metade do próximo mandato.
Eleito vereador em 2020 para o primeiro mandato pelo grupo político de Audifax, Saulinho migrou para o PDT de Vidigal no primeiro semestre de 2023. Apoiando Weverson, foi o campeão da eleição parlamentar na Serra, com 8.241 votos.
O PDT elegeu cinco dos 23 vereadores. A coligação de Weverson, no total, fez 13 – a maioria do próximo plenário. Ao longo do 2º turno, outros vereadores eleitos, por siglas de outras coligações, aderiram ao projeto de Weverson (como os dois do PSDB e a vereadora reeleita Raphaela Moraes, do PP). Em entrevista à Rádio BandNews na manhã de segunda-feira (28), o prefeito eleito afirmou já ter perto de 20 dos 23 eleitos em sua futura base.
O candidato governista/pedetista para chefiar a Mesa é Saulinho.
Vereadores eleitos com Muribeca
A coligação de Pablo Muribeca só elegeu quatro vereadores: três pelo próprio Republicanos (o ex-presidente da Câmara Rodrigo Caldeira, Antonio C&A e Agente Dias) e um pelo PSD (Pequeno do Gás).
Não é muito provável que eles continuem fiéis a Muribeca, em oposição à gestão de Weverson, uma vez encerrado o processo eleitoral. Mais provável que capitulem no início ou antes mesmo da inauguração do mandato.
“Ouça a voz da experiência…”
Weverson foi eleito, precisamente, com 33 anos e sete meses. Vidigal hoje possui 67 anos e cinco meses.
Sabem o que isso significa?
Em janeiro, quando o discípulo for empossado, terá rigorosamente a metade da idade do mentor: 406 meses de vida para Weverson; 812 para Vidigal.
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