Coluna Vitor Vogas
Cris Samorini escolhe seu candidato à presidência da Findes
Estratégia conduzida pela atual presidente, com acordo selado nesta quinta, visa garantir a unidade do grupo e a vitória na eleição interna de abril

Cris Samorini (ao centro), entre Tales Pena Machado (à esquerda dela, para quem olha) e Paulo Alexandre Baraona (à direita dela)
A presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini, escolheu seu candidato à sucessão no comando da entidade. O nome apoiado por ela é o do atual 1º vice-presidente da federação, Paulo Alexandre Gallis Pereira Baraona, empresário do ramo da construção civil. A decisão foi sacramentada em reunião realizada na manhã desta quinta-feira (14). A eleição interna está marcada para abril de 2024 e o mandato da atual presidente, que não pode pleitear a reeleição, termina em junho.
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Conduzido pessoalmente por Samorini nos últimos meses, o movimento consolidado nesta quinta-feira unifica politicamente o grupo encabeçado pela atual presidente em torno de um só candidato (Baraona), a fim de assegurar a permanência do mesmo grupo no comando da Findes, garantindo antecipadamente a maioria dos votos. Segundo avaliações internas, agora na condição de candidato único da situação, Baraona larga no processo com amplo favoritismo.
O acordo costurado pela atual presidente passa também por seu conselheiro vice-presidente Tales Pena Machado, empresário do setor de rochas ornamentais. Ao longo dos últimos meses, os dois vice-presidentes vinham correndo em raias paralelas, buscando viabilizar as respectivas candidaturas à presidência da federação, dentro do grupo da situação.
Enquanto isso, num movimento à parte, o ex-presidente da Findes Marcos Guerra vem se articulando intensamente com o objetivo de voltar a comandar a entidade. À coluna, o empresário do setor têxtil de Colatina confirmou a intenção de se lançar novamente à presidência. Fora do grupo que atualmente controla a Findes, Guerra presidiu a federação por dois mandatos, de 2011 a 2017. Antes disso, foi suplente de senador da República, de 2003 a 2011. É um pré-candidato que não pode ser subestimado e que a situação pretende derrotar.
Ora, eventual cisão no grupo atualmente no poder, com o lançamento de duas candidaturas oriundas do “eixo Samorini”, poderia dividir os votos da situação, favorecendo, em tese, a candidatura da oposição representada por Marcos Guerra. A prioridade de Samorini, além de manter o seu grupo no comando, é não dar margem ao retorno de Guerra à presidência da federação. Assim, a articulação consolidada nesta quinta-feira garante a unidade da situação, que agora só terá a candidatura de Baraona como representante “eixo Samorini” na disputa.
Pelo que a coluna apurou, Samorini pretende declarar apoio público a Baraona mais à frente. Porém, já nesta quinta-feira, posou para “uma foto que vale mais que mil palavras”, postada entre seus dois vice-presidentes.
Confirmando-se a vitória de Baraona, Tales será o 1º vice-presidente na próxima gestão (cargo hoje ocupado pelo próprio Baraona no Conselho de Administração). Foi essa a promessa ouvida por ele para ser convencido a desistir de se lançar à presidência e também fechar apoio a Baraona.
Se o plano se confirmar, não deixará de ser uma “promoção” também para Tales, que assim se tornará o nº 2 na hierarquia da Findes. Na eleição interna da federação, não se lançam chapas completas para o Conselho de Administração. Os sindicatos patronais elegem apenas o futuro presidente e então, a partir da sua posse, é formado um novo Conselho. O compromisso assumido de antemão por Cris e Baraona com Tales é que este será escalado para a 1ª vice-presidência.
Em tempo: existem cinco conselheiros vice-presidentes, cargo hoje exercido por Tales. Primeiro vice-presidente, por óbvio, é um só.
No processo eleitoral da Findes, têm direito a voto os representantes dos 33 sindicatos patronais que compõem a federação.
Léo de Castro
A estratégia sucessória liderada por Samorini também conta com o apoio do seu antecessor na presidência, o empresário Léo de Castro.
O atual vice-presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) respondeu exatamente pela gestão entre Guerra e Samorini na linha do tempo, de 2017 a 2020.
Empresário da indústria plástica e filho do ex-senador Sérgio Rogério de Castro, falecido no dia 31 de outubro, Léo foi o grande apoiador e padrinho político de Cris Samorini na eleição em que ela o sucedeu, realizada em 2020. Depois disso, a atual presidente adquiriu projeção própria, mas os dois continuam integrando o mesmo grupo político dentro do meio empresarial capixaba.
A coluna apurou que opção de Cris Samorini por Baraona se deu em função de dois motivos. Em primeiro lugar, como 1º vice-presidente, ele possuiria uma vivência mais intensa e um conhecimento mais profundo, hoje, sobre as principais questões que compõem a agenda da federação. Em segundo lugar, teria mostrado maior persistência e maior disponibilidade para ser candidato e dedicar-se integralmente ao dia a dia da entidade.
Nas eleições gerais
Léo é filiado ao PSDB e já teve o nome especulado para concorrer a alguns mandatos eletivos. No último pleito, em 2022, foi cotado e estimulado a concorrer a vice-governador, senador e até 1º suplente da então senadora Rose de Freitas (como a própria admitiu), mas não abraçou plenamente a ideia e segue sem jamais ter disputado eleição alguma.
Além de ter sido suplente de senador, Marcos Guerra concorreu a deputado federal em 2018 (pelo PSL, partido de Jair Bolsonaro à época) e a deputado estadual em 2022 (pelo Republicanos), sem êxito em ambos os casos.
Cris Samorini, em razão da ampla visibilidade adquirida (e buscada por ela) como presidente da Findes e de sua intensa presença na mídia capixaba e nas redes sociais, já foi lembrada como potencial candidata até a vice-prefeita na chapa do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), nas próximas eleições municipais. Jamais admitiu essa intenção.
