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Coluna Vitor Vogas

Aliança de direita: três pré-candidatos unem forças em Cachoeiro

Bruno Resende, Allan Ferreira e Diego Libardi selam um pacto: do trio, só sairá um candidato, com o apoio dos outros dois. Entenda o movimento em curso

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Da esquerda para a direita: Bruno Resende, Aridelmo Teixeira, Diego Libardi e Allan Ferreira. Crédito: Reprodução Instagram

Três pré-candidatos a prefeito de Cachoeiro de Itapemirim decidiram unir forças para chegar à prefeitura da maior cidade do sul do Espírito Santo em 2024. Os deputados estaduais Bruno Resende (União Brasil) e Allan Ferreira (Podemos) se juntaram ao secretário municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória, Diego Libardi (Republicanos), e formaram uma aliança robusta de centro-direita (ou de direita moderada) visando à sucessão do prefeito Victor Coelho (PSB) – que está fora do páreo, por não poder concorrer a um terceiro mandato seguido.

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Os três integrantes da frente foram ouvidos em separado pela coluna. Denotando profundo alinhamento, disseram rigorosamente a mesma coisa: do trio, só sairá um candidato. Vale dizer: só um deles manterá a candidatura a prefeito, sendo necessariamente apoiado pelos outros dois.

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O representante da tríade no pleito, afirmam, será escolhido com base em pesquisas quantitativas e qualitativas mais perto do período de convenções, em julho do ano que vem: quem estiver mais bem posicionado terá a preferência e o apoio total dos outros dois, sendo lançado como o candidato do grupo. É o que Allan Ferreira chama, espirituosamente, de “chá revelação”.

As conversas entre os três vêm se desenvolvendo desde meados de agosto e se intensificaram nas últimas semanas. Primeiro, Bruno e Diego se aproximaram; depois, Allan aderiu. A aliança foi sacramentada e tem se materializado em postagens dos três mosqueteiros de centro-direita nas redes sociais. Em dupla ou mesmo em trio, eles já têm aparecido juntos em eventos, reuniões preparatórias para o pleito e atividades de rua em Cachoeiro.

Bruno e Allan definem-se como deputados de centro-direita; Diego Libardi, como um representante da direita equilibrada. Não são representantes do bolsonarismo nem do populismo de extrema direita.

Em Cachoeiro, a direita bolsonarista já tem pré-candidato: o vereador Júnior Corrêa, do PL. No outro lado do espectro ideológico, o PT prepara o (re)lançamento do atual subsecretário estadual de Trabalho, Emprego e Geração de Renda, Carlos Casteglione, prefeito por dois mandatos, de 2009 a 2016. Ele está animado.

Enquanto isso, o prefeito Victor Coelho tem trabalhado para viabilizar sua própria candidata à sucessão. Sua aposta hoje é a secretária municipal de Manutenção e Serviços, Lorena Vasques Silveira, ainda sem filiação partidária. Interinamente, ela acumula a chefia da Secretaria de Obras. Para viabilizá-la, o prefeito tem dado muita visibilidade à aliada, fortalecendo as ações e entregas das pastas lideradas por ela e cedendo-lhe protagonismo em eventos públicos da prefeitura.

A proximidade ideológica sem dúvida serviu de cimento para aumentar a liga entre Bruno, Allan e Diego Libardi. Facilitou o entendimento e a amarração do acordo entre eles. Já no plano mais prático, analisando as posições de cada peça no tabuleiro político estadual, existe uma importante diferença entre o secretário de Cidadania de Vitória e os dois parlamentares.

Bruno e Allan são aliados do Palácio Anchieta e deputados da base do governo na Assembleia Legislativa. Os respectivos partidos, União Brasil e Podemos, fazem parte do governo Casagrande, ocupando juntos três secretarias estaduais.

Não é o caso de Diego Libardi.

Derrotado por Victor Coelho na eleição para prefeito em 2020, o advogado é filiado ao Republicanos, partido presidido no Estado pelo ex-presidente da Assembleia Erick Musso e integrado por alguns adversários do Palácio Anchieta, com destaque para o prefeito Lorenzo Pazolini – que vem a ser precisamente o chefe de Libardi na Prefeitura de Vitória. No Estado, o Republicanos não integra a coalizão de Casagrande. Segue rota independente do Palácio Anchieta, com planos próprios de crescimento.

A presença de Aridelmo Teixeira (Novo) com o trio em uma das recentes postagens de Libardi reforça o liame entre ele e Pazolini. Trata-se do secretário de Governo de Vitória, um dos articuladores políticos de Pazolini, além de aspirante a candidato a vice do prefeito da Capital em 2024. O Novo é outro partido que não gravita na órbita de Casagrande.

Esse é um fator muito relevante para os próximos capítulos do movimento apresentado aqui.

O prefeito Victor Coelho é não apenas aliado como correligionário de Casagrande no PSB. Se ele tiver candidato/a à sucessão, dificilmente o governador fará qualquer movimento público em favor de outro candidato em Cachoeiro. Além disso, o PT de Casteglione também é sócio do governo Casagrande, com assento no secretariado, o que torna ainda mais delicada a posição do governador nessa disputa.

Aliados governistas, Bruno e Allan afirmam que a frente eleitoral recém-formada por eles com Libardi tem total autonomia, mas dará os próximos passos em diálogo com o próprio Casagrande. A resolução de lançar um candidato do trio independe de eventual apoio do governador e de seu governo, mas este, é claro, seria bem-vindo para eles. Em havendo dois ou mais candidatos governistas no páreo, isso será muito improvável. Se assim for, eles almejam pelo menos a neutralidade do governador no processo eleitoral em Cachoeiro.

Se o candidato do grupo for Bruno ou Allan, é bem maior a chance de Casagrande não interferir, mantendo equidistância entre os aliados. E não é de todo impossível um acordo com o próprio Victor Coelho, costurado pelo governador. Um dos dois deputados, assim, poderia até virar o candidato da situação em Cachoeiro – com Casagrande e o Palácio Anchieta dando aquela força nos bastidores, discretamente, para não se indispor com o PT.

Todavia, se o candidato escolhido pelo trio for Libardi, o cenário muda substancialmente. Neste caso, fica praticamente impossível o apoio do Palácio e muito mais difícil qualquer tipo de composição desse trio envolvendo Casagrande e Victor. O governador pode até não entrar de sola no processo, mas dificilmente se mexerá para ajudar um candidato do Republicanos.

Já o atual prefeito por certo fará de tudo para derrotá-lo, pois, além de adversário na eleição municipal passada, em 2020, Libardi firmou-se nos últimos anos como opositor local de Victor. Aliás, nas conversas com a coluna, esse foi o único detalhe em que as falas dos três pré-candidatos da frente de centro-direita destoaram. Ao contrário de Bruno e Allan, Libardi reservou algumas críticas à atual gestão municipal.

Sobre a relação com Casagrande e o posicionamento do governador em Cachoeiro, Libardi afirma que não pode responder por ele, mas elogia o atual governo, garante não ter a menor intenção de estadualizar a disputa local e enfatiza que, se for o representante do trio nas urnas e se eleger prefeito, governará em total parceria não só com o governo Casagrande, mas também com o governo Lula (PT), buscando investimentos tanto do Estado como da União para a cidade.

Veja abaixo as principais declarações de Bruno, Allan e Libardi, começando por este último.

Da esquerda para a direita: Bruno Resende, Diego Libardi e Allan Ferreira. Crédito: Reprodução Instagram

DIEGO LIBARDI

Considerando-se integrante de uma “direita com respeito e produtiva, sem visão extremista”, o secretário de Cidadania de Vitória define o seu acordo com Bruno e Allan como um “exercício de humildade para promover uma união improvável”. “Se eu for o candidato do grupo, vou querer que Bruno e Allan sejam os meus maiores cabos eleitorais junto com a população. Se for um dos dois, eu é que serei o maior cabo eleitoral do nosso candidato.”

Segundo ele, o compromisso entre os três é definitivo: “Estamos maduros e firmes na decisão que tomamos. Do nosso grupo vai sair a melhor candidatura, para construirmos um grande projeto para Cachoeiro. Temos que afastar nossos projetos pessoais e pensar na cidade. Acho que é isso que está faltando à atual administração. Nos últimos anos, a política em Cachoeiro tem sido mais personalista e menos focada na cidade”, critica.

Libardi concorreu a prefeito pela primeira vez na última disputa municipal, pelo DEM, como o candidato do deputado estadual e ex-prefeito Theodorico Ferraço (hoje no PP). Em 2022, já no Republicanos, o advogado disputou sem sucesso uma vaga na Câmara Federal. Ele afirma que, “sem sombra de dúvida”, permanecerá na legenda. “Foi a casa em que me encontrei. É um partido de direita com o qual me identifico e que reúne a juventude.”

Libardi afirma que o trio tem maturidade e independência suficientes para manter o compromisso de candidatura firmado entre eles com ou sem o apoio de Casagrande – a quem, aliás, dirige elogios. Em sua visão, questões ideológicas e afetas à política estadual devem ser deixadas de fora da disputa eleitoral em Cachoeiro.

Para ele, a relação que importa mesmo é a administrativa, a partir de janeiro: quem quer que seja o próximo prefeito deverá fazer de tudo para garantir recursos para o município junto à esfera estadual e à federal. Com esse objetivo em mente, ele garante que, se for eleito, manterá a melhor relação possível com o governo Casagrande, independentemente de qualquer questão política ou partidária:

“A escolha do grupo não depende do aval de ninguém, mas a cidade vai crescer com uma boa relação. Na minha ótica, somos um grupo independente, representamos a novidade e vamos nos manter firmes. Quanto a ser do Republicanos, meu partido me conferiu independência para tocar o projeto de Cachoeiro e tenho a visão de que o governo Casagrande precisa participar da gestão municipal, pois Cachoeiro não pode ficar isolada. Qualquer prefeito que se eleger precisa estar alinhado com o governador para Cachoeiro sair do subdesenvolvimento, maior problema da cidade hoje. Precisamos dialogar, mesmo que haja divergências ideológicas. Aliás, precisamos afastar ideologias, buscando todo tipo de apoio. Vamos captar recursos, inclusive do Governo Federal.”

Para Libardi, o governador faz um terceiro mandato melhor que o anterior.

DR. BRUNO RESENDE

Deputado de primeiro mandato na Assembleia Legislativa, o médico Bruno Resende define a si mesmo como “potencial candidato a prefeito”, assim como Allan e Libardi. Ele ratifica o compromisso selado pelos três:

“O que esperamos é que haja uma confluência que daqui a pouco nos diga qual dos três será de fato candidato a prefeito de Cachoeiro. Da minha parte, a construção ideal é que saia só um candidato. O ideal é que eu não tenha como adversários o Diego e o Allan.”

Decidido a ficar no União Brasil e participar das eleições pelo partido, o oncologista ressalta a identificação que o une aos novos aliados em termos de projetos e de viés ideológico:

“Acho que nos identificamos em nível de projetos. Allan e Diego têm perfil de centro-direita, assim como eu. Por perfil pessoal, consigo dialogar com todos, respeitando todos os vieses ideológicos que puderem existir. Mas meu posicionamento é de centro-direita, assim como é o dos outros dois, então isso nos une”, afirma o deputado, presidente de cinco frentes parlamentares na Assembleia.

Bruno faz questão de destacar a autonomia do projeto do trio de centro-direita em Cachoeiro, mas se mostra plenamente aberto a dialogar com outros players no processo, inclusive o atual prefeito:

“Eu, Allan e Diego somos candidatos de nós mesmos. Mas nada impede que depois a gente se articule com outros atores desse jogo para engordar esse projeto. Tenho ótima relação com o governador, com o Júnior Corrêa e com o Casteglione. E tenho uma relação cordial com o Victor.”

Segundo Bruno, por ora o governador participa dessa discussão “de maneira periférica”, mas com certeza, mais à frente, entrará de forma mais direta. Reforçando a sua lealdade ao governo Casagrande, o deputado assegura que seguirá na base independentemente da eleição municipal e do posicionamento a ser adotado pelo governador no município. Seu apoio ao governo, afirma, não está condicionado à Prefeitura de Cachoeiro:

“Sou base do governo. Neste ano, votei 99% das vezes com o Executivo na Assembleia. O atual prefeito é aliado do governador, assim como eu sou aliado do governador. Mas isso não quer dizer que haverá uma confluência lá na frente. Podemos ser candidatos em lados opostos. A Prefeitura de Cachoeiro não é o preço para minha aliança com o governador. Da minha parte, a eleição municipal não vai mudar em nada minha aliança com ele.”

ALLAN FERREIRA

“Considero-me pré-candidato e estou trabalhando muito para me destacar como uma força que tenha condições de governar Cachoeiro”, assevera o deputado Allan Ferreira, também cumprindo o primeiro mandato na Assembleia. Isso após ter sido vereador da cidade por seis anos, de 2017 a 2022. O primeiro mandato na Câmara foi exercido pelo Republicanos. O segundo, já no Podemos.

Allan garante que continuará no partido. Mais que isso: acaba de reassumir o controle do Podemos em Cachoeiro, em acordo com o presidente estadual da sigla, o deputado federal Gilson Daniel. “Gilson me entregou o partido em Cachoeiro. Montamos uma nova Executiva Municipal com pessoas da minha confiança. O presidente é o advogado Pablo Lordes, meu aliado de primeira hora.”

Em linha com os dois novos aliados, ele também assinala os pontos de contato entre os três:

“Sou aquele político de centro-direita que conversa com todo mundo. Nunca tinha sentado à mesa com eles para discutir política. Cada um tinha o seu projeto. E agora sentamos para pensar Cachoeiro. Somos três lideranças que já fazem um trabalho político e social. Cada um tem o seu nicho, e os três se complementam, então decidimos unir forças. No ano que vem, quem estiver melhor nas pesquisas, com maior aceitação, será o candidato do grupo. É o compromisso firmado por nós três, e estamos seguindo isso à risca. Os três estão despidos de vaidade.”

O deputado define a aliança como uma “frente de centro-direita moderada”, que propõe uma “política leve”: “Esse perfil em comum facilitou a nossa união. Queremos ser ‘o grupo do diálogo’, fazer uma política boa, coletiva, leve e sem extremos”.

Respeitando o movimento de Victor Coelho de fomentar a pré-candidatura de Lorena Silveira, Allan defende que a eleição em Cachoeiro não seja estadualizada e acredita que o governador optará pela neutralidade, dado o alto número de aliados envolvidos no pleito:

“Precisamos desse diálogo com o Governo do Estado. O governador tem dois deputados da base no grupo de cá. A eleição não é mais com o Victor, é uma sucessão. O atual prefeito tem todo o direito de fazer seu movimento, assim como temos do lado de cá. Acredito que o governador não ficará contra o nosso grupo e, no mínimo, manterá uma neutralidade. Não vamos estadualizar a eleição em Cachoeiro, como nacionalizaram a última eleição estadual.”


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