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Coluna João Gualberto

Direita e Esquerda no cotidiano da política

Mudanças na política brasileira ao longos do últimos anos mostra a importância de acompanhar o cotidiano político do país

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Urna eletrônica. Foto: Reprodução/TRE

A política brasileira – como de resto tem acontecido em todas as sociedades no mundo contemporâneo – mudou muito, nos últimos anos. O protagonismo social das esquerdas derreteu. Basta ver a força que tiveram os movimentos mais contestadores nas ruas em momentos como as Diretas já, no fim da ditadura, ou o impeachment de Collor, por exemplo, e comparar o papel que as direitas passaram a ter na condução dos movimentos de sociedade.

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Essa presença conservadora de massa é fortemente produzida nas redes sociais. Enquanto as esquerdas ficaram presas a modelos de fazer política, muito mais organizada por instituições do mundo presencial, como as universidades, as direitas foram, com força, para o mundo digital. Através dele, a gestão da política passou a ser exercida cotidianamente. A partir disso, muita coisa tem mudado.

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Muitos têm tentado entender melhor esse conjunto de fenômenos. O brilhante intelectual Sergio Denicoli nos ajuda nisso. Ele publica, entre as muitas atividades que desenvolve, semanalmente, um artigo no Estadão sobre temas da atualidade social e política. Costuma repousar suas análises nos dados da AP Exata Inteligência Digital, empresa que criou e dirige. Nessas matérias, ele tem trazido para os seus leitores observações muito interessantes.

Uma delas, foi sobre o grande movimento das eleições nos Conselhos Tutelares, ocorrida no dia 1º de outubro, coisa nunca aconteceu antes. A presença física nas urnas foi antecedida por um pico de menções nas redes, acentuando a guerra cultural que vem sendo travada. Até porque as esquerdas também se movimentaram nesse espaço de discussão das políticas para as crianças. Em outro artigo, no mesmo espaço, Denicoli analisa as discussões que tem sido travadas na redes, em torno das consequências do ataque terrorista do Hamas e da reação do Governo israelense em Gaza.

Ele registra que a direita se posicionou muito rapidamente do lado de Israel, buscando, inclusive, argumentos bíblicos para justificar suas posições e mostrar que a esquerda apoia a causa árabe, a qual não se importa com motivos religiosos e tem sido complacente com atos de terror. Enfim, temas que nunca interessaram ao grande público, agora fazem parte da vida cotidiana das pessoas e redefinem os campos da política e passam a interferir diretamente na vida de muitos.

Esse enquadramento ideológico superficial às causas nacionais e internacionais, acaba definindo os temas da política no dia a dia. Arrasta muitos para novas posições frente a realidade. Mesmo que alimentados por uma máquina, onde qualquer narrativa vale como verdade, os brasileiros estão redefinindo seus campos acerca do que é o real, do que é o verdadeiro e do que é política. Quem não estiver atento a isso perde lugar na história.


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João Gualberto

João Gualberto é professor Emérito da Universidade Federal do Espírito Santo e Pós-Doutor em Gestão e Cultura (UFBA). Também foi Secretário de Cultura do Espírito Santo de 2014 a 2018. João Gualberto nasceu em Cachoeiro do Itapemirim e mora em Vitória, no Espírito Santo. Como pesquisador e professor, o trabalho diário de João é a análise do “Caso Brasileiro”. Principalmente do ponto de vista da cultura, da antropologia e da política.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.