Coluna Inovação
Petróleo onshore também é grande negócio para o estado
O Espírito Santo tem uma ótima afinidade com o petróleo. Temos petróleo offshore e onshore com benefícios diferentes em cada caso. Para o offshore, aproveitamos pouco na geração direta de empregos e na prestação de serviços, que acabam se concentrando muito no Rio de Janeiro, inclusive no Porto do Açu. Mas temos encomendas de plataformas para o Estaleiro Jurong, como foram os FPSO P-71 e Anita Garibaldi, e a possibilidade de um grande negócio próximo de descomissionamento de plataformas. O descomissionamento é o processo de desativação de plantas de produção que não produzem o suficiente, seja para realizar a remoção de uma área ou troca de uma linha de produção por uma planta mais nova. O planejamento estratégico da Petrobras prevê o aporte de US$ 9,8 bilhões em atividades de descomissionamento(26 plataformas nos próximos cinco anos) no período 2023-27.
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Um grande ganho com o offshore se dá nos royalties, permitindo o lançamento de um Fundo Soberano que já começou a aplicar 250 milhões em startups e que garante recursos para o futuro. Os empregos e serviços gerados por esse fundo são ganhos indiretos, embora muito relevantes.
O caso do onshore é bem diferente. São menos royalties, porém os empregos e a prestação de serviços acontecem aqui mesmo no estado. A recente venda de poços onshore pela Petrobras atraiu novas empresas, inclusive grupos privados locais como Imetame e Águia Branca que participam, junto com a EnP do ex-Secretário Márcio Felix, da empresa Capixaba Energia, que adquiriu o Polo Lagoa Parda. A Seacrest, empresa norueguesa, adquiriu o Polo Norte Capixaba e o Polo Cricaré e prevê 3700 empregos em 5 anos, com a produção de 30.000 barris/dia.
Isso parece pouco, comparado com o offshore, onde apenas uma plataforma é capaz de produzir 150.000 barris/dia. Mas façamos uma conta rápida: 30.000 barris/dia x 365 dias x 80 dólares o barril x 5 reais por dólar significam mais de 4,3 bilhões de reais de faturamento/ano. Isso é uma grande empresa privada, comparada às maiores, fora dos grandes projetos. Apareceria entre as 10 maiores do estado no Anuário das 200 Maiores do IEL.
É difícil vender serviços para a Petrobras, que é obrigada a trazer fornecedores de qualquer lugar e tem um custo muito alto para a produção onshore. Empresas privadas são mais ágeis, tem um custo menor e tem tendência de usar mais fornecedores locais.
A produção onshore de petróleo, no Brasil, deve dar um salto a partir de 2027, com novos operadores descobrindo reservas. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que o volume deve sair de 93 mil barris/dia, em 2022, para 153 mil barris/dia, em 2032 — crescimento de 64,5%.
Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), apenas cerca de 6% da produção nacional de petróleo e gás estão em áreas terrestres.
Em uma comparação rápida, o Brasil possui, hoje, 5.677 poços produtores. Enquanto isso, nos EUA, este número ultrapassa 936 mil poços em produção, de acordo com a agência de informação de energia (EIA). Destes, mais de 500 mil se encontram no estado do Texas.
Devemos prestar mais atenção ao petróleo onshore. É um bom negócio para o Espírito Santo.
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