Coluna André Andrès
Vinho e chocolate: como combinar história e sabor
Há quem se arrisque nas combinações de vinho e chocolate. No entanto, se você não quiser errar, escolha uma harmonização clássica: certeza de sucesso
Algumas harmonizações são um tanto complicadas, mesmo quando falamos de alimentos muito saborosos. Por exemplo: vinho e chocolate provocam paixões pelo mundo afora. No entanto, provar um bombom com uma taça de Carménère pode ser uma experiência desagradável. A doçura e a cremosidade do chocolate não combinam com os taninos e a acidez do tinto seco. Porém, há uma harmonização clássica no mundo dos sabores. Ela junta o chocolate, em suas variações, e um tipo de vinho especial, os fortificados.
Existe até uma disputa. Os amantes dos rótulos franceses garantem: essa combinação só é realmente perfeita quando o vinho tiver sido produzido na região de Banyuls-sur-Mer, no sul do país, perto da Espanha. Realmente, o Banyuls é especial. Por outro lado, os defensores da tradicional produção portuguesa não abrem mão da harmonização de chocolates com certo vinho feito na região do Douro. Aliás, esses apreciadores esbanjam opções, citando combinações com Tawny, Ruby ou LBV, algumas das variações do famoso e histórico vinho do Porto.
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Afinal, Banyuls ou Porto?
É um pouco complicado comprar, no Brasil, os rótulos produzidos em Banyuls. É possível achá-los em sites especializados? Sim. No entanto, o vinho do Porto é bem mais fácil de ser encontrado por aqui. Lojas e supermercados têm grande variedade de oferta desse vinho, cuja história se perde no tempo. Para ilustrar essa riqueza histórica, basta citar o fato de o Douro, onde se produz o Porto, ser a primeira região produtora demarcada no mundo. Mais precisamente, ela surgiu em 10 de setembro de 1756. De lá saem rótulos altamente conceituados, como os da Taylor’s, por exemplo.
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Antes de seguir para as combinações possíveis com um bom Porto, é bom explicar como ele é feito. Primeiramente, como já citado, estamos falando de um vinho fortificado. Ou seja, ele recebe aguardente vínica, um destilado com cerca de 70% de volume de álcool. Essa adição ocorre durante o processo de fermentação. A aguardente é diluída no vinho e, por isso, ele ganha dulçor. O resultado final é uma bebida doce, com certa dose de oxidação, e algo em torno de 20% de álcool. Suas características no aroma e no paladar mudam conforme o tempo de amadurecimento. Esse período é também importante para a definição dos muitos tipos de Porto.
Em resumo, é um tinto de sabor muito específico. Abaixo, você confere alguns exemplos de harmonização. A partir deles é possível partir para outras combinações igualmente curiosas…
Enfim, vinho e chocolate
Chocolate amargo – Prefira um Porto Ruby. O vinho passa por até cinco anos em madeira. Outros estilos passam muito mais tempo. Por conta disso, apresenta uma cor rubi, como indica seu nome. Tem muitas notas de frutas vermelhas. Essa característica casa muito bem com chocolates de toques mais amargos. Os sabores se complementam. O ruby é leve, jovem e, atenção, é o mais barato dos vinhos do Porto. A partir de R$ 70 já é possível encontrar rótulos de boa qualidade.
Chocolate ao leite – Se no caso do chocolate amargo, os toques de fruta suavizam a força do chocolate, com o chocolate ao leite a busca é por algo menos doce. O Tawny cumpre bem esse papel. Ele passa anos e anos envelhecendo em barrica. A indicação da idade vem no rótulo do vinho. Ele pode ter 10, 20, 30, 40 anos ou mais de envelhecimento. Ganha uma cor âmbar e apresenta toques de nozes, frutas secas. Vai muito bem com chocolates menos adocicados. O preço sobe um pouco: a partir de R$ 110.
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Mousse de chocolate – Mousse é uma sobremesa de textura macia, aveludada. O Porto LBV também é macio, aveludado pelo tempo de amadurecimento. LBV é a sigla Late Bottled Vintage. É um “primo” de um Porto mais sofisticado, o Vintage, feito com uma seleção dos melhores vinhos produzidos em anos excepcionais. Da mesma forma o LBV é produzido com uvas de colheita excepcional, mas apenas de um ano e não declarado Vintage. Envelhece em madeira entre 4 e 6 anos. Depois de engarrafado, está pronto para beber. A combinação realça a suavidade do chocolate e a intensidade do vinho, em um equilíbrio perfeito. A partir de R$ 160.
A outra harmonização
A combinação de vinho e chocolate é muito boa. No entanto, o vinho do Porto oferece outra opção muito curiosa e ideal para quem prefere provar algo salgado. Por exemplo: experimente servir um Porto em sua temperatura ideal, entre 8 e 10 graus, com um queijo “azul”. O sabor forte do roquefort ou do gorgonzola combinam especialmente bem com o vinho fortificado. É a harmonização por contraste. Saborosa. Marcante. Clássica.
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