Coluna André Andrès
Bag-in-box ou vinho em caixa: veja como e quando vale a pena
Os vinhos vendidos em bag-in-box, ou em caixas, com capacidade de três ou cinco litros estão se tornando cada vez mais comuns. É preciso saber quando e como usá-lo
A invenção não é exatamente nova. A ideia de vender vinhos em caixas virou realidade na metade da década de 1960. O enólogo australiano Thomas Angove criou uma caixa de papelão com um tipo de bolsa de polietileno dentro dela (daí o nome bag-in-box, ou sacola na caixa, em inglês). Serviria para acomodar 4,5 litros de vinho. Mais tarde, a ideia seria aprimorada e a caixa ganharia uma torneira de plástico. Para os puristas, é quase um sacrilégio provar um vinho saído de uma torneira acoplada a uma caixa de papelão. É… mas o mundo do vinho há bom tempo deixou de ser formado apenas pelos puristas. E questões como praticidade e economia, aliadas a um nível básico de qualidade, ganham cada vez mais espaço. Resultado: a venda de vinhos nesse tipo de embalagem já chega a quase dois milhões de litros por ano no Brasil.
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Cinco dicas valiosas para o momento de comprar um vinho
Lógico, esse tipo de embalagem está longe de ter o charme e a elegância encontrada em garrafas nobres. Isso poderia soar um pouco ofensivo se não fosse o objetivo muito claro da bag-in-box: oferecer um vinho honesto, a bom preço e propício para diversas ocasiões. Quer um exemplo? Imagine uma grande festa ou reunião de amigos neste verão. Nessas ocasiões, chega a ser um desperdício a oferta de vinhos muito elaborados. Mesmo porque o importante, nesses casos, não é a bebida, mas a celebração da amizade, da vida. Neste casos, cabe um vinho mais simples. Some-se a isso a facilidade de servir o vinho diretamente da torneira e a quantidade disponível (geralmente entre 3 a 5 litros), e a escolha torna-se extremamente conveniente. Além disso, a embalagem preserva a qualidade do vinho por um período mais prolongado após aberta, em comparação com a garrafa. Isso acontece porque o contato do vinho com o oxigênio é minimizado, graças ao design da bolsa que se contrai à medida que o líquido é retirado. Esse aspecto é particularmente benéfico para aqueles que apreciam um bom vinho no dia a dia, mas não desejam consumir uma garrafa inteira de uma vez.
As vantagens no comércio
Para donos de bares e restaurantes, o vinho em caixa é uma solução econômica e eficiente, especialmente para vendas de doses em taça. A longevidade do vinho após aberto reduz o desperdício, enquanto a facilidade e rapidez no serviço agilizam a operação em ambientes movimentados. Além disso, os custos de armazenamento e transporte das caixas são significativamente menores do que as garrafas tradicionais, o que pode contribuir para a redução dos custos e, potencialmente, para a oferta de vinhos a preços mais acessíveis aos consumidores.
Interessante notar que não são apenas vinícolas pequenas e menos conhecidas que adotaram essa inovação. Regiões vinícolas renomadas, como Bordeaux na França, e algumas vinícolas da Toscana, na Itália, começaram a experimentar essas embalagens. Essas regiões, tradicionalmente associadas a vinhos de alta qualidade, reconhecem a demanda crescente por opções mais acessíveis e práticas, sem comprometer excessivamente a qualidade do vinho. Essa tendência global mostra que o vinho em caixa não é apenas uma moda passageira, mas sim uma evolução no consumo de vinho, atendendo às necessidades de um público mais amplo e diversificado.
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De certa forma, a embalagem traduz o movimento do mercado consumidor de vinho. Ela se amolda à bebida conforme ela vai sendo consumida. Assim também estão fazendo as vinícolas. Elas perceberam a potencialidade existente no consumo de vinhos de qualidade, mas não exageradamente sofisticados. O resultado é uma oferta cada vez mais diversificada desses rótulos, como se pode ver a seguir.
Cinco sugestões de bag-in-box
Miolo Seleção Chardonnay/Viognier – Os vinhos brancos produzidos em Bento Gonçalves têm evoluído muito nos últimos anos. A variedade de castas tem ficado cada vez mais rica, e isso proporciona mesclas antes incomuns por aqui, como Chardonnay e Viognier, uva francesa menos conhecida. Vinhos brancos embalados em caixa são excelente opção, por exemplo, para programas à beira da piscina ou à beira-mar. É só cuidar de garantir a temperatura ideal e aproveitar.
Quanto? R$ 136. Embalagem de 3 litros (o equivalente a quatro garrafas)
Alandra – Esta é uma comprovação de como grandes vinícolas têm apostado em embalagens bag-in-box. O Alandra é um dos vinhos básicos da tradicional e poderosa Esporão, uma das mais importantes casas de Portugal. O tinto é produzido com castas típicas: Castelão, Moreto e Trincadeira. Sobre os rótulos mais acessíveis de grandes vinícolas, é bom sempre lembrar: uma grande produtora demonstra sua qualidade a partir de seus vinhos de entrada. Mesmo porque são eles, em grande parte dos casos, os responsáveis pela saúde financeira da empresa.
Quanto? R$ 154. Embalagem de 3 litros (o equivalente a quatro garrafas)
Urmeneta Cabernet Sauvignon – Vinícolas antigas e tradicionais da América do Sul também já aderiram às bag-in-box. Esse tinto é feito pela vinícola Urmeneta, fundada em 1860, uma das mais antigas do Chile. Assim como outros vinhos de entrada produzidos com a Cabernet Sauvignon, o tinto é fácil de beber, leve, gostoso, descompromissado. Boa opção.
Quanto? R$ 169. Embalagem de 3 litros (o equivalente a quatro garrafas)
Júlia Florista – A produção da Vidigal Wine tem conseguido alcançar sucesso no Brasil. Da vinícola da região de Lisboa saem rótulos como o Porta 6, bastante conhecido, e esse Júlia Florista. Feito com a uva Castelão (antes a casta era conhecida como Periquita), é um tinto bem leve, frutado e com toques florais. A embalagem é de cinco litros, e isso o torna ainda mais econômico.
Quanto? R$ 201. Embalagem de cinco litros (equivalente a 6,5 garrafas)
Don Jorge Geisse – Mais um exemplo de qualidade nessa opção de embalagem. Mario Geisse é conhecido pela excelência de seu trabalho no Chile e em outros países, inclusive no Brasil, onde produz espumantes espetaculares. E ele deve ter caprichado nesse vinho, afinal, leva o nome de seu pai. Mistura de Cabernet Sauvignon e a Carménère, a mais chilena das uvas. Vale a pena experimentar.
Quanto? R$ 282. Embalagem de 3 litros (o equivalente a quatro garrafas)
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