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Bem-estar

Saúde mental: projeto da Ufes apoia mães de crianças autistas

A proposta é desenvolver grupos de apoio para compartilhar informações e promover o cuidado em saúde mental e física dessas cuidadoras

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Grupos de apoio da Ufes compartilharão informações e promoverão o cuidado em saúde física e mental dessas cuidadoras

Grupos de apoio da Ufes compartilharão informações e promoverão o cuidado em saúde física e mental dessas cuidadoras. Foto: Reprodução/Ufes

Quem cuida de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também precisa de cuidado. Muitas vezes, as mães e outros cuidadores enfrentam uma rotina que, além de intensa, é repleta de desafios emocionais e físicos. Pensando nisso, o projeto de extensão MaTErnAr, vinculado ao Departamento de Terapia Ocupacional da Ufes, surge como um importante espaço de acolhimento e troca. A proposta é desenvolver grupos de apoio para compartilhar informações e promover o cuidado em saúde física e mental dessas cuidadoras.

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Voltado especialmente para mulheres, o MaTErnAr atende servidoras e estudantes da Ufes, além de mães, tias e avós de crianças autistas da comunidade. Para participar, as interessadas podem entrar em contato com a equipe do projeto pelo Instagram.

Os encontros acontecem mensalmente no auditório da Clínica Escola Interprofissional em Saúde (Ceis), no campus de Maruípe. Durante esses momentos, as participantes têm a oportunidade de compartilhar experiências e práticas relacionadas ao autocuidado, manejo de estresse, comportamento alimentar e exercício de autocompaixão. A ação é multidisciplinar, envolvendo alunos dos cursos de Nutrição, Terapia Ocupacional e Psicologia. Para as mães que não têm com quem deixar as crianças, o projeto oferece a possibilidade de trazê-las, garantindo que fiquem sob a supervisão de estudantes extensionistas.

O papel das cuidadoras

Lívia Hosken, terapeuta ocupacional e coordenadora do MaTErnAr, explica que a iniciativa é direcionada às mulheres porque, na maioria dos casos, a responsabilidade pelos cuidados recai sobre a figura materna. “Os cuidados com a criança autista tornam-se prioridade, o que resulta em uma sobrecarga não apenas física, mas também emocional”, destaca.

Débora Ramos, enfermeira do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam/Ufes) e mãe de um menino de sete anos diagnosticado com TEA, é um exemplo claro dessa realidade. Desde o diagnóstico, ela enfrentou dificuldades com a nova rotina, que incluiu diversas terapias. “Minha mãe me ajuda nas terapias pela manhã, já que trabalho o dia todo. À tarde, ele vai para a escola, e à noite fico com ele”, explica.

Participando do projeto desde o início do ano, Débora relata como os encontros têm sido fundamentais para seu autocuidado. “Desde o diagnóstico, acabamos nos deixando em segundo plano. Com o projeto, nos sentimos cuidadas por outras pessoas que entendem as dificuldades do nosso dia a dia”, afirma.

Um espaço em constante crescimento

Até o momento, já foram realizados 10 encontros, alguns deles com a presença de especialistas convidados, enriquecendo ainda mais as discussões. “As mães podem participar a qualquer momento. O grupo é aberto e sempre temos novas participantes”, ressalta Hosken. A intenção é, futuramente, intercalar sessões virtuais e presenciais, permitindo que cuidadoras de outras localidades ou que tenham compromissos possam se integrar.

O diagnóstico de TEA traz um impacto significativo no contexto familiar, muitas vezes se tornando um estressor marcante. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais define o autismo como um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social, além de padrões repetitivos de comportamento. “Infelizmente, há poucos projetos voltados para o cuidado das mães de crianças com necessidades específicas, que são o elo mais afetado após o diagnóstico”, avalia Lívia.

Além de proporcionar suporte às cuidadoras, o MaTErnAr também permite que estudantes da Ufes se aproximem da prática profissional e contribuam para a pesquisa acadêmica na área. O projeto não apenas atende a uma necessidade urgente, mas também reforça a importância do cuidado coletivo e do suporte mútuo entre essas mulheres guerreiras.


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