Bem-estar
Remédios para dormir: saiba quais são os mais indicados
São muitas as opções de medicamentos para quem quer dormir, mas excesso pode virar dependência

Mulheres são as mais afetadas pelos distúrbios do sono. Foto: jcomp/Freepik
Deitar-se e simplesmente pegar no sono logo em seguida é uma realidade distante para muita gente. Quando o sono simplesmente não chega, é tentador recorrer a um remédio para dormir – inclusive sem orientação profissional, o que é contraindicado.
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Se você tem problemas para dormir regularmente, é sinal de que algo está errado. Pode ser algo tão simples quanto muita cafeína, excesso de celular ou outros aparelhos eletrônicos. Para problemas mais simples, o recomendado é seguir uma rotina de higiene do sono. No caso dos transtornos, existem tratamentos medicamentosos apropriados para cada uma das condições.
De acordo com a neurologista Ana Rosa Lopes, todos os remédios trazem algum tipo de efeito colateral e o paciente precisa observar como o corpo está reagindo com a medicação. É nessa observação diária que vai ser observada a eficácia do tratamento.
“É claro que a eficácia vai depender da dose e da duração do uso da medicação. No entanto, é importante observar cada reação do corpo. No caso dos remédios para o sono, os principais efeitos incluem sonolência prolongada no dia seguinte, dor de cabeça e muscular, dificuldade de concentração, podendo chegar até a uma insônia por rebote, caso não seja utilizado corretamente”, explica a médica.
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Todos os remédios para dormir precisam ser prescritos por um médico, pois possuem efeitos colaterais, que variam dependendo do medicamento específico, da dosagem e da duração do medicamento em seu organismo.
Os efeitos colaterais comuns incluem sonolência prolongada no dia seguinte, dor de cabeça, dores musculares, prisão de ventre, boca seca, dificuldade de concentração, tontura, instabilidade e insônia por rebote.
“Sempre recomendo aos meus pacientes a dose inicial mais baixa possível, justamente para não impactar tanto no dia a dia. Além disso, também é interessante que haja um horário fixo para ingestão do remédio, na tentativa de regular o período de sono”, pontua Ana.
Remédios naturais e sem receita
As plantas medicinais são muito conhecidas por ter ação tranquilizantes, trazendo uma diminuição no estresse e na ansiedade, que são os principais gatilhos da insônia. O chá de camomila e de erva-cidreira, o óleo essencial de lavanda e a raiz de valeriana são recomendados pelos médicos.
Outro medicamento natural muito utilizado é a passiflora, uma planta que auxilia no controle de alguns distúrbios do sistema nervoso central. Devido a sua composição rica em estruturas químicas que reduzem a atividade motora, a passiflora têm ação sedativa que ajuda a prolongar o sono.
“A gente sempre acha que consumir os remédios naturais não vai trazer nenhum problema, mas eles também apresentam efeitos colaterais. Quando há a ingestão excessiva dessas substâncias medicinais, o corpo pode chegar a um estado de intoxicação. Por isso, é importante escutar um médico sempre que for utilizar a longo ou a curto prazo”, alerta Ana Rosa.
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Em relação aos medicamentos vendidos na farmácia que não precisam de receita, a melatonina é um dos mais conhecidos. Ela é um hormônio produzido pelo próprio corpo mas que pode ser ingerido de forma exógena, gerando um efeito hipnótico e sedativo, que ajuda na indução do sono. A melatonina é um dos poucos remédios com efeito sedativo que é vendido sem receita.
Remédios com receita
Ana Rosa explica que quando o paciente chega em um estado avançado de insônia, a opção é a prescrição de remédios sedativos e hipnóticos que apresentam ação imediata. É aconselhado que o tratamento com esse tipo de medicação não seja de longa duração porque pode trazer dependência e outros efeitos colaterais perigosos para o fígado.
Os benzodiazepínicos (BZDs) são muito utilizados para o tratamento de distúrbios do sono. Essa classe de medicamentos são ansiolíticos, que ajudam a diminuir a atividade de neurotransmissores do cérebro, trazendo uma sensação de relaxamento. Os BZDs mais conhecidos são diazepam, clonazepam (rivotril), alprazolam e bromazepam.
“Essa sensação tranquilizante, que faz com que o sono apareça, também é um perigo. Quando o paciente passa a tomar e começa a gostar da sensação, pode se tornar viciante e ter efeitos adversos ao que deveria acontecer. Algumas consequência são problemas de memória e até dificuldade psicomotora”, explica a neurologista.
Também existe a classe dos não-benzodiazepínicos (drogas Z), que apresentam efeitos colaterais menores do que os BZDs. Muitos desses compostos possuem pouco ou nenhum efeito hipnótico e amnésico, o que traz menores prejuízos para quem precisa utilizá-los. Zolpidem, zaleplona e zopiclona são os mais comuns entre as drogas Z.
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“Um tempo atrás o zolpidem entrou na moda entre os jovens e foi extremamente perigoso. Muitos tomara o remédio sem ao menos precisar, apenas para sentir o efeito. Isso é preocupante porque quando há ingestão desses remédios, popularmente chamador de tarja preta, sem acompanhamento médico, aumentam as chances dos efeitos colaterais”, destaca Ana Rosa.
O problema da automedicação
Mesmo com a existência de remédios que não precisam de receitas, a consulta médica é imprescindível para saber o tipo de medicamento exato que o paciente pode tomar. A automedicação é perigosa porque cada remédio atua de forma diferente em cada indivíduo.
Para Ana Rosa, no caso da automedicação para a insônia, os efeitos sem um acompanhamento médico podem prejudicar o paciente ao invés de ajudar no distúrbio. “Quando não administrados da maneira correta, os medicamentos podem causar dependências sérias, afetando a saúde física e mental do paciente, gerando maiores complicações no futuro”, finaliza a médica.
