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Bem-estar

Pressão dos Pares: Como os adolescentes são influenciados?

Escritora e educadora Bia Willcox explica o conceito e porque os adolescentes são os mais afetados

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Foto: Pixabay/ natureaddict

A discussão sobre a influência que as redes sociais trazem para a vida dos usuários é longa. A nova onda de desafios em redes sociais, como no TikTok, reacende um alerta. Uma menina de 13 anos perdeu parte do estômago e apêndice devido a um desses. Casos de adolescentes que foram a óbito também são recorrentes. E aí surge um questionamento: “Porque adolescentes fazem isso?”.

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A fase da adolescência é muito complicada, são mudanças hormonais, novos questionamentos, mais responsabilidade, são muitas as questões que surgem. E também, nesse tempo, começa a surgir a procura pela identidade e o medo de não se encaixar em algum grupo. O medo de ser rejeitado. Com esse medo de não pertencer a um grupo, surge o que se chama “Peer Pressure” ou “Pressão dos Pares”, traduzindo para o português. Essa é a influência que grupos de pares exercem sobre alguém, por meio de exigências implícitas ou explícitas. Normalmente, os pares são os indivíduos que têm aproximadamente a mesma idade ou nível de maturidade. E nessa pressão, muitos adolescentes cedem.

Na procura desse lugar de pertencimento, as redes sociais surgem como uma solução para muitos, pois é um canal amplo para se conhecer pessoas e a rede de conexão é grande. A educadora e escritora, Bia Willcox explica que essa carência sempre existiu. Na adolescência dela, Bia também queria pertencer a um grupo. “A necessidade de ser igual não mudou. Há tempos atrás era assim, o ser diferente assusta. O que acontece é que os recursos atuais são outros, as plataformas são outras, os meios mudaram e com as redes sociais tudo se expandiu”, esclarece a educadora.

A pressão dos pares tem sido atribuída como característica na fase da adolescência, pois os grupos exercem grande poder na influência sobre o comportamento. A pressão dos pares é frequentemente associada a episódios de tomada de risco, porque essas atividades ocorrem geralmente na companhia de colegas.

A associação a amigos que envolvem-se em comportamentos de risco tem-se mostrado um forte preditor do comportamento próprio de um adolescente. Mas se engana quem acha que a pressão dos pares só tem efeitos negativos, ela também pode ter efeitos positivos, quando os jovens são pressionados por suas turmas em direção a um comportamento positivo, como programas de voluntariado para a caridade ou ser um bom aluno na escola. Os adolescentes tendem a se moldar mais aos padrões dos pares do que as crianças.

A escritora abordou o caso do MC Kevin como exemplo de “Peer Pressure”. Quando o MC morreu, aos 23 anos, e a viúva Deolane Bezerra fez uma declaração de que “homens solteiros saem com homens solteiros e homens casados saem com homens casados”, por causa da influência, muitas pessoas criticaram essa fala, dizendo que é algo não existe e que ele fez porque quis, mas na verdade, ao abordar o conceito de “peer pressure” faz sentido. “Os 23 anos são o fim da adolescência e mesmo que já seja fase adulta, são muitos os adultos mais velhos que fazem bobagens influenciados por outros adultos. Eu perdi um amigo que foi influenciado por outro grupo de amigos. Ele já não usava mais drogas, mas de tanto esses amigos falarem no ouvido dele, ele usou e faleceu, teve uma para cardíaca, isso é Peer Pressure”, relata Bia.

O TikTok e as tendências das redes sociais exercem essa pressão em cima do adolescente. Ao ver os outros fazendo, ele vai querer fazer também. Mas isso é algo presente também na vida adulta, porque são muitos adultos que fazem as mesmas danças e desafios e tem sempre as mesmas tendências de vídeos. Isso pode ser algo perigoso para o adolescente por ele ter pouco discernimento. Mas não só eles, a sociedade em si está com o discernimento baixo.

Essa pressão exercida pelo grupo é grande e quem já passou pela adolescência sabe que querer ser igual nessa fase é muito importante. Na época de pandemia do coronavírus, os adolescentes foram muito prejudicados, eles não podem mais se encontrar e por isso eles encontraram nas redes sociais, mais especificamente no TikTok como um lugar para extravasar. “Como educadora, eu digo, o adolescente ele quer se divertir, ele quer ser igual e o TikTok é o espaço dele. Então ‘está todo mundo fazendo, vou fazer também’”, informa a escritora.

Acompanhamento dos pais

Bia ressalta que o fundamental é que não pode ser uma terra sem lei. O acompanhamento dos pais é fundamental para que seja seguro. “Você não vai proibir nada, mas tem que estar perto. Eu sempre estive perto dos meus filhos. Quando surgiu o Orkut, eu fiz uma conta para acompanhá-los, não me intrometia, mas acompanhava. E hoje, eu vejo muitos pais fazendo isso, pois o fundamental é estar próximo, para assim, alertá-los sobre o que pode ser perigoso para eles e também mostrar que eles não precisam ser iguais a todo mundo, não precisa fazer o que todo mundo faz”, aconselha.

Toda a sociedade hoje faz uso de redes sociais. A maioria das pessoas possui um smartphone e existe uma preocupação em como a população se comporta diante das redes. Há dentro dos indivíduos a necessidade de registro, filmar, tirar fotos e isso se torna preocupante a partir do momento em que não se há uma dosagem. Para haver equilíbrio é essencial dosar o tempo gasto em cada programa. Para que crianças saibam como dosar o tempo, o exemplo tem de vir dos pais também. A educadora alerta sobre contas que os pais fazem para postar coisas de seus filhos e disse ser necessário ter cuidado para não transformar a vida das crianças em um show de Truman (filme estrelado por Jim Carrey).

A especialista em redes sociais Bia Willcox recomenda aos pais que eles façam uma regulação nas crianças e adolescentes. Ela lembra que eles ainda estão em construção. “Se o seu filho possui uma conta nessa rede social, olhe, esteja com ele presente. Faça uma conta lá e acompanhe as tendências, o que os outros estão falando. Tem conteúdos legais e alguns inapropriados como tudo na vida. Para separar, você tem que ensinar o adolescente. Não precisa ser o pai mais legal do mundo, autoridade é autoridade. Mesmo com o pai mais legal do mundo, o filho ainda vai querer esconder algo e isso faz parte, mas ele tem que saber que o porto seguro é você, que ele pode confiar”.

Especialista lança livro

A escritora, jornalista e educadora Bia Willcox irá lançar em 2022, um livro chamado “Vida Online – Como ela é“. A obra contará com contos cotidianos girando em torno das questões ligadas a redes sociais, ao WhatsApp, sobre como as pessoas se portam diante dessas redes. E, em breve, Bia irá lançar um canal no Youtube e um podcast, respectivamente, que serão em formato de bate-papo e entrevista.


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