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Bem-estar

Jogadores anônimos: programa acolhe viciados em jogos no ES

As bets já consomem boa parte do orçamento familiar do brasileiro e os gastos totais da população chegam a 0,6% do PIB

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Pessoa segura um celular que mostra uma interface de um site de apostas

Sites de apostas invadiram o Brasil e comprometem o orçamento das famílias. Foto: Bruno Peres/ Agência Brasil

Desde a liberação das apostas esportivas no Brasil em 2018 por decreto de Michael Temer, o país foi inundado pelos sites de apostas esportivas conhecidos como “bets” e junto vieram os sites de cassino on-line.

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Enquanto aguarda a regularização do mercado, que começa somente em 2025, as empresas agem livremente na captação de apostadores, com muita propaganda e patrocínios. Hoje, 18 dos 20 times da Série A são patrocinados por bets e o próprio campeonato teve os naming rights vendidos para uma casa de aposta. Além do mundo esportivo, os patrocínios de apostas também invadem programas de televisão, como realities shows, e até pontos turísticos, como o Mercado Central de Belo Horizonte, que teve os naming rights vendidos para uma casa de aposta.

Todo esse movimento tem levado pessoas de todas as idades a entrarem neste mundo. Porém, isso tem causado sérios problemas econômicos e sociais. Segundo reportagem da Agência Pública, escolas têm relatado que alunos apostam em jogos on-line durante o recreio e chegam a usar verbas do programa do governo federal Pé-de-meia. O volume tem preocupado outros setores da economia. Um recente estudo do Banco Itaú estimou que a população brasileira gasta o equivalente a 0,6% do PIB em apostas e a Federação do Comércio de São Paulo publicou um estudo apontando que um em cada quatro apostadores vê o método de aumento de renda, ainda que 44% dos entrevistados relatam mais perdas do que ganhos.

Quero parar. E agora?

Uma mesa comprida com três cadeira de frente para outras três, sendo duas afastadas. Há uma toalha vermelha com um JA bordado em dourado, em alusão ao nome Jogadores Anônimos. Sobre a toalha, há livros e panfletos.

As reuniões dos Jogadores Anônimos acontecem no bairro de Maruípe, em Vitória. Foto: Divulgação Jogadores Anônimos

Ainda que algumas bets defendam a responsabilidade do jogo, são pouco ou nenhum o apoio oferecido pelas empresas àqueles que se veem como viciados e desejam parar de jogar. Mas os jogadores compulsivos têm encontrado apoio uns com os outros.

Criada em 1957, a Jogadores Anônimos se define como uma irmandade composta de homens e mulheres que compartilham suas experiências, força e esperança com o intuito de resolver o seu problema comum e ajudar outros a se recuperarem de problemas com o jogo. A metodologia utilizada nesses grupos de apoio em muito se assemelha à dos Alcóolicos e Narcóticos Anônimos. O Programa de Recuperação, como é chamada pelo grupo, passa por 12 passos, segue 12 preceitos da unidade e se usam 20 perguntas para a auto-identificação como adicto (veja abaixo).

A irmandade tem vários grupos de apoio espalhados por todo o país. No Espírito Santo, o grupo havia sido desativado em 2014, mas retornou quatro meses atrás, a pedido de membros de outros estados, que perceberam a necessidade de ter mais suporte no país. “A maioria das pessoas que chega é relacionado às bets”, conta um dos membros do grupo de apoio sob condição de anonimato.

As reuniões presenciais do grupo ocorrem todas as segundas-feiras, das 19h às 21h, na Associação de Moradores de Maruípe. O endereço é Praça São José Operário, 221, Maruípe.

AS VINTE PERGUNTAS

1. Você já perdeu horas de trabalho ou da escola devido ao jogo?

2. Alguma vez o jogo já causou infelicidade na sua vida familiar?

3. O jogo afetou a sua reputação?

4. Você já sentiu remorso após jogar?

5. Alguma vez você já jogou para obter dinheiro para pagar dívidas ou então resolver dificuldades financeiras?

6. O jogo causou uma diminuição na sua ambição ou eficiência?

7. Após ter perdido você se sentiu como se necessitasse voltar o mais cedo possível e recuperar as suas perdas?

8. Após um ganho você sentiu uma forte vontade de voltar e ganhar mais?

9. Você geralmente jogava até que seu último centavo acabasse?

10. Você já pediu dinheiro emprestado para financiar seu jogo?

11. Alguma vez você já vendeu alguma coisa para financiar o jogo?

12. Você relutava em usar o “dinheiro de jogo” para as despesas normais?

13. O jogo o tornou descuidado com o seu bem estar e o de sua família?

14. Alguma vez você já jogou por mais tempo do que planejava?

15. Alguma vez você já jogou para fugir das preocupações ou problemas?

16. Alguma vez você já cometeu, ou pensou em cometer um ato ilegal para financiar o jogo?

17. O jogo fez com que você tivesse dificuldades para dormir?

18. As discussões, desapontamentos ou frustrações fizeram com que você tivesse vontade de jogar?

19. Alguma vez você já teve vontade de celebrar alguma boa sorte com algumas horas de jogo?

20. Alguma vez você já pensou em se auto-destruir como resultado de seu jogo?

A maioria dos jogadores compulsivos responderá sim a pelo menos sete destas perguntas.


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