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Bem-estar

717 casos de esporotricose humana no ES: doença atinge também os gatos

O número se refere aos casos de esporotricose em humanos até setembro este ano. Os animais afetados já chegam a quase dois mil

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Uma micose que começa com uma lesão pequena e vai se espalhando pelo corpo, podendo afetar até órgãos internos, vem crescendo no Espírito Santo nos últimos anos, e o avanço da doença preocupa especialistas. A esporotricose, doença causada por um fungo do gênero Sporothrix, já registra 717 casos em humanos este ano no Estado e 1.983 em animais. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e contemplam os casos informados até o mês de setembro. O fungo afeta principalmente os gatos e os humanos, mas em menor número pode ser transmitida também a outros animais.

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O gatinho Fubá não resistiu à esporotricose

O gatinho Fubá não resistiu à esporotricose. Foto: Arquivo pessoal.

O professor Pedro Abi-Rezik Barros Vianna viveu momentos difíceis após adotar o gato Fubá, na época com pouco mais de um ano de idade. Dois meses após a adoção, o animal apresentou uma ferida na cabeça que não cicatrizava. As lesões foram se espalhando e afetaram também as patas do gatinho. Ao levar Fubá a uma consulta veterinária, veio o diagnóstico: esporotricose. Foi iniciado o tratamento mas, infelizmente, Fubá não resistiu. Pedro contou que demorou a perceber que se tratava de algo mais grave porque o gato havia se acidentado com um copo de vidro, o que o fez acreditar que a ferida era apenas um corte que poderia cicatrizar sozinho. Foi feito tratamento com antifúngicos, mas Fubá acabou morrendo.

Além de perder o animal de estimação, Pedro ainda foi infectado com a doença e precisou ficar cinco dias internado. “Eu me infectei através de uma ferida microscópica. O Fubá era um gato muito bonzinho. Você puxava o rabo dele, dava injeção, ele nem miava, não fazia nada, ele não atacava ninguém. Só que ele estava deitado comigo no sofá e acabou encostando a unha na minha perna quando foi se espreguiçar. Sabe quando o gatinho se espreguiça e contrai a patinha? A unha dele estava grande. Mas foi só um furinho, e aquilo ali foi o suficiente para o fungo ser inoculado”, detalhou o tutor.

Alguns dias depois os sintomas apareceram. “Eu percebi a doença quando surgiu uma ferida redonda no meu joelho que não fechava. Tinha um avermelhado e uma marcação branca em volta da ferida. E aí, como o fubá já estava com a esporotricose, pensei: peguei.” O professor também teve episódios de febre intermitente. Pedro precisou ser internado porque a dose de antifúngico receitada inicialmente não foi suficiente para suprimir a doença. Mesmo após ter alta do hospital, ele continuou tomando as medicações. O tratamento durou seis meses.

O gatinho Fubá não resistiu à esporotricose

O gatinho Fubá não resistiu à esporotricose. Foto: Arquivo pessoal.

Aumento

A médica veterinária Lorena Laranja relata que tem percebido um aumento significativo no número de casos de esporotricose em sua rotina de atendimentos. Dados da Sesa mostram um crescimento de 300% em casos confirmados de esporotricose em humanos de 2020 a 2023. Em animais, o crescimento foi de mais de 900%, mas os casos informados pela secretaria em animais são suspeitos.

A especialista explicou que a esporotricose é uma zoonose, ou seja, passa de animais para humanos. Entre os animais, os gatos são os mais afetados, mas a maioria das espécies estão suscetíveis à doença. “Nos felinos, os principais sintomas são lesões na pele, normalmente bem avermelhadas, podendo ter presença de pus; apatia; febre; dificuldade respiratória; perda de apetite e dor”, detalha.

A transmissão acontece quando o fungo entra em contato com a pele ou mucosa traumatizada, normalmente por acidentes com espinhos ou madeira, por exemplo. Além disso, o contato com o animal doente também faz com que a esporotricose se dissemine, seja por arranhões, seja por mordidas. Para evitar o contágio, a veterinária orienta que os tutores devem ter cuidado ao entrar em contato com os pets contaminados, utilizando luvas, higienizando as mãos e os equipamentos utilizados para manipular o animal. Também é necessário manter o pet em ambiente isolado.

Apesar de Fubá não ter resistido, Lorena esclarece que a esporotricose, em seu estágio inicial, não é considerada grave e tem cura, tanto em animais quanto em humanos. “Mas a evolução da doença sem acompanhamento e tratamento adequado pode levar, inclusive, a óbito, normalmente decorrente de infecções secundárias ou da própria agressividade das lesões causadas pelo fungo.”

Dados

Notificações de casos confirmados de esporotricose humana no Estado

2020: 187
2021: 565
2022: 594
2023: 819
2024: 717 (até setembro)

Notificações de casos suspeitos em animais

2020: 304
2021: 1043
2022: 2215
2023: 3054
2024: 1983 (até setembro)


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