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Crise hídrica e queimadas: doutor em ciências florestais analisa cenário do clima

O engenheiro florestal Luiz Fernando Schettino destaca a importância de políticas rigorosas para combater queimadas e defende a recuperação das áreas afetadas

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O doutor em Ciências Florestais, Luiz Fernando Schettino, explica que os incêndios são alimentados por interesses econômicos, que desconsideram o impacto ambiental. Foto: Fernanda Côgo

O doutor em Ciências Florestais, Luiz Fernando Schettino, explica que os incêndios são alimentados por interesses econômicos, que desconsideram o impacto ambiental. Foto: Fernanda Côgo

As queimadas e as restrições no consumo de água, determinadas pelo Governo do Espírito Santo, foram temas de uma recente entrevista com o engenheiro florestal Luiz Fernando Schettino . Doutor em ciências florestais, Schettino abordou os principais desafios na prevenção de incêndios, que têm causado grandes danos ambientais e sociais, tanto no Espírito Santo quanto em outras regiões do Brasil.

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Segundo o especialista, a cultura do fogo é um problema antigo no país. Ele explicou que, no passado, os agricultores usavam o fogo para limpar pequenas áreas de terra de maneira controlada. Contudo, o cenário atual é bem diferente, com interesses econômicos e políticos por trás de muitos incêndios, que vão além da prática agrícola tradicional.

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A evolução da cultura do fogo

Nos anos anteriores, o uso do fogo era uma prática comum em áreas rurais devido à escassez de ferramentas adequadas para limpar o solo. No entanto, os agricultores seguiam regras claras para evitar grandes incêndios. Entre as normas, estava a que proibia queimadas em dias quentes ou ventosos, além da necessidade de preparar aceiros — faixas de terra limpas ao redor da área a ser queimada, impedindo a propagação do fogo.

Atualmente, porém, Schettino alerta que a maioria das queimadas é provocada por interesses distintos, como a ocupação de terras públicas e a extração de madeira. Ele ressalta que muitos dos incêndios na Amazônia, por exemplo, são deliberados e têm como objetivo liberar áreas para exploração comercial. Esses incêndios são alimentados por interesses econômicos, que desconsideram o impacto ambiental e social da destruição.

A importância da reação da sociedade

Schettino enfatizou a necessidade de uma reação mais efetiva da sociedade diante desse cenário. Ele criticou a falta de mobilização popular, observando que, nas redes sociais, muitas pessoas apenas lamentam a destruição, sem ações concretas para exigir mudanças. O engenheiro defendeu a mobilização pública em prol de políticas que garantam a preservação ambiental e a qualidade de vida.

Ele também destacou que a recuperação das áreas queimadas deve ser uma prioridade. “As áreas destruídas pelo fogo não podem ser ocupadas, precisam ser reflorestadas”, afirmou Schettino , reforçando que a sociedade deve se unir em esforços de plantio de árvores, envolvendo escolas, igrejas e outras instituições.

A fórmula de prevenção e o exemplo do Espírito Santo

Durante a entrevista, Schettino mencionou o trabalho de Ronaldo Viana Soares, capixaba responsável por desenvolver a Fórmula de Monte Alegre. Esse sistema de previsão de incêndios é utilizado por empresas florestais em todo o Brasil e no mundo, permitindo o monitoramento preciso das condições de risco de incêndios em florestas.

Empresas florestais que aplicam essa fórmula conseguem evitar a destruição de áreas plantadas. Segundo Schettino , é essencial que essas medidas sejam adotadas também em áreas urbanas e rurais. Ele sugeriu que a mídia ajude a informar a população sobre os riscos de incêndios, assim como já faz com a previsão do tempo.

Por fim, Schettino defendeu uma fiscalização rigorosa e a responsabilização dos culpados por queimadas criminosas. Ele argumenta que os infratores devem não apenas ser punidos, mas também obrigados a participar da recuperação das áreas destruídas. Essa abordagem, segundo ele, é crucial para garantir que o meio ambiente seja protegido e que a sociedade entenda a importância de evitar esses danos futuros.

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