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Solidariedade

Voluntário vende o próprio carro para manter almoço solidário em Vila Velha

Nos primeiros dias do projeto, foram atendidas cerca de 200 pessoas necessitadas, mas hoje o número chega a 1 mil

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A solidariedade mudou radicalmente a vida de Paulo Roberto Moreira. Há dois anos, o voluntário abriu as portas do seu estabelecimento e do coração para atender as pessoas em situação de vulnerabilidade social. E não fechou mais. E em meio a um cenário de queda nas doações e aumento dos preços dos alimentos, não vê outra saída, se não vender os bens materiais para manter de pé o que para muitos é a esperança de conseguir o alimento. “O almoço solidário não vai parar”, promete Paulo.

Foi no início da pandemia do coronavírus, dia 23 de março de 2020, que ao se deparar com a cena de um pai, uma mãe e uma criança comendo lixo, que Paulo resolveu arregaçar as mangas e ajudar a mudar a realidade dura de muitas pessoas e famílias. O que era para ser um dia de almoço solidário se tornou um projeto lindo. Nos primeiros dias do projeto, foram atendidas cerca de 200 pessoas necessitadas, mas hoje o número chega a 1 mil. Mas o foco já não é só oferecer apenas alimentar a população em situação de rua e em vulnerabilidade social. Com o trabalho, veio também a demanda por produtos de limpeza e higiene, cortes de cabelo e barba, roupas e sapatos, e até mesmo pedidos de emprego.

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“O Almoço Solidário acabou virando uma referência. Além de atender pessoas em situação de rua, recebemos famílias com moradia fixa também, porque sabemos que muitas pessoas perderam o emprego durante a pandemia. Algumas precisaram vender seus móveis para pagar o aluguel, sabemos que a situação está muito complicada”. Para conseguir se dedicar ao trabalho social, Paulo decidiu fechar o restaurante. “Na verdade, meu estabelecimento agora funciona inteiramente para esta ação. Manter esse projeto demanda muito tempo e dedicação, precisamos pedir alimentos, preparar as refeições, depois juntar tudo e lavar utensílios para preparar tudo de novo no outro dia, então foi necessário ‘fechar’ meu restaurante para dar continuidade ao Almoço Solidário. Também precisei vender minha moto, meu carro para conseguir manter isso aqui e faço de coração”, disse.

QUEDA NAS DOAÇÕES

Mas a tsunami de doações vivenciado no início da pandemia, com o isolamento social, caiu com o tempo. Muitos daqueles que faziam doações constantes, se viram em uma crise financeira. Outros por voltar a banalizar as mazelas sociais antes tão evidenciadas. Motivos foram muitos e as doações agora são poucas. E nesse cenário, o voluntário não quis dar as costas para aqueles que tanto precisam, e passou a vender seus bens para arcar com os custos das refeições. Mesmo com o aumento nos preços dos alimentos, do gás e outras contas, ele segue firme no propósito de ajudar o próximo.

“Eu vivo e respiro o almoço solidário. Eu peço ajuda. E peço muita ajuda. Não ligo de pintar a barba, de me pintar para chamar a atenção. As doações caíram muito. Parece que agora que tudo está voltando à normalidade, as pessoas endureceram o coração. Eu me dedico inteiramente e integralmente a este trabalho, não tenho mais os lucros do restaurante, então assim como vou nas redes sociais pedir ajuda para o almoço social, quando as contas chegam, eu também peço ajuda e quem conhece meu trabalho e sabe da seriedade ajuda. Hoje eu vivo para isso”, desabafa Paulo.

HISTÓRIAS

E se engana quem pensa que o projeto atende apenas a região de Vila Velha. Paulo revela que muitas pessoas em situação de rua saem da Serra, Cariacica e até mesmo Guarapari, em busca de uma refeição, que pode muitas vezes ser a única do dia. “Muitos chegam para o café da manhã, aguardam o almoço e ainda levam uma vasilha cheia para garantir a janta. Nós permitimos que cada um leve uma vasilha, afinal, pode ser para um marido, esposa ou filho”, ressalta o voluntário.

Nesses dois anos o que não faltam são histórias emocionantes. E cada momento vivido, abraço recebido e palavras de agradecimento dão forças para o voluntário continuar. Paulo lembra de uma mãe que, aos prantos, o abraçou e agradeceu. Ela, que mora em Goiânia, viu as imagens do filho, até então desaparecido, na fila do almoço solidário em um vídeo que circulou pela internet. Imediatamente ela comprou as passagens e veio ao estado resgatar o filho das ruas.

“Outra situação surpreendente foi um cadeirante que veio de Teófilo Otoni, Minas Gerais. Ele me contou que um conhecido falou com ele sobre o almoço solidário, da fila gigante, e ele quis vir aqui conferir para ver se era verdade. Ele ficou por aqui uns 15 ou 20 dias. Depois conseguiu dinheiro para passagem e retornou para a cidade dele. Mas foi bem impressionante ver essa repercussão. Por aqui presenciamos muitas cenas de filme. Recebemos doação de uma mulher que mora nos Estados Unidos, depois que ela viu o pai na nossa fila em um vídeo no Instagram. Ela achava que o pai estava bem, e quando viu, resolveu ajudar dessa forma”, lembra.

COMO AJUDAR

Todos os dias o voluntário dedica suas horas e amor ao bem ao próximo. E se você quiser colaborar de alguma forma, é possível fazer doações de gás, alimentos, roupas, materiais de higiene, móveis e tudo que estiver em bom estado para doação. As entregas devem ser realizadas Rua Dr. Annor da Silva – Boa Vista II, Vila Velha, ao lado da Universidade Vila Velha (UVV). Ou você pode fazer a sua doação por meio do PIX 27998216365 ou PicPay @paulo.Roberto.moreira13.


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