O olhar feminino na advocacia e nossa ascensão profissional

Advogadas. Foto: FreePik

Dedico esse artigo às mais de 700 mil advogadas do Brasil, em especial às quase 15 mil profissionais ativas no Espírito Santo. Nós somos a maioria na nossa profissão e, apesar das enormes dificuldades que ainda encontramos, cada dia mais, vemos advogadas brilhando em todas as áreas. Profissionais que lideram e inspiram jovens advogados.

Eu costumo dizer que sou uma otimista de carteirinha. Há três anos, por exemplo, não havia nenhuma mulher presidente de seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Hoje, já são cinco. Nomes como Patricia Vanzolini, em São Paulo, e Cláudia Prudêncio, em Santa Catarina, nos orgulham não apenas pelo olhar feminino com que exercem a presidência, mas também pela competência com que o fazem.

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Eu fico imensamente feliz quando vejo que mais mulheres advogadas estão se tornando presidentes, conselheiras ativas e sócias majoritárias de escritórios, pois são avanços inerentes ao crescimento das nossas competências, vontade e coragem. Se por um lado ainda há a diferença de honorários em relação aos homens, o empreendedorismo é uma ferramenta de ascensão profissional adotada por mais mulheres a cada dia, eu acredito piamente que o exemplo de uma mulher contagia outras.

É claro que precisamos fortalecer os nossos meios de ascensão profissional. Uma pesquisa recente do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados, por exemplo, apontou que só 22% dos grandes escritórios do país têm mulheres como sócias. No entanto, estamos subindo a escada, degrau por degrau. Quanto mais a gente ama a profissão, mais a gente se qualifica, e, assim, podemos entregar mais. Há passos sendo dados que merecem notoriedade, como a aprovação, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da política de alternância de gênero no preenchimento de vagas para a segunda instância do Judiciário

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Na Semana da Mulher, reunimos mais de 60 mulheres para uma tarde de troca de experiências e celebração do Dia da Mulher (8 de março). Confesso que, mesmo com 24 anos de carreira, me emocionei como se ainda fosse aquela jovem estudante de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O vigor dos valores e das ideias de todas aquelas colegas me mostraram (mais uma vez) como temos o poder para mudar o estado de coisas.

Se lá em 1906, quando Myrthes Gomes de Campos se tornou a primeira mulher a obter o registro de advogada no Brasil, se alguém dissesse que seríamos a maioria, quase ninguém acreditaria. Quase 120 depois, isso é realidade.

Parabéns, advogadas!

*Érica Neves é diretora estadual da Associação Brasileira dos Advogados (ABA)

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