Olhar 360º
Maconha medicinal vira aliada de atletas de alto rendimento
Pela primeira vez na história das Olimpíadas, a Agência Mundial Antidoping libera o uso do Canabidiol, substância presente na maconha
O corpo de um atleta é um templo. E quem leva o esporte a sério e faz da própria carne sua ferramenta de trabalho, costuma evitar o consumo do tabaco, álcool e outras drogas, legais ou não, pois elas podem custar o futuro de uma carreira inteira. Todo atleta de alto rendimento tem consciência disso. Mas o que pouca gente sabe é que a maconha deixou de ser vilã e se tornou uma importante aliada para os esportistas Brasil a fora.
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No final de 2017, a Agência Mundial Antidoping (Wada) anunciou que, a partir de 2018, retiraria o canabidiol (CBD), uma das mais de 400 substâncias encontradas na maconha, da sua lista de proibições. A liberação, inclusive, atingiu o Comitê Olímpico Internacional (COI) que liberou para este ano, pela primeira vez na história, um derivado da planta nas Olimpíadas.
Mas fica aqui um alerta importante. Isso não significa que os atletas do mundo inteiro estão livres para relaxar e acender um cigarro de maconha. Pelo contrário. Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), todos os canabinóides, grupo de compostos químicos produzidos pela cannabis, exceto o CBD, permanecem são proibidos.
Você então deve estar se perguntando, “Por que liberaram o canabidiol?”. A discussão é antiga, mas ganhou muita visibilidade a partir de agosto de 2016. Naquele mês, o lutador de MMA Nate Diaz foi derrotado pelo irlandês Conor McGregor no evento principal do UFC 202. Após a luta, em coletiva de imprensa, o americano apareceu, com o rosto cortado, cheio de hematomas e um cigarro vaporizador com óleo de CBD. Nate não foi punido e recebeu apenas um “puxão de orelha” das autoridades responsáveis pelo doping do evento. Uma investigação concluiu que o americano utilizou a substância após a luta.
Desde então, a substância tem ganhado popularidade entre os atletas, como é o caso da Livinha, lutadora profissional de UFC. Dona de um cartel de 14 vitórias e apenas três derrotas, ela é hoje embaixadora da USA Hemp, uma grande empresa norte-americana que produz medicamentos derivados da maconha comercializados no Brasil pela capixaba CBD Express.
“Conheci o CBD por meio de outros atletas e comecei a pesquisar a respeito. Foi quando descobri que ele proporcionava diversos benefícios. Hoje, por exemplo, faço uso de pomadas para o controle da dor, medicamentos que aumentam o foco, que melhoram a qualidade do sono e até remédios para controlar a ansiedade. Um atleta de alto rendimento sofre muito, fisicamente e psicologicamente falando. E tem dias que você não está bem. Acontece que no mundo dos esportes não podemos nos dar ao luxo de não estar bem em um dia ou outro. O tratamento com o CBD ajuda e muito em nossa rotina de treinamentos”, conta a lutadora.
Quais os reais benefícios do CBD para um atleta?
Segundo Pedro Melo Filho, médico especialista em tratamento com canabis medicinal da CBDoctors, clínica parceira CBD Express, o uso da substância pelos atletas está diretamente atrelado às suas performances.
“O CBD é um relaxante muscular e está ligado à recuperação da atividade física. E no caso dos atletas, por exemplo, o processo de recuperação é tão importante quanto o de preparação. Eles dormem melhor, ficam menos ansiosos em dias importantes e se recuperam mais”, disse o médico.
No caso de lutadores e halterofilistas, por exemplo, os treinos são muito duros. Eles são expostos a exercícios intensos que provocam a inflamação dos músculos. E na sequência, após a recuperação, ocorre o crescimento muscular. Mas esse é um processo muito doloroso que pode provocar sérias lesões.
“Livinha é uma atleta de altíssimo rendimento que faz mais de um treino por dia. Quanto mais recuperamos sua musculatura e diminuirmos as dores que ela sente durante e após as atividades físicas, melhor será sua recuperação. E no dia seguinte, ao invés de sentir o desgaste, ela estará bem, justamente porque estamos nos precavendo. A longevidade da carreira de um atleta está ligada à redução de danos em seu próprio corpo, isso sem falar nos benefícios psicológicos”, explica Pedro.
Doping x Maconha
Além dos benefícios proporcionados pelo canabidiol, o assunto também precisa ser tratado com muita responsabilidade dentro do meio esportivo. Christian Trajano, gerente de Prevenção e Educação contra Doping do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), explica que apesar da substância ser autorizada, o método de obtenção do CBD pode sofrer contaminações de outros canabinóides que podem levar o atleta a uma desclassificação em torneios oficiais.
“Nosso papel é deixar claro que não liberou geral. O CBD está autorizado, desde que você compreenda que existe o risco de uma contaminação. Então é preciso ter muita confiança e acreditar no seu fornecedor. Nas Olimpíadas, nossa capacidade de detecção em testes de doping é muito alta. Em termos comparativos, se dissolvermos uma colher de chá de uma substância proibida em uma piscina olímpica, ela será detectada. O COB, por exemplo, não recomenda sequer suplementos alimentares. Por isso, ao fazer uso desses produtos, a pergunta que deve ser feita é se o atleta de fato precisa daquele substância. Sua equipe médica entende que ela se faz necessária? Existem métodos mais seguros?”, indaga Trajano.
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