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Olhar 360º

Dia do Repórter Fotográfico: 5 imagens do Espírito Santo que entraram para a história

O Portal ES360 convidou cinco fotógrafos que, por meio das suas lentes, entraram para a história capixaba

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Em 2 de setembro é celebrado o Dia do Repórter Fotográfico. Graças a esses profissionais que os fatos do nosso cotidiano são eternizados para a posteridade. Gostemos ou não, contra fotos não há argumentos. As imagens dão peso para as grandes reportagens jornalísticas, ilustram matérias curiosas e dão emoção à leitura. E para homenagear esses verdadeiros artistas, o Portal ES360 convidou cinco repórteres fotográficos que, por meio das suas lentes, registraram e entraram para a história do Espírito Santo.

Todos eles são figuras mais que reconhecidas. Mas durante a apuração desta reportagem, um nome se destacou, o de Gildo Loyola. Ele é um dos profissionais mais respeitados no meio capixaba e ajudou a fundar o departamento de fotografia do jornal A Gazeta. É chamado por alguns de “pai de todos”, uma forma carinhosa de exaltar os mais de 40 anos de experiência que o fotógrafo acumula.

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Quando começou, ainda na década de 70, não se discutia sequer sobre a possibilidade de existir uma máquina digital capaz de visualizar o clique recém registrado. Os filmes de rolo fotográficos eram o que havia de mais moderno. E se o profissional chegasse ao limite de fotos daquele filme, perdia os acontecimentos seguintes enquanto o rolo era trocado. Gildo vem de uma época em que o fotógrafo tinha uma única chance de contar a história.

“Hoje em dia, qualquer um fotografa qualquer coisa e a qualquer momento. Claro que um celular ajuda muito. Mas no fotojornalismo a fotografia tem que ter um objetivo. Até porque, ela é o retrato fiel da realidade. Mas de nada a imagem adiantaria sem o repórter fotográfico. É ele quem está atrás das lentes e quem dá o sentido das fotos”, frisa Gildo.

Chico Guedes, outro precursor do fotojornalismo no Espírito Santo, confirma o que o colega disse e vai além. À convite de Gildo, ele trabalhou no laboratório de fotos de A Gazeta onde, segundo ele, aprendeu aquilo que um repórter fotográfico deve ou não fotografar.

“Eu já havia trabalhado com fotojornalismo e fotografias publicitárias. Aprendi sozinho como utilizar uma câmera. Mas dentro desse laboratório eu amadureci muito. Revelei e editei muitas fotos. O repórter fotográfico precisa fazer a leitura correta do ambiente em que está inserido antes de fotografar, não se trata apenas de apertar um botão. As fotos têm a capacidade de despertar emoção”, disse Chico.

E o resultado do olhar criterioso destacado por Gildo e Chico Guedes não poderia ser outro senão uma imagem para entrar para a história. Para Edson Chagas, Gabriel Lordello e Rodrigo Gavini, outros fotógrafos convidados para esta reportagem, esse é o principal trabalho e objetivo de um repórter fotográfico.

Confira as fotos escolhidas pelos convidados como as mais importantes de suas carreiras:

Chico Guedes


“Essa foto é a minha predileta tanta pela importância do personagem, o Papa João Paulo II, quanto pela dificuldade que tive de chegar até ali. Era uma manhã chuvosa, estava cobrindo a passagem do Papa na região de Resistência, em Vitória, e o esquema de segurança era muito grande. Mas em um determinado momento, senti que era a minha oportunidade. Troquei o rolo de filmes da câmera para fazer a maior quantidade de fotos possível e furei o bloqueio montado. Fiquei cara a cara com o Papa e as pessoas que tentavam tocá-lo. Consegui capturar a emoção no olhar deles. A foto foi capa do Jornal do Brasil”.

Edson Chagas


“Em 2001, fui cobrir uma rebelião no presídio de menores de Cariacica. Na época ainda era possível entrar dentro das unidades e em um determinado momento, um policial me guiou para uma região mais alta. Ali avistei uma cena muito dramática. Um garoto menor era torturado por outros maiores. Foi muito forte presenciar essa cena porque ela evidenciava que não havia a separação dos internos pelo porte físico. E nesses casos, os pequenos sempre acabam sofrendo. Essa imagem, inclusive, pode ter me influenciado. Dois anos depois lancei o livro ‘Mulheres de Tucum’, onde registrei a vida das mulheres na penitenciária estadual feminina de Cariacica. As fotos, às vezes, têm isso. Elas nos marcam pela representatividade daquilo que fotografamos”.

Gabriel Lordello


“Nós, fotojornalistas, temos uma missão que é muito importante e, no dia a dia, acabamos nos esquecendo: estamos documentando a história. Aquilo que será estudado lá na frente é fruto do nosso trabalho hoje. E a foto que escolhi diz muito sobre isso, é a chegada da lama da barragem de rejeitos de Mariana (MG) que atingiu o Rio Doce e chegou ao mar. A imagem foi utilizada em vários trabalhos acadêmicos e festivais de fotografia. Teve uma repercussão maior do que eu imaginei. Ela pode até não ser a minha foto predileta, mas foi minha maior contribuição para a história”.

Gildo Loyola

Foto: Gildo Loyola/A Gazeta

Foto: Gildo Loyola/A Gazeta

“Na década de 90, fui até a Serra na região conhecida como Paredão. Estávamos produzindo uma reportagem que falava sobre a pobreza. Eu tinha uma pessoa conhecida ali e levava alguns pães para ela. Acontece que havia algumas crianças no local. Elas estavam voltando de um lixão e visivelmente tinham fome. Dei pães para algumas delas e todas começaram a comer. Mas uma garota em especial me chamou a atenção e eu a fotografei comendo. Essa foto é importante porque ela nos mostra uma realidade: a fome existe desde o início do mundo. A foto fala. E existe poesia através da lente das câmeras. Tudo está nas entrelinhas, o trabalho do fotógrafo é capturar esses versos”.

Rodrigo Gavini

Foto: Rodrigo Gavini

Foto: Rodrigo Gavini

“Às vezes a foto pode ser tecnicamente ruim, mas a dificuldade que temos e o momento que vivemos influencia muito na hora de escolher uma fotografia. Uma das que mais me marcaram ao longo de 13 anos de fotojornalismo foi feita durante a greve da Polícia Militar no Espírito Santo, em 2017. Eu cobria um confronto entre manifestantes e as mulheres dos policiais em frente ao Batalhão da PM, em Vitória, e o Exército teve que intervir. A foto foi capa do jornal A Tribuna e rodou o mundo. Aquela foi uma semana muito intensa de trabalho, fui para as ruas com colete à prova de balas e vi de tudo. Infelizmente não foi tudo que pude fotografar. Apesar dessa dificuldade, é isso que nos motiva. Estamos documentando a história. Hoje em dia, eu faço outros trabalhos. Mas o fotojornalismo faz parte da minha alma, é o meu combustível, é quem eu sou, é a minha forma de enxergar o mundo”.


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