fbpx

ES360

Pfizer: governo não respondeu sobre proposta da vacina

Gerente-geral do laboratório também afirmou que o vereador Carlos Bolsonaro participou de reunião com a direção da Pfizer

Publicado

em

Em depoimento à CPI da Covid, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, afirmou nesta quinta-feira, dia 13, que a Pfizer não recebeu reposta sobre a proposta de venda de vacinas contra a covid-19 feita ao governo brasileiro em agosto do ano passado. “O governo não rejeitou, tampouco aceitou”, disse ele, lembrando que a oferta realizada em 26 de agosto tinha uma validade de 15 dias.

“Não teve resposta positiva nem negativa”, afirmou Murillo. Ele lembrou ainda que o CEO da Pfizer, Albert Bourla, enviou em setembro do ano passado uma carta ao presidente Jair Bolsonaro, em que falava da proposta feita ao Brasil. A carta foi apresentada à CPI pelo ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fábio Wajngarten. “Em 12 de setembro mandamos comunicação ao Brasil para se chegar a acordo de propostas”, disse.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Além de Bolsonaro, o CEO da Pfizer endereçou a carta ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ao então ministro da Casa Civil (hoje Defesa), Walter Braga Netto, ao então ministro da Saúde Eduardo Pazuello, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Foster.

Linha do tempo

O gerente Carlos Murillo listou, durante seu depoimento à CPI, a linha do tempo de seus contatos com o governo brasileiro para as tratativas em relação à compra de vacinas pelo Brasil. De acordo com Murillo, as primeiras reuniões com os governos dos países do mundo começaram no mês de maio e junho do ano passado.

Segundo o gerente, a farmacêutica fez três ofertas ao Ministério da Saúde, nos dias 14, 18, e 26 de agosto do ano passado, sendo que a última oferta, de 26 de agosto, tinha o prazo de 15 dias para receber uma resposta, e que, passado esse prazo, o governo nem aceitou, nem rejeitou a proposta.

De acordo com o gerente, no Brasil, a principal interlocução com o Ministério da Saúde foi com o ex-secretário executivo da Pasta Élcio Franco, além de citar contatos com integrantes do Ministério da Economia, dentre eles o ministro Paulo Guedes e o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade da pasta, Carlos Da Costa, além do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten.

Questionado sobre seus contatos com Wajngarten, Murillo disse entender que os contatos do ex-secretário eram para coordenação do governo, e ressaltou não ter tido relações com órgãos extraoficiais para as negociações.

Murillo também reforçou que as reuniões de maio e junho do ano passado, que envolviam diversos países, eram para apresentar os estudos da companhia, e negou que a empresa tenha priorizado qualquer nação. O gerente também esclareceu que, na tratativa com outras economias, a Pfizer adotou tabelas diferentes de preço para a venda do imunizante, separando os países em três níveis, de alta, média e baixa renda.

Carlos Bolsonaro participou de reuniões
Carlos Murillo rebateu a versão dada na quarta-feira, 12 pelo ex-secretário de Comunicação e empresário Fábio Wajngarten sobre participação do filho do presidente e vereador Carlos Bolsonaro em negociações com a farmacêutica. Segundo Murillo disse em depoimento à CPI, Carlos Bolsonaro participou de reunião e das tratativas para compras de vacinas, ao contrário do que havia dito Wajngarten ontem.”Após aproximadamente uma hora de reunião, Fábio recebeu uma ligação, saiu da sala e retornou. Minutos depois, entram na sala Filipe Garcia Martins, da assessoria internacional da Presidência da República, e Carlos Bolsonaro”, relatou Murillo sobre reunião realizada na Secretaria de Comunicação da Presidência da República a fim de a empresa ofertar doses de vacinas ao governo brasileiro em setembro do último ano. O contrato para compra das vacinas só foi fechado em março deste ano.

Conforme segue o depoimento, Wajngarten então teria inteirado Carlos e Martins das tratativas para a importação das vacinas da Pfizer. Ontem, durante a fala à CPI, Wajngarten disse que nunca foi “próximo de Carlos Bolsonaro”. “Nunca tive intimidade com ele. Nunca tive relação qualquer com ele”, afirmara o ex-secretário. Diante de outras contradições, os senadores presentes pediram inclusive para que Wajngarten fosse preso. O presidente da comissão, entretanto, preferiu remeter os autos para apreciação do Ministério Público.

“Carlos ficou brevemente na reunião e saiu da sala. Filipe Martins ainda permaneceu na reunião. A reunião foi encerrada logo na sequência e as representantes da Pfizer saíram do Palácio do Planalto”, narrou o representante da farmacêutica.