Eleições 2024
Babá quer transporte de graça para todos em Vila Velha
Candidato foi entrevistado no EStúdio 360 e apresentou as principais propostas que fazem parte do plano de governo municipal
O candidato à Prefeitura de Vila Velha João Batista Babá (PT) foi o entrevistado desta quarta-feira (11), na série de entrevistas do Programa EStúdio 360, da TV Capixaba/Band. Na conversa, conduzida por Antonio Carlos Leite, Andressa Missio e Vitor Vogas, Babá destacou em seu plano de governo a proposta de tarifas gratuitas nos transportes públicos da cidade.
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Confira a entrevista completa
Vitor Vogas: Candidato, minha primeira pergunta é sobre uma reportagem importante publicada por A Gazeta, no dia 9 de agosto deste ano, informando o seguinte: poucos dias antes, dia 5 de agosto precisamente, o site oficial do Partido dos Trabalhadores, seu partido, o PT, publicou um documento que trazia uma relação de informações sobre as estratégias traçadas pela direção nacional do PT para as candidaturas do partido nas maiores cidades do país, inclusive Vila Velha. Sobre Vila Velha especificamente, o documento publicado no site oficial do partido dizia o seguinte: “O PT lançou a candidatura do ex-vereador Babá em estratégia combinada com o prefeito Arnaldinho Borgo, do Podemos, para disputa contra candidatura bolsonarista do Coronel Alexandre Ramalho (PL)”. Durante a apuração de A Gazeta, esse documento foi retirado da página oficial do PT. Ontem, o próprio Ramalho, candidato do PL, esteve aqui, até isentando o senhor, dizendo que o senhor podia ter sido iludido, mas que a candidatura do PT em Vila Velha seria fake. O que o senhor responde sobre isso? Como é que o senhor explica o teor desse documento oficial?
Babá: Em primeiro lugar, obrigado pela oportunidade, espaço para falar com os eleitores de Vila Velha. Em pimeiro lugar, eu vou dizer assim: minha candidatura não é fake, nem laranja. É uma candidatura que a gente lutou pra caramba junto com as bases do partido, junto com militantes de muitos valores aqui de Vila Velha e do Espírito Santo, como Cláudio Vereza e Maria Clara da Silva. Então eu tenho a responsabilidade aqui de representá-los e o legado que eles já deixaram de lutas, de muitas lutas, aqui para Vila Velha e para o Espírito Santo. Vou dizer o seguinte: não tem a menor condição da minha candidatura ser uma candidatura geleia, como dizia o companheiro Paulo Vinha, porque nós estamos terminantemente, o PT, a base do partido, está na oposição a Arnaldinho. Nós não temos aliança nenhuma com ele, sequer conversei com ele, sequer fiz qualquer tipo de acordo. Nós estamos para denunciar, sim, que é uma gestão atrasada, uma gestão que não fez um plano mestre, um plano master de desenvolvimento da cidade, uma gestão que administra apenas de frente para a orla e de costas para a periferia de Vila Velha. Uma gestão feita para os amigos dele, feita para quem o apoia. Mas se porventura alguém do PT, algum incauto do PT, está fazendo essa traição com a base do partido, passando essas informações falsas e caluniosas, essas pessoas terão que ser cobradas adiante porque nós não podemos admitir isso. A minha candidatura é uma candidatura que está em contato permanente, estamos na rua fazendo campanha, estamos na feira, conversando com o movimento popular organizado, debatendo com os militantes do partido e debatendo também com outros, com os adversários.
Vitor Vogas: Me perdoe. De onde saiu isso, então? Esse documento falando de uma suposta combinação com Arnaldinho. O senhor fala de uma possível traição. Na sua avaliação, teria havido uma traição, uma autossabotagem por parte de alguém da cúpula nacional ou, no mínimo, uma falta ou falha de comunicação da cúpula nacional com a direção municipal e a base do PT em Vila Velha?
Babá: Olha só, eu imagino da seguinte maneira: o PT está aqui em Vila Velha fazendo uma discussão na qual foi pautada e discutida a minha candidatura. Essa candidatura surgiu e ela, em toda a convenção, não teve ninguém que expusesse diferente disso. Portanto, quem é que fala com a nacional? Eu não falei com a nacional, não estive com a nacional, não fui ouvido pela nacional sobre esse assunto. Quem é que se comunica com a nacional? Então, naturalmente, se é alguma coisa relacionada ao PT estadual, a direção do PT estadual, são eles que têm de se explicar, se explicar para a base, inclusive. Em Vila Velha, nossa candidatura é séria desde o primeiro momento. Inclusive, na entrevista que estive com você, falei que nossa candidatura é séria, é uma candidatura para valer, é uma candidatura que quer debater a cidade e debater uma forma diferente de administrar do que está sendo colocado hoje. Então não tem a menor chance. Quanto ao atual prefeito, jamais sentei com ele, jamais fiz nenhum, qualquer acordo. Fui vereador desta cidade, fiz oposição na época, e sou respeitado inclusive pelos políticos da cidade por conta disso. As minhas posições são claras, minhas posições são bem colocadas. Meu compromisso com a população, com as lutas populares, com as periferias de Vila Velha, é um compromisso que trago desde a minha adolescência, quando comecei a militar com o movimento estudantil secundarista e nas comunidades eclesiais de base de Vila Velha.
Antonio Carlos Leite: Vamos falar um pouco das suas propostas, candidato. Estava dando uma olhada nelas hoje pela manhã e teve um dos pontos que me chamou muita atenção, que é aquele que estabelece, na área dos transportes, tarifa zero aqui em Vila Velha. Eu queria saber do senhor como seria esse plano de estabelecer tarifa zero e se a gente tem uma noção do custo disso para o município.
Babá: Em relação à tarifa zero, eu tenho dito assim: Vila Velha carece de um estudo aprofundado de que rumo ela tem de tomar. É possível fazer, outras cidades no Brasil já fizeram. Claro, é preciso você entrar, olhar com calma, mas esse é o objetivo, é algo que vamos buscar. Como por exemplo, a juventude, os estudantes, ele tem direito a uma tarifa para ir para a escola, ele tem direito ao passe escolar, entretanto quando esse jovem quer ir a um show, que é continuidade de cultura, quer ir a um lazer, ele não tem essa tarifa. Isso é possível fazer. Claro, tem de ter um estudo junto ao Transcol, tem que fazer, criar um ambiente de governança onde a população, a prefeitura e os empresários da área conversem sobre o assunto. É possível fazer, outras cidades já fizeram, mas é necessário boa vontade, é necessário começar a fazer essa discussão. É necessário criar um fundo talvez para isso, mas é preciso ser feito e é preciso ser discutido.
Antonio Carlos Leite: A gente não tem ainda uma noção clara do custo disso. A proposta do senhor seria uma discussão a respeito deste tema. É isso?
Babá: Perfeitamente. É um desejo que isso aconteça, porque é necessário estabelecer, principalmente para a pessoa da periferia, que é quem de verdade usa o transporte coletivo.
Andressa Missio: Em relação ao combate à violência contra a mulher, o senhor propôs duas coisas que me chamam atenção. Uma é a criação de centros de ressocialização do homem agressor e a outra é uma delegacia da mulher móvel, itinerante. Explica como isso funcionaria.
Babá: Onde pode acontecer o crime? Em todos os lugares. O crime contra a mulher acontece na periferia, mas acontece nos centros mais abastados. Ele pode acontecer na Praia da Costa, em Itapuã, em vários lugares, e não há delegacias espalhadas por todas essas regiões. Então você pode ter um serviço móvel que vá aonde isso está acontecendo e dar assistência a essas pessoas. Nós também entendemos que haja um centro de reabilitação, um centro de educação a esse homem. Por quê? Se a gente imaginar que a gente só vai resolver o crime, em todos os aspectos, só com punição de prisão e simplesmente isso, não vai ser verdade. Então é necessário que esse cidadão, esse homem que passou por essa forma de agressão, que está completamente errado e tem de ser combatido, ele também possa refletir sobre sua situação, porque as pessoas podem mudar, elas podem ter outras formas de se encaminhar na vida. Eu acredito muito nisso. Eu acho também que é necessário que se tenha um centro de convivência para essas mulheres, onde elas possam refletir suas situações, onde elas possam compreender, e onde elas possam ser sempre incentivadas a denunciar qualquer tipo de agressão.
Vitor Vogas: Candidato, uma pergunta sobre educação. Antes, porém, num contexto mais amplo, uma crítica muito recorrente do senhor ao atual prefeito, Arnaldinho Borgo, e à atual gestão, seria a falta de diálogo, que ela seria pouco democrática. Na educação, nós ouvimos frequentemente, de atores e servidores da área, essa crítica sobre o fim da eleição direta para diretores de escolas. O que o senhor propõe especificamente sobre isso, para aumentar a participação popular e processos mais democráticos, inclusive na educação municipal?
Babá: Nossa proposta é bem ampla, não é só para a educação, é para todos os espaços de Vila Velha. Nós estamos propondo que haja em Vila Velha uma cidade inteligente. O que é uma cidade inteligente? Uma cidade democrática, uma cidade sustentável, uma cidade que inclua o cidadão nas decisões. A atual gestão tem feito as decisões simplesmente com ela mesmo, o prefeito tomando decisões com seus pares. Ela não abre para participação popular. Como não abre para eleição de diretores de escolas, como não abriu para a discussão do Plano de Cargos, Carreiras e Salários que foi imposto, onde o trabalhador não foi ouvido em todas as suas instâncias. Então é necessário que esse espaço democrático, que outrora Vila Velha teve, nós temos que lembrar que foi aqui em Vila Velha que começou a discussão do Orçamento Participativo, que evoluiu para o mundo inteiro. Evoluiu para o Fórum Mundial, evoluiu primeiro para a Prefeitura de Vitória, para o Governo do Estado com Vitor Buaiz, depois para Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul. Então isso é possível voltar. Com a cidade inteligente, essa participação digital, inclusive, vai se tornar mais ampla.
Vitor Vogas: Bem rapidamente, o senhor vai retomar o Orçamento Participativo e vai rever o Plano de Cargo e Salários dos professores?
Babá: Nós vamos, a primeira coisa, rever o Plano de Cargos e Salários, vamos retomar a discussão e estabelecimento de eleições diretas nas escolas, e também a discussão do Orçamento Participativo, sim.
Antonio Carlos Leite: Eu queria perguntar ao candidato o seguinte: o senhor estava falando no bloco anterior sobre administração digital, que é algo que, muitas vezes, atrai a administração pública na tentativa de entrar em contato com a população por meios digitais. Mas nós temos muitas pessoas que, infelizmente, não têm acesso à internet, não tem acesso a equipamentos. Como é que uma administração pode ser totalmente digital com essa dificuldade que muita gente tem de acessar a internet?
Babá: Na verdade, isso tem de ser de verdade uma vontade da administração de ser assim, de ser inteligente. Não tem saída para nós, para a vida moderna. Nós caminhamos, saímos do mundo analógico para o mundo digital. Em torno de 40% da população talvez não tenha acesso ainda a nenhum tipo de digitalização, mas isso é possível de fazer. Se a prefeitura faz um trabalho estabelecendo uma educação digital, isso pode ser feito nos bairros, nas associações de moradores, nos espaços públicos esse tipo de educação. Ele é necessário porque, a cada dia mais, por exemplo, como é que o cidadão vai participar de uma consulta? Marcar uma consulta? Ele precisa ter acesso. Como ele precisa ter acesso a uma internet de velocidade e gratuita. É necessário fazer isso. Então hoje, Vila Velha tem base para fazer essa implementação. Uma das bases foi o processo que teve a eletrificação da cidade, que poderiam ser instalado sensores que fossem captadores de informação na cidade e, ao mesmo tempo, podem também estabelecer canais de Wi-Fi gratuitos em toda a cidade.
Vitor Vogas: O senhor está falando da PPP…
Babá: Da PPP, exatamente.
Vitor Vogas: … Das lâmpadas, da iluminação da cidade, iniciada na gestão passada, do ex-prefeito do Max Filho. Como é que está a implantação disso?
Babá: Pois é, a atual gestão parou a implantação da cidade inteligente por meio, através dessa PPP. Foi inclusive questionada, tem um acordo no Tribunal de Contas mostrando que houve falhas na forma da implantação aqui em Vila Velha, falhas essas atribuídas à gestão. Então é necessário a gente fazer essa revisão e fazer a cobrança a quem de direito. Isso foi algo que foi estabelecido no governo do Max Filho, ele passou… essa PPP passou por uma aprovação com licitação, e depois ela foi simplesmente deixada de lado. Então dessa forma, você não cria uma cidade inteligente. Uma cidade inteligente necessita, por exemplo, de ter transparência, inclusive na explicação de por que esse processo foi paralisado.
Andressa Missio: Candidato, a gente sabe que Vila Velha tem um problema grave de alagamentos, mesmo com a macrodrenagem, que está sendo feita com o apoio do Governo do Estado, ainda há pontos como Cobilândia, que sempre alaga. O senhor propõe a criação de “jardins de chuvas”, que eu gostaria de entender melhor, e guias entre a calçada e a rua para acelerar a drenagem. Por favor.
Babá: Olha só, a primeira coisa que precisa ser feita em relação à drenagem é Vila Velha não pode prescindir da discussão desse tema. Vila Velha tem que ter uma secretaria relacionada a esse tema, porque esse é o principal problema de Vila Velha quando a gente pensa na questão das tragédias que podem acontecer, como aconteceu no Rio Grande do Sul. Então essas bombas que o prefeito tanto pedia para o Max Filho ligar, quando era vereador, elas não foram testadas em sua totalidade. A última chuva que deu no ano passado já mostrou esses pontos de alagamentos. Então Vila Velha não pode prescindir disso. Esses espaços de jardins de chuva, por exemplo, muitas áreas de Vila Velha já eram alagadas, ali em torno do Araçás, na Darly Santos… então você tem que reestabelecer esses espaços. Essa cidade em que, quando chove, ela tem espaços naturais para fazer essa drenagem, como por exemplo no entorno do Rio Jucu. E nós temos visto ali no Rio Jucu, o que está acontecendo? Estão ali invadindo a área de Jacarenema com empreendimentos gigantes em torno ali, que é uma área de alagamentos, nós sabíamos disso, já tivemos muitas dificuldades com isso no passado. Quem perde com os alagamentos, e perde muito, são as populações de baixa renda.
Andressa Missio: Em relação a esse… entre a calçada e a rua…
Babá: Então, para a água pluvial acontecer, você pode fazer essas guias, são guias mesmo, para orientação da chuva. Para isso você tem de manter os bueiros sempre limpos, esse tipo de serviço precisa ser permanente aqui em Vila Velha, não pode ser sazonalmente, e ele tem que estar ligado a uma secretaria e a secretaria precisa estar ligada diretamente ao gabinete do prefeito.
Vitor Vogas: A sua ideia, a sua proposta então é criar uma Secretaria Municipal da Macrodrenagem ou alguma coisa assim?
Babá: Sim, exatamente isso. Quando a gente foi ver que existe recurso no Governo Federal, na monta de alguns bilhões para fazer esse tipo de drenagem, esse tipo de cuidado. Quando nós fomos procurar quantos projetos a Prefeitura de Vila Velha tinha mandado para fazer captação nessa área: zero, nenhum. Ou seja, como você administra uma cidade, que seu principal problema é o alagamento, e você não estabelece de verdade um projeto para resolver esse problema, ficando apenas escorado naquilo que o Governo Estadual fez, que era necessário fazer, mas existem outros problemas. Por exemplo, você fazer a cobertura dos canais. Esses canais são rios, são córregos, e se eles estão cobertos, eles não vão dar vazão para essa drenagem. E mais: se não tem uma secretaria para limpar esses canais, deixando eles como drenos permanentes, você tem dificuldade.
Andressa Missio: Então todos os canais seriam cobertos?
Babá: Não, na minha visão, não. Pelo contrário, seria inclusive abrir alguns que foram cobertos agora.
Vitor Vogas: Agora quero trazer aqui para nossa entrevista dois temas fundamentais que ainda não foram abordados, que são a saúde e a segurança. Começando por este último, até porque o índice de homicídios em Vila Velha ainda é muito elevado, até proporcionalmente ao tamanho da população. É a segunda maior população do Espírito Santo, e está ali entre os mais altos. Como é que o senhor pretende combater? O que o senhor propõe na área de segurança para diminuir os indicadores de criminalidade?
Babá: Em primeiro lugar, o seguinte: a violência é fruto da desigualdade social. Você tem que partir dessa premissa, depois você tem que criar políticas públicas na cidade, políticas públicas nas regiões de periferias, onde estão mais afastadas das políticas das prefeituras, das benesses das políticas públicas, e você estabelecer, em relação à violência, uma antipolítica de violência, uma política de paz. Por exemplo, quando Nova Iorque quis combater a violência, o que ela estabeleceu ali? O amor pela cidade, o “I Love New York”. Então é necessário fazer isso. As pessoas têm que sentir pertencimento ao seu território, gostar de de estar ali, não importa que seja periferia, na Praia da Costa… Hoje a violência acontece onde? Acontece nos dois lugares, aqui na Praia da Costa e também acontece na periferia. E outra coisa: nós não podemos ter uma polícia truculenta, que vê a periferia simplesmente como uma área de marginais. Não podemos. Que chega lá atirando com balas de borracha. Várias mães de Terra Vermelha vieram falar comigo sobre isso, que quando tem eventos lá, têm medo de deixar os filhos irem, porque ao final a polícia chega trazendo violência, e o papel da polícia não é esse. Principalmente a Guarda Municipal, ela tem que ter um aspecto de ser uma guarda pacificadora.
Antonio Carlos Leite: Candidato, a gente tem um minuto para o senhor se despedir e se apresentar de uma forma definitiva.
Babá: Eu quero dizer a Vila Velha, em primeiro lugar, que a nossa candidatura é uma candidatura para valer. É uma candidatura que está comprometida em levar a administração pública e também um olhar para a periferia, que hoje está isolada. Nós precisamos levar moradia, pense bem, essa gestão não fez sequer uma casa, e nós temos um déficit de moradia popular muito grande. Então todos os projetos que foram feitos, foram feitos em outros governos. Então quero dizer que a nossa candidatura é uma candidatura voltada de verdade para atender as periferias. Sou do time do Lula. Vote 13. Vote Babá.
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