Diversão
Vestido de noiva preto? Exposição revela tradição pomerana no ES
Exposição em Santa Leopoldina mostra trajes de noivas pomeranas dos séculos XIX e XX e celebra 166 anos da imigração no Espírito Santo

Vestido de noiva preto é tradição pomerana. Foto: Reprodução/Instagram
Em tempos de vestidos brancos e cerimônias modernas, uma exposição no interior do Espírito Santo convida o visitante a mergulhar em uma tradição pouco conhecida: a das noivas pomeranas que se casavam vestindo preto. A mostra “Noivas Pomeranas: Tradição e História em Vestidos dos Séculos XIX e XX” segue aberta até o dia 15 de julho no Museu do Colono, em Santa Leopoldina, e a entrada é gratuita.
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A exposição faz parte da programação em homenagem ao Dia Estadual do Imigrante Pomerano, celebrado em 28 de junho, e aos 166 anos da chegada dos primeiros pomeranos ao Espírito Santo. No acervo, estão réplicas fiéis de vestidos usados por mulheres pomeranas entre os séculos XIX e XX, com destaque para os modelos em preto, que diferem do tradicional branco adotado atualmente.
Mais do que uma escolha estética, a cor carregava forte simbolismo social e cultural. No século XIX, o preto era considerado uma cor nobre e cara, acessível apenas a famílias que economizavam durante anos para produzir uma peça que pudesse ser usada não só no casamento, mas em outras ocasiões formais ao longo da vida. O vestido era, muitas vezes, o traje mais valioso de uma mulher.
Além do valor material, a cor também representava a transição da noiva para um novo papel social. Ao se casar, ela deixava a casa da família para integrar-se à família do marido — um momento vivido como um tipo de “luto social”, marcado pela sobriedade e pela mudança. Na tradição pomerana, esse luto era representado simbolicamente pelo vestido preto, que carregava também um profundo respeito pela nova fase da vida.
Outro motivo para a predominância do preto estava no clima da região da Pomerânia, situada entre a Alemanha e a Polônia, de onde vieram os imigrantes. Tecidos escuros e espessos ajudavam a manter o corpo aquecido. Mesmo após a chegada ao Brasil, esses trajes continuaram sendo usados como forma de preservar a identidade cultural.
A exposição é uma oportunidade de contato com a história viva de um povo que contribuiu para o desenvolvimento do Espírito Santo rural, especialmente em municípios como Santa Leopoldina, um dos primeiros a receber os imigrantes a partir de 1859.
Visitação e acervo
Instalado em um casarão do século XIX, o Museu do Colono abriga um acervo com cerca de 600 peças, entre cristais, porcelanas e objetos do cotidiano das famílias imigrantes. O imóvel pertenceu à família Holzmeister e mantém, até hoje, as estruturas originais restauradas. O museu foi inaugurado oficialmente em 1969 e é tombado como patrimônio cultural estadual.
A exposição “Noivas Pomeranas” pode ser visitada de terça a domingo, das 8h30 às 20h, na Avenida Presidente Vargas, nº 1.501, no Centro de Santa Leopoldina.
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