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Diversão

Escultor põe “Atlas” para segurar o globo da Praça do Papa

A escultura busca chamar a atenção para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental das pessoas, tema abraçado pela campanha Janeiro Branco

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Atlas na Praça do Papa, em Vitória. Foto: Divulgação

Atlas na Praça do Papa, em Vitória. Foto: Divulgação

Quem passa pela Praça do Papa, na Enseada do Suá, em Vitória, pode apreciar de perto uma intervenção artística temporária. Instalada neste domingo (29), a obra Atlas, do artista Zota Coelho, busca chamara a atenção para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental das pessoas, tema abraçado pela campanha Janeiro Branco.

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A escultura produzida com fibra de vidro é sustentada por uma estrutura metálica. O Atlas ,de 4 metros de altura, foi produzido em três meses pelas mãos de Zota, com a colaboração de 30 pichadores da Grande Vitória. Esses deram o toque final, com pichações que remetem as pressões externas – trânsito, poluição sonora, meio urbano – a qual as pessoas estão expostas. A escultura parece tentar levantar, sem conseguir, a esfera metálica instalada na Praça do Papa. A obra original é de autoria da arquiteta Ângela Gomes.

De acordo com a mitologia grega, Zeus condenou Atlas a segurar o planeta Terra nos ombros por toda eternidade. O castigo foi dado, porque o titã havia participado da guerra contra os deuses do Olimpo, tendo sido derrotado.

“Esse é o Atlas, uma leitura contemporânea a respeito desse titã da mitologia grega que carrega um globo sob suas costas, e esse globo tem uma série de interpretações, e uma delas é que esse globo representa as coisas do cotidiano , as nossas obrigações, nosso trabalho e nossos afazeres. Nessa visão moderna, eu sugiro que o Atlas não consiga sequer, apesar de toda sua força, levantar o globo do chão”, explica o artista.

Atlas na Praça do Papa, em Vitória. Foto: Divulgação

Atlas na Praça do Papa, em Vitória. Foto: Divulgação

Para Zota, o peso da vida, atualmente, é um peso diferente. São muitos os compromissos, as tarefas úteis, no entanto, do outro lado, há “uma tonelada de coisas inúteis” que acabam sendo somadas, e esse é um peso que tende a ficar muito pesado para carregar. É nesse momento que entra a discussão sobre a saúde mental. Muitas são as doenças desencadeadas pelo descuidado com o psicológico.

“O Atlas não significa só força, Atlas representa também a sabedoria. Dessa maneira, a mensagem não é somente para vermos o quão pesado está o cotidiano, mas para sermos sábios o suficiente para escolher o que efetivamente deve pesar na nossa vida. Você não precisa carregar o mundo nas costas, e que você não é obrigado a dar conta de tudo. É também sobre olhar para o nosso amigo, é sobre ceder ajuda, ceder atenção e ceder carinho”, frisa Zota.

A intervenção artística é temporária. Está aberta também a possibilidade de ser realocada para outro local. A finalidade é promover o debate em torno da arte. E tem conseguido, muitos foram os registros feitos por quem passou pelo local nesta segunda-feira.

A iniciativa do artista não contou com patrocínio ou sequer apoio público. Foi instalada no local com o cuidado de não deixar com que a obra toque na esfera metálica para não promover nenhum dano. É uma estrutura leve e removível, que não tem a intenção de interferir no projeto original.