Diversão
Conheça a história, cultura e natureza da Rota de São Benedito, em Vitória
A rota de turismo comunitário de São Benedito, com 1km de extensão, ganhou projeção nacional ao vencer o Prêmio Tomie Ohtake de Arquitetura Akzonobel

Rota de São Benedito, em Vitória. Foto: Radan Brendon
Um percurso rico em história e cultura, contadas pelos moradores e por painéis artísticos gigantes, e que leva a um antigo farol, que fica a 208 metros de altitude, de onde se pode apreciar uma vista de 360º para a Grande Vitória. Essa é a Rota de Turismo Comunitário de São Benedito, com um quilômetro de extensão, que ganhou projeção nacional em maio ao vencer o Prêmio Tomie Ohtake de Arquitetura Akzonobel, na categoria profissional.
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Ao longo do trajeto, o circuito histórico-cultural do São Benedito é composto por oito pontos, nos quais a história é contada pelos moradores e por meio de painéis artísticos gigantes presentes em comércios e moradias. Os visitantes têm a oportunidade de conhecer os detalhes desses monumentos através de mensagens gravadas em áudio (audiotours), produzidas pela historiadora Luara Zucolotto em parceria com a “Cidade Quintal”. Além disso, a rota inclui uma trilha que atravessa uma área preservada de Mata Atlântica, permitindo um contato direto com a natureza.

Rota de São Benedito, em Vitória. Foto: Radan Brendon
Para o coordenador do Fórum de Moradores do Território do Bem, Valmir Rodrigues Dantas, o objetivo da rota é valorizar a história do bairro e de seus moradores, além de aquecer a economia no Território do Bem, região formada por São Benedito e outras oito comunidades do entorno. Também mostrar que a comunidade está muito bem localizado, prova disso é a vista de toda a Grande Vitória. A rota ainda oportuniza a construção de uma visão positiva da região, valorizando o potencial humano e cultural.
“A rota já tem atraído muitos turistas, moradores da Grande Vitória, pessoas interessadas na paisagem, na área verde e no Farol de São Benedito. E o que mais tem me chamado a atenção é o comportamento dos próprios moradores. Eles também passaram a aproveitar esse caminho e desfrutar nos finais de semana. Até mesmo quando recebem uma visita, que antes eram levadas aos shoppings, parques e atrações fora da comunidade, agora passam a passear por aqui também”, ressalta Valmir.
O circuito turístico conta com oito pontos, começando pela rua principal do bairro São Benedito até chegar a um dos pontos mais altos da cidade: o Farol de São Benedito, com vista panorâmica para toda a Grande Vitória. A última parada da rota é o Banco Bem, projeto que movimenta a economia da região. Por se tratar de um áudio tour, é imprescindível que o visitante leve um fone de ouvido para escutar as histórias disponíveis. O áudio é acessado por um QR Code.
Valmir destaca a importância do turismo como uma oportunidade para o crescimento e desenvolvimento local, bem como para impulsionar a economia da região. Durante a concepção da rota, pintores locais foram contratados para participar do processo de criação dos murais, que são apreciados durante as visitas. Essa iniciativa não apenas valoriza o talento artístico local, mas também impulsiona as vendas no comércio e no artesanato da região. Além disso, atualmente, existem quatro monitores que são moradores locais e recebem os grupos de visitantes, proporcionando uma experiência autêntica e enriquecedora. Os valores arrecadados durante o passeio são destinados a eles como forma de incentivo.
Os agendamentos estão disponíveis diariamente através do WhatsApp, no número (27) 98116-6435. Ao vivenciar esse circuito-histórico, não há um valor fixo estabelecido. No entanto, recomenda-se que os visitantes contribuam com uma quantia para os monitores que acompanham e enriquecem a visita.

Rota de São Benedito, em Vitória. Foto: Radan Brendon
Prêmio Tomie Ohtake de Arquitetura Akzonobel
Segundo o Instituto Tomie Ohtake, o prêmio visa reconhecer formas inovadoras de pensar e construir o espaço social, que contribuam para a arquitetura nacional atual nos seus mais variados contextos.
“É uma satisfação enorme receber esse prêmio. Buscamos mostrar para quem está de foram o que há de lindo e positivo por aqui e quem está aqui também passa a enxergar as belezas de forma diferente”, explica Valmir. “Esse prêmio é motivo de orgulho para nós, ver nossa comunidade nos holofotes fora do estado e de forma positiva”, comemora.
Junto com a Rota de São Benedito, dois outros projetos venceram na categoria profissional: Casarão 28, de Salvador (BA), e Centro de Referência Quebradeiras de Babaçu, do Povoado de Sumauma, em Vitória do Mearim (MA). Os trabalhos vencedores e os selecionados nas categorias profissional e acadêmica, além das menções honrosas, compõem a exposição e o catálogo do Instituto Tomie Ohtake.

Rota de São Benedito, em Vitória. Foto: Radan Brendon
Abaixo, alguns textos baseiam-se na pesquisa realizada pela historiadora:
Ponto 1 – Praça Jair de Andrade
Conhecida como praça de São Benedito, é um local de convivência entre vizinhos. Um painel indica o trajeto e explica cada etapa do circuito histórico-cultural do bairro:.
Ponto 2 – Lavanderia Comunitária
“No início da ocupação do bairro não tinha água encanada chegando diretamente nas casas. Então, uma atividade do dia a dia de muitas mulheres era vir até aqui para lavar as roupas. Imagina o perrengue! […]”.
Ponto 3 – Bar do Seu Manoel
O bar do Seu Manuel era o único imóvel com número na época, nº 220. Ali eram deixadas as cartas e contas a pagar da comunidade, e Seu Manoel organizava tudo em uma caixa de sapato, por ordem alfabética, sobre o balcão. Ali na frente, havia um orelhão, um dos primeiros telefones públicos na região, e na loja de Seu Manoel eram vendidas as fichas telefônicas. Nas palavras da historiadora, era “Praticamente uma central de comunicações do bairro! […]”.
Ponto 4 – Dona Nailma
“[…] Aqui é um lugar de homenagem a uma mulher que tem muita história para contar, uma das primeiras moradoras do São Benedito, que teve suma importância nesse bairro, Dona Nailma. […]”.
Ponto 5 – Igreja do São Benedito
Neneca, filha de Dona Maria José de Alves Araújo, uma das construtoras da capela de São Benedito, conta a história dessa igreja e de como a imagem do santo chegou até aqui.
Ponto 6 – Maria Sururu
Maria das Graças dos Santos, popularmente conhecida como Maria Sururu, é marisqueira e junto com o marido construiu sua história no bairro. Os dois continuam ativos na profissão.
Ponto 7 – Farol do São Benedito
Uma plataforma colorida e um banco colorido, construído com tampinhas de garrafa pet, oferecem descanso para quem chega ao ponto mais alto da comunidade. O Farol de São Benedito também é conhecido, entre navegantes, como Farol do Morro Grande. Construído em 1962, é constituído por uma torre 12m de altura e fica a 208m de altitude. Com o alcance luminoso de 20 milhas náuticas (cerca de 34 km), ele já foi um dos importantes sinalizadores do acesso ao canal de Vitória, auxiliando as tripulações rumo ao Porto de Vitória.
Banco Bem
“Você já imaginou o que é articular nove comunidades periféricas que não se entendiam para juntas lutarem por um objetivo em comum? Essa é uma conquista de que o Banco Bem, nosso banco comunitário de São Benedito, se orgulha e constrói até hoje! (…)”.
