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Diversão

Castelo da Barra do Jucu: conheça a história do monumento

Mauro Lima de Rezende construiu o monumento onde vive com a família com as próprias mãos

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Há três décadas, na Barra do Jucu, em Vila Velha, um impressionante castelo com elementos da arquitetura medieval vem sendo construído. A obra chama a atenção com seus imponentes muros de pedra, torres altas, um lago encantador e diversas obras de arte. Por dentro, o castelo abriga salas temáticas, incluindo réplicas de calabouços e até sala de espada e uma outra sala de tortura equipada com uma guilhotina e outros artefatos remanescentes da era medieval. Mauro Lima de Resende, 65 anos, construiu o monumento onde vive com a família com as próprias mãos.

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Mauro nasceu em Ponte Nova, Minas Gerais, e se mudou para Belo Horizonte ainda criança, junto com seus pais. Aos 20 anos, ele decidiu partir em busca de melhores oportunidades de vida. Foi em um trem cargueiro de minério de ferro que ele chegou ao Espírito Santo. “Eu vim sem nada. Vim em busca de um futuro. Eu me lembro que desci do trem em Flexal, Cariacica. De lá, fui para Vila Velha. Eu fui repreendido por militares por dormir na praça, na época era proibido. Então busquei abrigo em um barco de decoração que havia em frente a Igreja do Rosário. Eu dormi lá por um tempo. E buscava trabalhar com tudo que fosse possível”, recorda Mauro.

No Espírito Santo, Mauro trabalhou incansavelmente, constituiu família e teve três filhos. Teve várias ocupações ao longo de sua vida, vendeu churrasquinho, trabalho como borracheiro e garçom, e atualmente atua como motorista. Há três décadas, ele se dedica à construção de um castelo, que ainda está em andamento. Para ele, ainda há alguns acabamentos, reparos e ajustes a serem feitos. O motorista já perdeu a conta dos dias em que sacrificou seu tempo livre, trabalhando até tarde da noite nos fins de semana, colocando a mão na massa e cuidando minuciosamente de cada detalhe do projeto, que se tornou sua missão de vida.

Mauro encontra também muita diversão no seu castelo. Ele mesmo confecciona fantasias que utiliza no carnaval e em eventos, como encontros de motociclistas. Além disso, ele é responsável por toda a criação dos ornamentos e decorações do castelo, utilizando o que os outros consideram sucata e dando-lhes uma utilidade. Dentro do castelo, ele se diverte em salas temáticas e até possui um caixão onde gosta de deitar, inclusive quando está vestido de vampiro. Com seu filho e genro, ele posa como cavalheiros diante do castelo. Assim, os dias se tornam menos monótonos e mais divertidos na Barra do Jucu.

“Eu já fui chamado de ‘doido’ e ‘louco’. Eu não me importo. A vida fica muito mais leve e divertida quando somos nós mesmos. Perde tempo quem se preocupa com a vida do outro. Eu adoro me fantasiar. Também sempre guardava sucata. O lixo das pessoas, virou o meu luxo. Eu sempre via utilidade nas coisas que eram descartadas e fui juntando. Foi assim que fiz a decoração do castelo, que lembra a época medieval. É uma época que não deve ser esquecida. Muitas pessoas foram torturadas, muitas pessoas sofreram. Claro, teve momentos bons, assim como hoje, temos muitas coisas ruins, mas também boas”, pontua Mauro.

Durante a construção do castelo, a preocupação foi além da decoração, tornando a obra sustentável. A água da chuva que cai no segundo andar é armazenada e reaproveitada no primeiro piso. A energia necessária para iluminar as lâmpadas externas à noite é gerada por cataventos. O objetivo é reduzir despesas e minimizar o impacto ambiental. Além disso, o castelo possui uma abordagem de conservação da natureza, com muitas áreas verdes, árvores e plantas. Os cães e gatos desempenham o papel de fiéis protetores de Mauro.

Mauro considera sua obra como sendo inacabada. “Só será concluída quando eu partir. Há muitas coisas para consertar. De tempos em tempos, alguém danifica algo ou há reparos a serem feitos. O castelo nunca foi um sonho, mas eu acredito que é minha missão. A vida me trouxe até este ponto. Eu ainda me divido entre meu trabalho como motorista e os reparos que faço em minha casa. Levei 30 anos para chegar até este ponto e ainda não sinto que tenha finalizado. É um obra que está sempre em movimento”, pontua.

O local desperta a atenção de todos que passam pela Barra do Jucu. Tanto os capixabas quanto os turistas desejam visitar o castelo, explorar suas salas e saciar a curiosidade sobre seu interior. Inicialmente, Mauro não tinha a intenção de abrir o castelo para visitação, mas ele não descarta essa possibilidade. A melhor maneira de acompanhar é através das redes sociais do Castelo da Barra do Jucu, para ficar informado sobre quando as portas estarão abertas para receber os visitantes interessados.