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Rentabilidade real da poupança afunda no negativo com Selic a 2%

Além de ser a base para empréstimos e financiamentos, a taxa básica de juros brasileira também define a rentabilidade de diversos investimentos a ela atrelados

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Poupança; cofre; economia. Foto: Pixabay

Poupança; cofre; economia. Foto: Pixabay

Nesta quarta-feira (5), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a Selic para 2% ao ano, em mais um corte de 0,25 ponto percentual. Além de ser a base para empréstimos e financiamentos, a taxa básica de juros brasileira também define a rentabilidade de diversos investimentos a ela atrelados, como é o caso da poupança.

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Neste cenário, o rendimento com a aplicação mais popular do País ficou ainda pior, afundando-se de vez no território negativo. Isso porque a poupança devolve o valor investido mais 70% da taxa Selic, somado à Taxa de Referência (TR), que está zerada. Com isso, o atual retorno anual é de apenas de 1,40% a.a., sem descontar a inflação.

Para calcular o rendimento real, deve-se subtrair do ganho o IPCA do período. Como a projeção para a inflação em 2020 é de 1,63%, segundo o último Boletim Focus do Banco Central, o investidor perde 0,23 ponto percentual em poder de compra deixando o dinheiro na poupança.

Para exemplificar, quem aplicar, hoje, R$ 100 terá na conta R$ 101,40 daqui a 12 meses. Porém, com o desconto da inflação, o saldo real a valores presentes será de R$ 99,77. Ou ainda: quem coloca R$ 5 mil na caderneta, recebe R$ 5.070 após um ano, mas na verdade está perdendo R$ 11,50 devido ao IPCA.

De acordo com o BC, o saldo da poupança encerrou o mês de julho positivo em R$ 967.721.746 bilhões. Ou seja, quase R$ 1 trilhões que estão investidos têm rentabilidade menor que a inflação.

Vale lembrar que a inflação ainda está bem abaixo do centro da meta de 4%, valor definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2020, com um intervalo de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

Ou seja, se o IPCA subir nos próximos meses, o retorno da aplicação fica ainda mais negativo. “É hora de sair da poupança”, diz Cynthia Trizusi, analista de produtos da Ágora Investimentos.

Cálculo não deve ser alterado

Segundo especialistas, mesmo a poupança apresentando retorno real negativo, seu cálculo não deve ser alterado. Cynthia aponta que o mercado chegou a especular a alteração da conta para 70% da Selic + IPCA, porém a ideia não foi levada adiante. “Não há nenhuma previsão para mudar e tornar a poupança mais vantajosa”, diz a analista da Ágora.

“As prioridades do momento estão em torno da pandemia e das reformas. Então, não há interesse e tempo para mudar a poupança mesmo com o rendimento real negativo”, afirma Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP.

Cynthia pede que os brasileiros que deixam o dinheiro na poupança tomem consciência o quanto antes para não verem seu poder de compra corroído. “O cenário econômico não é favorável e ninguém pode ficar perdendo dinheiro”, afirma a analista da Ágora.

Nesse cenário, Claudia orienta os investidores a procurarem outros investimentos. “Fica como lição que é função do investidor buscar melhores alternativas”, diz.

Estadão Conteúdo