Dinheiro
Produção de chocolate no ES cresce com Páscoa e projeta expansão
Espírito Santo é terceiro maior produtor de cacau do Brasil e aposta em qualidade, agroindústrias e exportações

Reinholz Chocolates. Foto: Reprodução/Instagram
Com a aproximação da Páscoa, o chocolate volta ao centro das atenções nas prateleiras, nas mesas e também na economia capixaba. O Espírito Santo se destaca como o terceiro maior produtor de cacau do Brasil, atrás apenas da Bahia e do Pará, e reforça sua presença no mercado com uma cadeia produtiva que vai do cultivo à exportação de derivados com alto valor agregado.
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Segundo dados da Secretaria da Agricultura (Seag), o Estado produziu mais de 12 mil toneladas de cacau em 2023, o equivalente a 4,1% da produção nacional, gerando um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 185,5 milhões. O cultivo está presente em 50 municípios capixabas, com destaque para Linhares, que concentra mais de dois terços da produção estadual.
Além de impulsionar a economia local, o cacau capixaba tem ganhado espaço no mercado internacional por meio de empresas que investem em qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade. É o caso da Espírito Cacau, sediada em Linhares, uma das principais exportadoras do Estado. A empresa adota o modelo “tree to bar” (da árvore à barra), com foco em práticas sustentáveis e valorização do terroir local.
Segundo o fundador Paulo Gonçalves, o clima tropical, o solo fértil e a tradição agrícola da região norte favorecem a produção de um cacau diferenciado. “O Espírito Santo vem se destacando ao unir matéria-prima de qualidade com tecnologia, sem perder suas raízes. Isso permite criar chocolates com sabor autêntico, que agradam a diferentes paladares”, afirma.
Vendas aumentam até 40% no período da Páscoa
A temporada da Páscoa é também o momento de maior faturamento para as agroindústrias locais que produzem chocolate. Em Santa Teresa, a marca Capitão Redighieri chega a registrar aumento de até 40% nas vendas, segundo Marcos Birchler Redighieri, responsável pela produção. “Essa época é a melhor do ano para a gente”, resume.
A busca por produtos personalizados, com sabores mais intensos e ingredientes nobres, também tem crescido. Em Colatina, a Reinholz Chocolates, comandada por Fabiani Reinholz, percebeu uma demanda maior por chocolates com pistache, castanha e versões sem açúcar. Além da produção artesanal, a marca aposta no agroturismo, com visitas guiadas que mostram o processo desde o cultivo até a fabricação das barras.
Diversificação e protagonismo da agricultura familiar
Além dos grandes nomes, o setor é movimentado por pequenos e médios produtores. No Espírito Santo, quase 70% dos 2.806 estabelecimentos produtores de chocolate são de agricultura familiar. Esse modelo tem impulsionado o desenvolvimento regional, gerando emprego, renda e oportunidades no campo.
Apostando na valorização de ingredientes locais, marcas como Capitão Redighieri têm criado chocolates com jabuticaba, pimenta-rosa, café conilon e castanha de sapucaia. A diversidade da agropecuária capixaba se traduz em sabores únicos e fortalece a identidade do produto no mercado.
Espírito Santo amplia exportações e mira crescimento
No comércio exterior, o Espírito Santo é o quarto maior exportador nacional de derivados de cacau. Em 2025, até fevereiro, o Estado aumentou em 5,9% o valor das exportações, totalizando US$ 2,9 milhões, apesar de uma queda de 13,9% no volume embarcado. O dado reforça a tendência de valorização de produtos com maior qualidade e valor agregado.
A produtividade também avança. Com 778 quilos por hectare em 2023, o Estado apresentou um crescimento de 19,7% nos últimos quatro anos, a maior alta entre os principais produtores brasileiros. A meta do governo, por meio do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (PEDEAG 4), é ainda mais ousada: atingir 20 mil toneladas de cacau até 2032, o que representaria um salto de mais de 70% em relação aos números de 2022.
Enquanto os consumidores aproveitam a época para presentear com chocolate, o setor capixaba mostra força e potencial. Mais do que um doce típico da Páscoa, o chocolate produzido no Espírito Santo representa tecnologia, tradição e uma cadeia produtiva em expansão, que movimenta a economia e leva o sabor do cacau capixaba para além das fronteiras.
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