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GSI quer taxar usuários de internet para bancar órgão de cibersegurança
Inspirada em um modelo de uma agência reguladora, a agência teria cerca de 800 servidores em cinco anos

Agência seria uma autarquia como o BC. Foto: Freepik
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) desenvolveu uma proposta de Política Nacional de Segurança Cibernética, que inclui a criação de uma agência para melhorar a governança nessa área. Para financiar o projeto, com um custo anual de cerca de R$ 600 milhões quando totalmente implementado, o GSI propõe a cobrança de uma taxa pelo uso da internet pelos usuários. A informação é da Folha de São Paulo.
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A proposta já foi apresentada aos ministérios da Justiça, Fazenda, Planejamento, Ciência e Tecnologia, e de Gestão. Agora, passará pela análise jurídica da Casa Civil e, posteriormente, pelo presidente Lula (PT). Por ser uma política nacional, a proposta precisará ser aprovada pelo Congresso através de um projeto de lei, e há um prazo de um ano para a instalação da agência após a entrada em vigor da nova regra.
De acordo com o projeto, a taxa de cibersegurança, chamada de TCiber, corresponderia a 1,5% do valor pago pelos internautas pelo acesso à internet, seguindo um conceito semelhante à taxa de iluminação pública cobrada na conta de luz. Segundo os cálculos do GSI, para um usuário que gasta R$ 70 por mês com internet, a taxa seria de R$ 1,05.
O GSI argumenta que esse percentual corresponde à soma do que já é arrecadado com o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) – 1% – e com o Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) – 0,5%. No entanto, nesse novo formato, não está prevista a criação de um fundo.
Estima-se que a cobrança da taxa renderia cerca de R$ 581,9 milhões por ano aos cofres públicos, levando em consideração que o Brasil possui atualmente 157,7 milhões de usuários de internet que gastam, em média, R$ 25 por mês com o serviço.
Além da taxa de acesso à internet, a proposta inclui uma cobrança de 10% sobre o registro de domínios de sites no momento de renovação, com um custo médio anual de R$ 35. Essa cobrança adicional teria como objetivo ajudar a financiar o funcionamento da agência.
Ambas as cobranças não distinguiriam entre pessoas físicas e jurídicas. O GSI reconhece a possibilidade de o Congresso debater diferentes aspectos e mecanismos para essas taxas, e há a preocupação de perder o apoio de entidades como a Fiesp.
No entanto, o GSI acredita que a cobrança proposta é relativamente baixa em comparação com a importância do serviço oferecido aos usuários da internet.
Apesar da medida ser impopular, os membros do GSI relatam uma recepção positiva do projeto entre os parlamentares. Audiências já foram realizadas no Senado Federal e em uma audiência pública para discutir o tema.
Segundo o brigadeiro Luiz Fernando Moraes da Silva, secretário de Segurança da Informação e Cibernética do GSI, “ninguém em sã consciência pode ser contra a cibersegurança, contra uma iniciativa que visa fornecer segurança no ambiente digital para todos os cidadãos e empresas”. No entanto, ele ressalta que a resistência está relacionada à criação de uma estrutura com cargos sem a definição de fontes de arrecadação. O Congresso espera uma fórmula clara e recursos especificados antes de aprovar a medida.
Os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) também não mostraram resistência ao tema, de acordo com relatos do governo. A equipe econômica ressaltou a importância de identificar uma fonte de receita para sustentar o projeto.
A verba arrecadada junto a cidadãos e empresas será destinada a financiar os custos estimados em R$ 594,1 milhões da agência quando estiver completamente estabelecida, no seu quinto ano de existência. O orçamento será direcionado para despesas com pessoal e custeio.
